quarta-feira, 5 de agosto de 2015

((ASA)) - "Closer" - Review


Artista - ((ASA))
Álbum - Closer
Crítica - 9 / 10 (nove em dez)

((ASA)), projecto nacional que reúne o melhor de duas cidades, de Lisboa, David Francisco, produtor e músico, dos When The Angels Breathe, ex-membro dos Uni_Form e do Porto Melissa Veras (voz, ex- :papercutz, projecto que já mereceu destaque prévio no ouvido alternativo e com os quais gravou os seus dois LP's Lylac e The Blur Between Us. Formados em 2014, a sua sonoridade remete-nos para a dream pop, que neste caso concreto se apresenta recheada de electrónica e pincelada com a voz inesquecível de Melissa. As maiores influências são: The Cure, Tori Amos, Explosions in the Sky e Björk. Após a gravação de alguns singles, o primeiro LP, Closer foi lançado digitalmente em Abril deste ano e encontra-se disponível para escuta na plataforma bandcamp
Closer, foi produzido por Ricardo Fonseca e editado sob o selo da editora independente Raging Planet (Capitão Fantasma, Riding Pânico, Murdering Tripping Blues, etc.). Composto por doze canções que nos conduzem num sonho de ambientes etéreos. O disco inicia-se com "Spirits" e imediatamente só nos apetece abrir a janela, tal e qual Javier Bardem em "Mar Adentro",e voar como se tivéssemos ASA(s), sem nos apercebermos já entramos numa viagem sem destino, onde o único objectivo é desfrutar dos ambientes sonoros criados pela voz ora penetrante ora suave de Melissa e pela electrónica melodiosa e mágica de David. Closer é como se fosse um bilhete de ida sem volta. Seguem-se "Aurora" (um dos singles) e "Lights" que abrem o caminho certo para um  dos momentos mais brilhantes do disco "Hidden in the Forest", música em que a voz de Melissa revela uma profundidade e intensidade que ainda não tínhamos escutado. "Open Wings", transporta-nos para um ambiente mais obscuro, ao passo que "Nurse" nos envolve em sonoridades de influência árabe. "Crow" antecipa outro dos momentos altos do disco "For Her", música absolutamente deliciosa, e de repente apercebemo-nos que já não conseguimos evitar o encantamento que sentimos. "Skies" mantém-nos bem longe da terra e próximos do céu, o instrumental de "Happiness", precede a única incursão em português da banda, que nos chega com a belíssima "Voa", que é precisamente o que temos feito durante todo o disco. O debut dos ((ASA)), é fechado com chave de ouro, ao som de "Fox/Wolf", mais de oito minutos de puro deleite, onde ficamos com a sensação iminente da proximidade de algo que definimos como um misto de êxtase/perigo, ao som de uma electrónica minimalista e de uma voz que por vezes nos soa a uma dicotomia entre angelical e diabólica.
A estreia dos portugueses ((ASA)) deixa-nos entusiasmados em relação ao seu futuro, Closer assume-se como um disco de dream-pop que cria através da electrónica e de guitarras dilacerantes um ambiente que nos transporta numa viagem pelos recantos mais belos do universo. É um disco perfeito? Não, mas também não é a perfeição que nos cativa. Ainda falta muito para o fim de 2015, mas assume-se como um dos melhores discos de estreia do ano e sem dúvida, até ao momento, um dos melhores álbuns nacionais que ouvimos este ano.




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