quarta-feira, 7 de junho de 2017

Conversas d'Ouvido com Rui Taipa



Entrevista com o cantor e compositor Rui Taipa. Músico proveniente de Freamunde com influências que vão desde o folk, ao funk, passando pelo rock alternativo. Em 2014 lançou o seu primeiro EP, Meia Dúzia de Histórias. Depois de alguns anos de carreira a solo, Rui Taipa, reuniu-se de um conjunto de amigos que simultaneamente são grandes músicos, para se aventurar em formato banda. Prepara-se para editar este ano o novo disco, Berro. O primeiro single, "Nada" já está disponível para escuta, porém antes de o ouvirem, têm que conhecer melhor o músico, em mais uma edição das Conversas d'Ouvido"...

Como surgiu a paixão pela música?
Rui Taipa: Desde sempre que estou rodeado de arte. Os meus avós no teatro amador, tios músicos, a minha mãe a dar aulas (comigo na barriga) na Escola Infantil de Música. Claro que se artes não fossem a minha cena eu tinha a liberdade de seguir outra coisa qualquer, mas sempre foi a minha paixão. O lado da composição surgiu com o tempo, tinha eu uns 15/16 anos. 

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Gostava de conseguir descrever, ponto. (risos)
Não consigo. Sou influenciado por muita coisa e também, até agora, nunca me preocupei em seguir uma linha coerente. No "Meia Dúzia de Histórias" já se nota alguma versatilidade, embora os temas sigam todos o estilo de canção, uns mais, outros menos. Agora com o "Berro" é mesmo evidente a versatilidade. E isso é tudo fruto do meu caminho até aqui com 12 anos num grupo de música tradicional Portuguesa, há 7 como vocalista de uma banda jazz no formato Big Band; entretanto ter começado a frequentar jam sessions fez com que eu descobrisse o funk enquanto instrumentista, pois como ouvinte já era um apaixonado. Deixo-vos a vocês a pergunta: como descrevem o meu estilo musical?

Este ano, irás editar o disco “Berro”, já podes antecipar alguma coisa sobre o que podemos esperar?
Posso antecipar que está completamente diferente daquilo que já apresentei e também por isso é que demorou tanto tempo a concretizar-se. A produção deste disco apanhou uma fase pessoal da minha parte em que andava à procura da minha identidade sonora, algo que dissesse às pessoas que era eu que estava ali, mesmo antes de abrir a boca. A piada nisso é que é uma procura um pouco utópica e ainda bem. O homem sem sonhos não vale nadinha. Podem contar com distorções e reverbs. Muitos reverbs.

Apresenta-nos os músicos que te acompanham nesta nova jornada?
Então, é o meu bro Nuno Machado na guitarra e nos pedais freaks (risos) (se ainda não ouviram o projecto que ele tem com o irmão, Hugo Machado, têm de o fazer. The Black Zebra, incrível). 
No baixo o grande Ricardo Fidalgo que, de inúmeros projectos que este homem tem, vou destacar The Acoustic Foundation e a editora Palace Records.
Na bateria o mais novo do grupo, meu maninho Gonçalo Salta. [Decorem este nome!] Também integra The Acoustic Foundation, entre outros projectos.
Nos teclados, aquele que do grupo conheço há mais tempo pois já teve uma banda com um tio meu, há muitos anos: Ricardo Sousa. De momento o Ricardo, também trabalha com Eden Lewis II, vencedor do último "Termómetro". (outra máquina para estarem atentos). 
Depois na secção de sopros temos o Milton Guedes no sax tenor que está também com The Acoustic FoundationHugo Marinheiro no sax barítono que conheci por ser meu maestro na Big Band de Freamunde e está também com vários projectos também, como Marta Ren & The Groovelvets.
No trombone temos o Daniel Dias que também conheci através das vidas de Big Band, desta vez com a Oporto Big Band num tributo a Frank Sinatra que tive o maior prazer em colaborar. Por fim, nos solos em dois temas está o Gileno Santana no fliscorne, também ele com um currículo que fala por si.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Adoro cinema. Todos as noites vejo um filme. Muitas vezes, filmes que já vi. 

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico? 
A vantagem é que não te queixas quando a 2.ª Feira chega (risos). A desvantagem acho que passa pela falta de apoios no nosso país. E também por as pessoas no geral não entenderem que ser músico pode ser uma profissão séria, além de um hobby.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Jorge Palma, Sérgio Godinho, Pink Floyd, Bob Dylan, Ornatos, Buckley, Dave Matthews, Zeca, ...

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Vinil. Imbatível.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música? 
A matar não está porque as pessoas têm acesso direto à música, logo, a música está cada vez mais viva nesse sentido. A salvar... oh pá eu gostava por um lado que se voltasse a viver os dias das pessoas irem à loja comprar o disco porque de outra forma (além do rádio) não podiam ouvir. Não cheguei a viver essa época e acho que existe uma pureza ligada ao consumo de música que faz falta. Hoje em dia é tudo muito imediato e isso nem sempre é bom. Não consigo responder melhor desculpem. Num debate de 3 horas talvez não chegássemos a nenhuma conclusão.

Qual o disco da tua vida?
Hey, isso não se faz. (risos) Ok. Acordei demasiadas vezes com a "Shine On You Crazy Diamond" no gira discos do meu pai para não responder, imediatamente, Pink Floyd - Wish You Were Here. Mas tenho de mencionar o Grace do Jeff Buckley e o OK Computer dos Radiohead como obras primas, obviamente.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
The Art of Slowing Down” do Slow J

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Tenho ouvido muito bossa nova. A minha mais recente descoberta foi Jordan Rakei, uma cena soul meio alternativa com travo de R&B. Muito fixe.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Assim de repente... talvez num concerto de um projecto que tenho de versões em que recentemente, a meio, começam a rebentar foguetes mesmo ao lado do bar porque estava a haver lá uma festa, então eu tive de transformar aquilo em algo engraçado e tornar parte do espectáculo. Foi giro.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Jorge Palma ou Dave Matthews.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Jorge Palma ou Dave Matthews (risos)

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Todos.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Dave Matthews and Tim Reynolds no Coliseu do Porto. 3h15 de concerto. 4 encores. Uma coisa abismal. Deixou-me com a lágrima no olho pelo menos duas vezes. 

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Radiohead e Benjamin Clementine.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Queen no Wembley em 86 ou Led Zeppelin no Royal Albert Hall em 1970.

Qual o teu guilty pleasure musical?
Não gosto desse termo. Cada um tem o direito e o dever de se sentir bem por ouvir o tipo de música que quiser, sem ter de ser "julgado" por isso. Sorry. 

Projectos para o futuro?
Tenho uma ideia para uma peça de teatro mas nunca cheguei a começar. Obrigado pela dica. (risos)

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Qual o livro da tua vida?
O Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Funeral? Vai ser uma festa! Por favor, se é pra me homenagearam, que seja uma festa. Pode ser a "Make Your Own Kind Of Music" da Cass Elliot. 😇

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Terminamos com o mais recente single de Rui Taipa, "Nada"...

Sem comentários:

Enviar um comentário