domingo, 12 de novembro de 2017

Conversas d'Ouvido com Wattafog

Entrevista com os Wattafog, projecto musical que nasceu do encontro de um italiano e de uma irlandesa em Lisboa, pela voz de Francesco "Foggy" Pintaudi. Os Wattafog são um trio de indie rock, com um toque de electrónica, composto por: Daniele Pistone (baixo, voz), Amanda Naughton (voz, guitarra e percussão) e Francesco Pintaudi (guitarra, voz e bateria). Estrearam-se este ano com o EP Dramatic Harmony, o que faz deste o momento ideal para os conhecermos melhor em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Foggy: A paixão pela música surgiu quando era menino, tínhamos em casa um teclado "Casio" estilo anos '80 e fiquei curioso.

Itália, Irlanda e Portugal estão juntos neste vosso projecto, no entanto estamos confusos, expliquem-nos como tudo começou?
Comecei a escrever algumas destas músicas sozinho quando morava em Berlim, depois prossegui no Algarve e acabei o trabalho em Lisboa. Depois de ter muitas gravações decidi criar uma banda verdadeira usando uma bateria eletrónica e alguns instrumentos em cima, para juntar uma espécie de Dj set com uma banda clássica. Conheci Amanda Naughton, que se juntou ao projecto, e começamos a trabalhar e gravar as vozes, e depois juntamos ao projecto Daniele Pistone no baixo. Acabamos por ser uma banda de estrangeiros com base na linda Lisboa.

Como surgiu o nome Wattafog?
O nome é a mistura da palavra "Fog", porque "Foggy" há muitos anos que ficou a ser o meu "silly nickname", e "what the fuck?!". A idea era simplesmente criar uma palavra nova.
Wattafog - "Dramatic Harmony"
Editaram recentemente o EP de estreia “Dramatic Harmony”, para quem ainda não ouviu oque podemos esperar?
Podem esperar um EP fresco, com várias contaminações, groove de baixo, drum machine e canções entre o pop e o rock. Dá para dançar, ficar com saudades, ficar alegre, etc.

Como gostas de descrever o vosso estilo musical?
É sempre difícil dizer. A nossa música nasceu de uma viagem real, mas também interior, pela Itália, Alemanha e Portugal. As músicas surgiram de maneira extremamente natural, deixei-me influenciar pelo que estava a viver e sobretudo, pelo que estava a ouvir nas várias alturas.
Saiu um rock eletrónico com influências funky, algo experimental, com a característica singular das letras em 3 línguas diferentes.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Sim, com certeza. Mas neste momento não consigo pensar em nada que não esteja ligado com a música :)

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A vida dos músicos, na minha opinião, vai ser sempre divertida mas difícil, no sentido que nunca será fácil viver só da música. Quem escolhe este estilo de vida tem a vantagem de fazer o que realmente gosta, e a desvantagem de não ter certezas económicas.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Neste projecto a principal influência foram os Gorillaz, mas também bandas como: LCD Soundsystem, The Cure, Piano Magic, Moby...

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Preferiria ouvir música em vinil, usar chinelos e fazer festinhas ao meu cãozinho no sofá, mas infelizmente não tenho gira-discos nem cãozinho. Tenho que ouvir em leitor mp3. (risos)

Qual o disco da tua vida?
Com certeza "The Velvet Underground & Nico". Mudou a minha vida e a minha visão da música.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Fiquei maravilhado com "Film of Life" do Tony Allen, um disco de 2014, que me acompanhou um verão no Algarve. Muito bom som e músicos, e a colaboração com Damon Albarn. Ou também o último álbum dos Slowdive.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Descobri recentemente Bruno Pernadas, que gostei muito, e também muita música funky dos anos '70 e '80.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Lembro-me de um concerto no sul de Itália com uma banda na qual tocava na altura. Durante o concerto, um casal estava a fazer amor numa sala ao lado e tocou no interruptor, desligando toda a eletricidade do bar, e nós ficamos no escuro durante 20 minutos até alguém perceber o problema.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Sonhando acordado, gostaria da voz do Joe Strummer numa música nossa. Voltando à realidade, gostaria de uma colaboração com Vincent Gallo, para fazer um álbum bem experimental.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Talvez New Order, é demais?

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Gostaria de conseguir um dia voltar a tocar em palcos na Itália e viajar outra vez pelo país inteiro com esta nova banda. Seria um grande prazer para mim.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
The Cure, em Taormina (Sicília), 20 Agosto 2005.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
David Bowie, com certeza. Nunca tive essa oportunidade na vida.

Tens algum guilty pleasure musical?
Pergunta difícil. "La Mosca Tsé-Tsé" – “Para no Verte Mas", gostei desta canção logo que saiu, e faz-me sentir de bom humor, mas é difícil admitir. (risos)

Projectos para o futuro?
Para um futuro próximo, continuar a tocar ao vivo, esperando conseguir dar uma volta por Portugal a promover o Ep "Dramatic Harmony".
Editamos há pouco tempo e sobretudo, este é o primeiro Ep duma banda totalmente nova, estamos a começar a tocar ao vivo, especialmente em Lisboa, e temos um bom feedback do público. Com certeza que iremos para a frente com novos concertos para promover o Ep e continuaremos a gravar música. Temos já material para um próximo álbum.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
O que achas do público que vai aos concertos para ficar o tempo todo a filmar e tirar fotografias à tua frente?
Acho que, depois de 5 minutos, os telemóveis deviam entrar em combustão espontânea.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
A primeira que me vem à cabeça é Nick Cave - "We No Who U R", tem uma atmosfera mágica.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Gostaria que deixassem tocar o álbum "Anima Latina" do Lucio Battisti, cantor italiano ao qual mais aficionado estou. Aconselho todos a ouvir este disco.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Ficamos agora ao som de Dramatic Harmony, EP de estreia dos Wattafog, que se encontra disponível para escuta através da plataforma Bandcamp.

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