quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Conversas d'Ouvido com Amphères

Entrevista com a banda brasileira de indie rock Amphères. Trio formado em Santos, decorria o ano de 2016 e composto por Jota Amaral (bateria, voz), Paula Martins (baixo, voz) e Thiago Santos (guitarra, voz). Nesse mesmo ano editaram o EP homónimo de estreia, mais recentemente lançaram o segundo EP "Dança", que serviu de mote para esta descontraída conversa. Não nos ficamos por aí e falamos de outras paixões, projectos futuros, discos de uma vida e descobrimos ainda uma história interessante passada em Portugal, curiosos? Não podem perder mais esta edição das "Conversas d'Ouvido"...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Paula Martins (P): No ventre de minha mãe eu acho, ela fez várias experiências.

Como surgiu o nome Amphères?
P: O nome vem de uma lei da física, da relação entre corrente elétrica e campo magnético, mas com umas derivações.

Como é que vocês se conheceram?
P: Foi em 2012, depois de eu ter ido tocar com uma banda de surf-music no estúdio do Jota (o Lobo), a gente trocou ideia ao percerber a afinidade em comum por Pixies. Ele já conhecia o Thiago e junto com outro amigo na guitarra e vocal tocamos juntos até 2016 no Sismic Amps. Ao nos tornarmos um trio, montamos o Amphères e seguimos em outra direção na sonoridade.

Amphères - "Dança"
Editaram recentemente o segundo EP “Dança”, para quem ainda não o ouviu o que podemos esperar?
P: Um som que carrega influências músicas de diversas gerações, mas que buscamos soar contemporâneo e principalmente, sincero. As letras, na sua maioria, são curtas e os significados são desenvolvidos no instrumental, por meio de texturas e mudanças de dinâmica e se completam na capa do EP, feita pela artista Anna Brandão. A referência estética foi a obra do pintor Matisse, particularmente a Dança e o Ícaro, que inspirou também a última música do EP, "Wax".

Como gostas de descrever o vosso estilo musical?
P: Cada dia é mais difícil para mim fazer isso.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
P: Artes plásticas de forma geral, mas como contempladora e culinária, aí sim como praticante.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
P: Nesse momento, só consigo enxergar a desvantagem de carregar peso, meu baixo tá me matando (risos)

Quais as tuas maiores influências musicais?
P: Sempre ouvi muito Slowdive, Pixies, Sonic Youth, Radiohead, PJ Harvey, Siouxsie, mas recentemente, há uns dois anos, tenho mudado o canal ao descobrir o que está rolando na música brasileira alternativa. Daí, as influências têm sido, mais no desejo de uma estética nova do que no som propiamente dito, Ema Stoned, Jennifer Lo-Fi, Hierofante Púrpura, Ventre, Lupe de Lupe, Bike, entre muitas.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
P: Ainda guardo meus vinis, mas streaming facilita tudo pra mim.

Qual o disco da tua vida?
P: "Last Splash", The Breeders

Qual o último disco que te deixou maravilhada?
P: Foi hoje mesmo, acabei de ficar maravilhada com o album "É", da Duda Brack, é de 2015, mas acabei de conhecer.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
P: Posada e o Clã anda em loop por aqui. Tô surtando com os baixos do Noguchi e as guitarras do Gabriel nesse trabalho, que eu já adorava na Ventre, mas o Carlos Posada foi a descoberta mais recente que me fez a cabeça! E levou ao album acima "É", onde tem uma composição dele e as guitarras incríveis do Ventura também. Antes disso, estava ouvindo muito o trabalho da Luiza Lian com o Charles Tixier, "Oyá Tempo", muito bom.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
P: Não consigo lembrar de nenhuma, mas certamente já devo feito alguma coisa que nem sei...

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
P: Difícil responder, conheci muita gente que eu admiro por aqui, certamente esse pessoal que eu citei acima, mas também adoro as guitarras da banda Miêta, seria muito cool.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
P: Breeders!!!

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
P: Primavera seria um sonho.
Thiago Santos (T): Já que CGBG virou loja de sapatos, quem sabe algum dia no Sabotage no Cais do Sodré.

Qual o melhor concerto a que já assististiram?
P: Teria sido Radiohead, se eu tivesse enxergado alguma coisa no palco e as pessoas no público não estivessem conversando 100% do tempo, então acho que foi The Cure (esse de mais de 3h!), em São Paulo.
T: Os shows do Roger Waters foram experiências quase transcendentais, mas lembro muito do Muse logo após a reabertura da Praça de Touros em Lisboa, lá pra 2007, como algo impressionante. Eles ainda estavam muito muito bons naquele momento.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
P: My Bloody Valentine

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
P: Siouxsie & the Banshees, com Robert Smith na guitarra, no Royal Albert Hall em Londres, quando foi gravado o "Nocturne" (1983).

Tens algum guilty pleasure musical?
P: Não, não.

Projectos para o futuro?
P: Queremos tocar o máximo possível encontrando quem se conecte com o trabalho, mas gravar músicas novas está sempre no horizonte e planos também.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
T: Poderia ser "Que conjunto alternativo de Portugal gostarias de tocar?". Quando eu morei em Lisboa lá pra 2007, acabei ouvindo um grupo chamado eRRo!, que tinha uma canção chamada "Uma Senhora", que lembrava muito Sonic Youth, mas com uma letra muito boa e cómica ao mesmo tempo... Acabei até gravando uma versão tropicalizada dela, enviei pra eles e tudo, mas nunca consegui falar com ninguém do grupo. Recentemente, passados mais de dez anos, eles postaram um vídeo no Youtube com essa versão tropicalizada, foi bem legal saber que no fundo não estava esquecida em um e-mail qualquer. (risos)

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
P: Queria ter feito a linha de baixo como a de "Biggy" do Warpaint, é tão linda!

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Para o fim guardados o melhor, a música dos Amphères e do seu mais recente EP, "Dança", que se encontra disponível para escuta e download através da plataforma Bandcamp.

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