sábado, 21 de abril de 2018

Conversas d'Ouvido com Angélica Duarte

Entrevista com Angélica Duarte, cantora e compositora paulista, radicada no Rio de Janeiro, mas com raízes portuguesas. A sua sonoridade estabelece uma ponte entre a música erudita e a MPB (música popular brasileira). Após uma década dedicada à música clássica, tendo participado em recitais e óperas, começou a envolver-se no jazz e acabou mergulhando na música popular. Actualmente encontra-se em digressão com um espectáculo íntimo e pessoal que percorre a obra de Caetano Veloso. Prepara-se ainda para editar um EP e deseja um dia estrear-se ao vivo em Portugal. Enquanto aguardamos por esse dia, "viajamos" nós até ao Brasil para conhecer melhor Angélica Duarte nesta edição das "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Angélica Duarte: Sempre amei, sempre criei coisas, inventei histórias e melodias, não consigo saber o momento do surgimento da paixão, porém tenho memórias. Chegava da escola e gravava umas músicas numas fitinhas K7 enquanto minha mãe cozinhava. Imitava sons, inventava línguas. Sempre cantei.

Como se processou a transição do jazz e da música erudita, para a MPB, foi algo natural?
Acredito que todas essas vertentes estão entrelaçadas, não gosto muito de distinguir os estilos musicais, mas é preciso que a gente faça isso para nos relacionarmos com certos nichos. É claro que o universo da música erudita é mais restrito, e subentende-se que quem está nele se dedica mais, mas não é bem assim. Tudo o que vivemos está presente na música que fazemos, a minha esperiência com a música erudita foi fundamental para o desenvolvimento da minha técnica, porém o estilo de música que mais ouvi e mais gostei foi a canção, seja ela rock, jazz, barroca ou brasileira.

Em que ponto é que a obra de Caetano Veloso, se cruza com a tua própria vida?
Aprendi a cantar com professores mas também com muitos intérpretes que sempre escutei. Quando criança, meus pais compraram um aparelho de DVD, e com ele ganhamos o show “Prenda Minha” do Caetano e eu assistia muito, gostava muito. 
A música do Caetano é muito rica, pois além de ele ser um excelente melodista suas letras são verdadeiras reflexões sobre a vida. Me identifico com seu modo de pensar, acredito que poderíamos ser bons amigos, não sei. Coisa de fã mesmo. 

Conheces alguma coisa da música portuguesa?
Conheço! Por acaso meus avós são portugueses e tenho até cidadania (porém ainda não conheço Portugal). Adoro a cantora Mísia, gosto também da Mariza, da Carminho e de ouvir as gravações da Amália Rodrigues bem alto quando estou afim de sofrer. Um dos meus discos preferidos é o “Ainda” do grupo Madredeus, trilha do filme "Lisbon Story" do Wim Wenders.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Não gosto.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Amo cozinhar e comer, experimentar pratos novos. Meu sonho é viajar bastante cantando e experimentando as comidas dos lugares.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem é fazer o que amo e conhecer outros loucos no caminho que se permitem sonhar e criar. A maior desvantagem é lidar com o desrespeito alheio e com a instabilidade financeira. 

Quais as tuas maiores influências musicais?
O rock alternativo dos anos 90, a música barroca italiana do séc XVII, a música popular brasileira dos anos 70 e a música de câmara do séc XX.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Atualmente ouço por streaming no computador ou mp3 no iPod. Gosto de CD mas não tenho onde tocar.

Qual o disco da tua vida?
Não consigo citar apenas um disco, prefiro não citar nenhum.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
"Monolito" de Pedro Ivo Frota.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Tenho escutado muito o disco "Rueira" da sambista carioca Marina Iris. Nesta semana fui a um show do PianOrquestra com participação da cantora Tulipa Ruiz e gostei muito.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Não consigo lembrar de nenhuma situação embaraçosa.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Caetano Veloso!!! 

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Caetano, sempre!

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Todos! Quero cantar em todos os palcos, inclusive em Portugal, terra que sonho em conhecer, para ver se entendo um pouco mais sobre quem sou.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Maria Bethânia.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Chico Buarque.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Qualquer show do Queen.

Tens algum guilty pleasure musical?
Escuto o "Relationship of Command" do At the Drive-In para fazer faxina.

Projectos para o futuro?
Lançar minha releitura da obra do Caetano Veloso, investir nas minhas composições e viajar cantando, tocando, conhecendo músicos, músicas e comidas diferentes.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Você gostaria de ganhar um pacote vitalício de spa? Sim

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
"Nature Boy" (Eden Ahbez)

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Espero nunca ter um funeral. 

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro, cumprimentos Ouvido Alternativo.
Obrigada a vocês e parabéns pelo trabalho :)

Agora, apresentamos o single "Samba e Amor", com a participação de Pedro Franco, a partir de um original de Chico Buarque.

1 comentário:

  1. Parabens pela entrevista e pela voz linda que voce tem. Depois de Caetano e Bethania voce, ainda, menciona Queen. Maravilha! Menina, you can't go wrong with them. God bless!

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