segunda-feira, 30 de abril de 2018

Conversas d'Ouvido com Two Places at Once


Entrevista com a banda brasileira de rock alternativo Two Places at Once, pela voz do guitarrista e vocalista Renan Rocha. O quarteto carioca conta ainda com Rodrigo Soares (guitarra), Victor Barbosa (bateria) e o chileno Juan Salinas (baixo). Formados em 2013, lançaram o primeiro EP no ano seguinte, em 2016  surgiu o disco de estreia, actualmente encontram-se num processo de reinvenção que culminará com a edição de um futuro álbum no próximo ano. Voltamos assim a atravessar o Atlântico para conhecemos melhor os Two Places at Once, em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"...


Como surgiu a paixão pela música?
Renan Rocha: Bom, eu cresci dizendo para os meus pais que meu sonho era ser jogador de futebol. Amava futebol!
Daí um dia meu pai viu que eu tava olhando demais pra um violão que ficava encostado na sala dele, e resolveu me ensinar alguns acordes. Daí pra frente eu comecei a ouvir música por conta própria, comecei a me interessar muito pelas bandas que meus pais ouviam em casa, comprei um violão e aprendi realmente a tocar. Isso aconteceu quando eu tinha lá pelos meus 13, 14 anos. Quando eu fiz 15 anos resolvi comprar minha primeira guitarra e ter uma banda. E então eu “larguei” meu sonho de futebol e me voltei 100% pra música.

Como surgiu o nome Two Places At Once?
De uma forma até meio despretensiosa. Eu fui gravar umas demos no estúdio do Victor, nosso baterista, até então tínhamos só uma ideia de criar um projeto e uma dessas musicas se chamava Two Places at Once. O Victor me ligou uns dias depois dizendo “Esse tem que ser o nome da banda”. A gente nem pensou em significado nem nada, só achamos bonito e resolvemos deixar assim. A tal música por acaso acabou virando a “Interlude” do nosso álbum “Birdtraps”.

Segundo sabemos planeiam a edição de um novo disco no próximo ano que irá marcar uma certa reinvenção na banda, já podem levantar um pouco o véu sobre o que podemos esperar dessa mudança?
Bom, nós mesmos ainda estamos descobrindo essa forma. A única coisa que não queremos é fazer música do jeito que a gente tá acostumado. Estamos querendo explorar timbres, formas e “texturas” diferentes, então isso já é bem diferente do que o formato do nosso disco. Não que ele seja básico, mas eu considero que a gente evoluiu musicalmente muito mais do nosso disco pra cá do que do nosso EP para o disco.

Conheces alguma coisa da música portuguesa?
Ainda não! Mas a gente tá sempre aberto, ainda mais hoje que estamos ouvindo muita coisa que não nos imaginaríamos ouvindo tempos atrás. Se tiverem uma boa indicação, queremos saber!

Como gostas de descrever o vosso estilo musical?
Sendo muito sincero, talvez seja uma pergunta que todo músico ou banda tem dificuldade pra responder. Mas em relação ao que a Two Places já lançou, eu acredito que a gente está num estilo parecido com o que tínhamos de Rock nos anos 90, um pouco de Rock britânico dessa época como Oasis e Radiohead e algumas influências do Rock alternativo de 2000 de Muse, Placebo e por aí vai.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Eu particularmente, tenho uma paixão muito grande por Cinema. Já escrevi e gravei um curta metragem muito legal recheado de amigos. Tenho vontade ainda de um dia dedicar mais meu tempo pra essa área.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Vantagem eu acho que é colocar pra fora o que a gente sente de uma forma que você se sinta bem, seja criando, tocando, etc e ainda poder fazer disso um sentimento bom pra quem está vendo ou ouvindo. De desvantagem, acho que isso é algo pros meus vizinhos responderem. (risos) 
Quais as vossas maiores influências musicais?
Acho que a gente tá sempre em transformação e hoje nós temos uma variedade gigante de artistas que gostamos e que nos influenciam. Mas acredito que a única banda que sempre foi e sempre vai ser uma grande influência (ao menos nas composições) é Radiohead.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Streaming!

Qual o disco da tua vida?
Difícil. Mas talvez o que eu mais tenha escutado e tenho uma paixão imensurável é o “In Rainbows” do Radiohead (de novo eles).

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Com certeza “Brighter Wounds”, do Son Lux.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Tenho escutado desde o início do ano o "Brighter Wounds", que citei do Son Lux. Eles com certeza foram a minha grande descoberta musical no último ano e tem sido uma grande influência agora. Quem também foi uma grande descoberta foi o Benjamin Clementine.
Mas também tem uma penca de coisa legal que tenho escutado: Rubel, RANN, Laurel, Rafiq Bhatia, Diiv, Sufjan Stevens, saudade, Kanye West, Joey Bada$$, Lorde...

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Tem uma história engraçada que aconteceu num show. A gente entrou no palco num evento aberto e o locutor do evento pegou o microfone pra chamar a galera e falou algo do tipo “Venham ver a banda Two Play tocando o melhor dos sucessos nacionais”. E aí a gente se olhou e riu. Depois o pai do nosso guitarrista falou pro cara que a gente não ia tocar nada de sucesso e muito menos em português. Aí o locutor tentou consertar, mas ainda sim continuou a se embaraçar e falou o nome da banda de dez maneiras diferentes. Até que no final do show ele pegou o microfone e falou cheio de vontade na última oportunidade que tinha pra acertar: “Obrigado Two Places at...” e quando a gente tava já certo de que tinha aprendido o nome, ele completou com “Ance”. A gente se olhou e riu, e aí saímos do palco. (risos)

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Hans Zimmer, Thom Yorke ou o Jónsi, do Sigur Rós.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
No momento estou meio obcecado pelo Son Lux. Recentemente assisti ao show deles e foi uma experiência única, então acho que escolheria eles no momento.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Carnegie Hall!

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Eu cresci ouvindo Oasis porque meu pai gostava muito e se tornou minha banda favorita na adolescência. Quando eu tinha uns 15 anos assisti ao show do Noel Gallagher e foi um momento bem marcante na minha vida. De lá pra cá assisti a muitos shows muito bons, mas esse ficou muito na minha cabeça por ser especial.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Radiohead. Mas espero ver em breve.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Pink Floyd ou Beatles. Qualquer um dos dois.

Tens algum guilty pleasure musical?
Eu gosto de tocar "Medo Bobo" – Maiara e Maraisa, e também me pego várias vezes tocando a música tema do Jornal da Globo (pois é). [Jornal da Globo é um noticiário noturno da maior rede televisiva aberta do Brasil]

Projectos para o futuro?
Por enquanto só consigo pensar em gravar um álbum novo. Depois disso acho que iremos pensar em planos a longo prazo.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Sinceramente, a entrevista tá tão legal que tudo que eu queria responder já está aqui! (risos)

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
"I Won’t Complain" - Benjamin Clementine

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Legal a pergunta! Tenho três!
- "Opening" (Philip Glass)
- "Time" (Hans Zimmer)
- "Njósnavélin" (Sigur Rós)

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Para terminarmos ficamos ao som do mais recente single "Breathe"...

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