terça-feira, 1 de maio de 2018

Conversas d'Ouvido com Entre Ilhas

Entrevista com a banda brasileira de indie pop/rock Entre Ilhas, pela voz do guitarrista Marcos Matias, o trio é ainda composto por João Victor Santos (voz) e Athos Carvalho (bateria). Os Entre Ilhas são a verdadeira prova que o indie é muito mais que um estilo, no ano passado lançaram de forma totalmente independente o EP de estreia "Astral". Provenientes de Brasília, aterram agora no nosso país para se darem a conhecer a Portugal nesta edição das "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Marcos Matias: Sempre gostei de música, desde criança passava a maior parte do tempo ouvindo todo tipo de estilo, como meus pais e irmão sempre gostaram de música mas de gêneros diferentes aprendi a não me fechar pra nenhum. A paixão pela música, de fato não sei dizer quando aconteceu, mas um momento marcante ocorreu ao assistir um show do arctic monkeys pela internet, acredito que em Glastonbury e tinha um mar de pessoas emocionadas cantando o riff de “A Certain Romance”. Esse foi um dos momentos que eu percebi que a música é uma troca de sentimentos da forma mais pura que consigo enxergar.

Como surgiu o nome Entre Ilhas?
Quando a banda era só um projeto nós nos reuníamos no condomínio do nosso guitarrista que se chamava "Ilhas do Lago" passamos boa parte do planejamento da banda lá. Ele se mudou para uma casa que fica próxima ao lago e do segundo andar da casa tinha vista do lago o que dava a sensação de estarmos em uma ilha, daí vem o nome Entre Ilhas dessa mudança de localidades que a banda se encontrava quando tudo era só um projeto.

Conheces alguma coisa da música portuguesa?
Não sou muito conhecedor da cena portuguesa, mas aposto que tem ótimas bandas. Conheço apenas a música "Quinta-Feira" da banda Doismileoito, não me lembro muito bem como a conheci, mas gostei muito.

Como gostas de descrever o vosso estilo musical?
Gosto de dizer que somos um indie pop nacional, com influências em indie rock, psicadélico e o que estiver na nossa cabeça enquanto fazemos música.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Eu me interesso por muitas coisas, então acabo oscilando do que tenho de paixão, pois quando algo puxa meu interesse eu só consigo pensar nisso. Mas se fosse pra dizer as mais constantes, além de música, gosto muito de cinema, animações, livros, video games.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior desvantagem é a incerteza, nunca sabemos como as pessoas irão receber sua música, ou se irá dar certo, o que sempre deixa perdido em relação à perspectiva de futuro, apesar de que parte da diversão de ser músico é não saber o que vai acontecer, ou no que sua música vai dar. A maior parte da vantagem é viver de música (risos), tocar e colocar para fora pra cada vez para mais pessoas aquilo que te inspira e quem sabe inspirar também. 

Quais as tuas maiores influências musicais?
Minhas influências estão sempre mudando de acordo com o que quero ouvir em determinado ponto da minha vida, mas diria que Last Dinosaurs, Childish Gambino, Death Cab for Cutie, Dream Koala e Arctic Monkeys sempre estão falando na minha cabeça. Ultimamente Selvagens à Procura de Lei têm me influenciado muito também.
Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
O streaming tornou tudo mais fácil, tanto pra ouvir música quanto para publicar, então acabo preferindo essa plataforma, pelo alcance de artistas que consegue com ela, ainda tem muita gente pra escutar por aí, apesar de que tem algo no vinil que sempre me deixou interessado..

Qual o disco da tua vida?
Por mais que eu pense não consigo eleger um como um disco da minha vida, mas alguns dos que mais me marcaram foram: "Parachutes" do Coldplay; "Wellness" do Last Dinosaurs; "Currents" do Tame Impala; "Plans" e "Transatlanticism", ambos do Death Cab For Cutie; "I Love You." do The Neighbourhood e "Humbug" do Arctic Monkeys.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Acho que o último disco que ouvi todas as músicas repetidas vezes foi o álbum "Dua Lipa" da cantora Dua Lipa.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Minha última descoberta musical com certeza foi a banda Selvagens à Procura de Lei, é uma banda brasileira de Fortaleza, Ceará, que tem me impressionado cada vez mais, tanto com as letras quanto com a melodias das músicas, me soa muito verdadeiro.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Acho que a situação mais embaraçosa de um concerto foi o próprio concerto (risos). Viajamos uma hora e meia de carro para chegar na casa de show, éramos a primeira banda da noite. Era um festival no qual outras sete bandas estavam no line up. Chegámos cedo, a casa era no meio do nada, minúscula e só se encontrava o dono do estabelecimento, bom, fizemos a passagem de som e ninguém chegou, não tinha público e nenhuma das seis outras bandas que tocariam esse dia. Tínhamos nos programados para dormir lá, mas tudo acabou sendo só um grande ensaio a uma hora e meia da nossa cidade.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
São vários (risos), mas se fosse uma parceria nacional, Selvagens à Procura de Lei, Supercombo, Boogarins ou Scalene. Se fosse uma parceria internacional seria com Last Dinosaurs.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Two Door Cinema Club, The Wombats, Young The Giant são várias e várias.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Gostaria muito de tocar em três festivais, Lollapalooza, Coachella e Glastonbury Festival. 

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Acho que o que mais mexeu comigo foi o show da banda Tame Impala.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Last Dinosaurs, The Wombats, Atlas Genius, Roosevelt, Satellite Stories, Bad Suns.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Um Show do Arctic Monkeys no qual eles gravaram o seu primeiro DVD "At the Apollo". A banda tinha apenas seus dois álbuns, os dois maravilhosos e lá eles tocaram músicas que nunca mais tocaram ao vivo de novo.

Tens algum guilty pleasure musical?
Não considero muito guilty pleasure, mas One Direction, mesmo sendo considerada uma banda “teen” os caras são muito bons (risos). 

Projectos para o futuro?
Em perspectiva de carreira, a ideia é alcançar mais espaço, e aumentar o número de pessoas que nossa música pode alcançar. Em perspectiva musical, é tentar melhorar cada vez mais, com mais recursos e experiência, mas sem perder a essência que criou a Entre ilhas.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Uma pergunta que nunca fizeram, é o que a música significa pra mim, o problema é que não sei responder (risos), ainda é algo que estou tentando descobrir. 

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
"Midnight City" do M83, aquilo foi simplesmente um absurdo, me leva pra outro lugar.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
"R.I.P. 2 My Youth" do The Neighbourhood. Além da temática da música ser exatamente essa, ela também é adorada por todos os integrantes da banda. 

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Ficamos agora com video clip do mais recente single "Astral", que dá título ao EP editado no ano passado. 

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