sexta-feira, 4 de maio de 2018

Conversas d'Ouvido com Renovier

Entrevista com a banda brasileira Renovier, que desbrava caminho no rock alternativo com influências que vão desde o grunge ao punk, passando pelo shoegaze. Trio proveniente de Belo Horizonte e composto por Rafael Menezi (voz, guitarra), Fernando Li (baixo, voz) e Ivan Luiz (bateria). No início deste ano editaram o mais recente EP "Leões Alados", quatro meses depois estreiam-se no Ouvido Alternativo, para falarem um pouco deles, regressando às origens, analisando o presente e projectando o futuro, sempre com um denominador comum, a Música.


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Rafael (R): Quando estava no ventre de minha mãe ouvindo discos do Supertramp do meu pai.
Fernando (F): Desde criança, herdada do meu pai.

Como surgiu o nome Renovier?
R: Essa pergunta realmente não dá pra fugir. O nome surgiu por volta de 2003 (eu acho), estava na cidade de Ouro Preto/MG, na casa da família de um amigo e um outro conhecido nosso vestia uma camisa de futebol de uma equipe árabe, eu acho e constava uma palavra enorme “Renovier...” mas pelo ângulo eu só li Renovier. Gostei da forma como aquilo soava, meio leve, meio forte e sempre associei essa palavra com as músicas que faria posteriormente. Loucura né? (risos)
Renovier - "Leões Alados"
No início deste ano lançaram o EP “Leões Alados”, para quem ainda não ouviu o que podemos esperar?
R: Um disco bem verdadeiro, intenso e direto. Muita influência do rock alternativo e grunge dos anos 90, um som enérgico, simples e não óbvio. 
F: Pode esperar notas carregadas de muitos sentimentos.

Conhecem alguma coisa da música portuguesa?
R: Além do fado, me lembro de ouvir bandas de punk rock como Gatos Pingados. Gostaria de conhecer novas bandas portuguesas.

Como gostas de descrever o vosso estilo musical?
R: Acho que rock alternativo soa melhor.

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
R: Natureza. Amo plantar, cuidar dos bichos e plantas.
F: Automobilismo virtual.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
R: Não consigo pensar em vantagem e desvantagem, mas posso dizer que aqui no Brasil temos muitas dificuldades como músicos fazendo rock underground, para mim é um ato de resistência.
F: A vantagem é o prazer que envolve todo o processo de fazer e executar uma música. A desvantagem é, em que pesem diversos outros fatores, a questão financeira.

Quais as vossas maiores influências musicais?
R: Acho que com certeza as maiores influências são bandas dos anos 80 e 90 do rock americano e inglês. Os grunges, os alternativos, shoegaze e punks.
F: Radiohead, Smashing Pumpkins, Queen, Sonic Youth, Nirvana

Como preferem ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
R: Eu sempre irei amar ouvir vinil!
F: No meu computador, com um bom fone de ouvidos, para valorizar os graves ao máximo.

Qual o disco da vossa vida?
R: “Harvest” do Neil Young.
F: “Amnesiac” do Radiohead

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
R e F: “In Rainbows” do Radiohead. Não foi combinado (risos)

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
R: Tinha passado um bom tempo ouvindo só coisa antiga, pois havia passado a adolescência inteira só descobrindo bandas do underground. Agora voltei a ouvir/procurar bandas do underground. Ouço muito da onda folk rock americana. Gostei muito de bandas que descobri recentemente, como Gentle Blow (Polônia), também o Early Morning Sky (SP) e The Dead Suns (RJ) que são lançamentos da Midsummer Madness.
FSendo totalmente sincero, ando ouvindo quase que somente trilhas sonoras e background music, da série que eu venero, Dragon Ball.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
R: Não tem nenhuma situação que tenha me marcado, mas com certeza várias situações embaraçosas aconteceram.
FTer cãibra no dedo indicador enquanto tocava contrabaixo e não podendo parar, em meio a execução de uma música.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
R: Eu queria ver a cantora Céu cantando alguma música nossa, fazer um som com ela, sei lá.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
R: Acho que seria legal abrir pro Mudhoney, 

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
R: Com certeza no Primavera Sound, seria um sonho retornar a Europa mas dessa vez com a banda. Gostaríamos muito de tocar em festivais nacionais como Bananada, Goiânia Noise, Dosol, Abril pro Rock...

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
R: Crosby, Stills and Nash e Radiohead empataram.
FRadiohead 

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
R: Killing Joke/Depeche mode/Fugazi/L7/The Cure
FSmashing Pumpkins

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
R: Queria ter visto Woodstock bandas como Taste e Jimi Hendrix.
FQueen at Wembley 1985

Têm algum guilty pleasure musical?
R: Não.
F: (Risos) Mas acho que não se deve sentir culpa por nada musicalmente. É uma coisa totalmente pessoal o que te toca, em que determinado momento isto acontece e em que estado você se encontra naquele momento, que permite que você sinta algo diferente.

Projectos para o futuro?
R: Gravar um próximo disco, com um timming melhor do que os dois primeiros EP’s. Conseguir um selo pra lançar a gente e sair fazendo shows por aí.

Que música de outro artista, gostariam que tivesse sido composta por vocês?
R: “Give a Little Bit” do Supertramp
F: “Imagine” de John Lennon

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
R: “Hallelujah” do Leonard Cohen, mas a versão do Jeff Buckley
FBom, na verdade creio que seria melhor uma “playlist” para o funeral, pois imagine uma música repetindo o funeral inteiro, tornaria aquele momento até desagradável. Digamos que eu faria uma playlist contendo minhas bandas favoritas tocando aleatoriamente. Mas na hora que estivessem descendo o caixão mesmo, toca “The Show Must Go On”, e estamos conversados!

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
R: Nós que agradecemos, ficamos muito felizes em poder falar um pouco sobre nós.

Antes de terminarmos ficamos ao som do EP "Leões Alados", editado no início deste ano e que se encontra disponível para escuta e download, através da plataforma Bandcamp.

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