quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Conversas d'Ouvido com Cordillera

Entrevista com Cordillera, banda brasileira proveniente de Campinas, pela voz do baterista Matheus Vazquez. Quinteto de rock alternativo/progressivo composto ainda por Victor Oliveira (voz), Raphael Moretti (guitarra), Tarcísio Barsalini (guitarra) e Pedro Ghoneim (baixo). Entre as maiores influências encontramos os nomes de Steven Wilson, Soundgarden, Faith no More, Pink Floyd e Alice in Chains, entre outros. Este ano editaram o debut "Ruptura", álbum que pretende marcar uma posição musical e política. Nas linhas que se seguem podem desvendar um pouco mais sobre os "segredos ocultos" dos Cordillera, em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"... 


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Matheus Vazquez: A paixão pela música, no Cordillera, tem origens distintas. Digo, cada membro da banda teve seu primeiro romance com música em contextos diferentes. Mas acredito que o ponto de convergência dessas diferentes paixões é o rock, todos da banda cresceram ouvindo e tocando rock, mesmo com backgrounds diferentes dentro do estilo e isso faz dele o grande pivô da relação entre os membros do Cordillera e a música.

Como surgiu o nome Cordillera?
Essa pergunta é sempre difícil de responder, tanto quanto encontrar um nome para a banda. No fim, esse nome surgiu com o nosso guitarrista Raphael Moretti, ele estava vendo um programa do Discovery Channel quando se deparou com o nome Cordillera e logo sugeriu para o restante da banda. Todos acharam a estética interessante e a banda acabou com esse nome.

Enquanto banda independente que principais dificuldades sentiram em todo o processo que culminou com a edição do vosso disco de estreia “Ruptura”?
As dificuldades são inúmeras, desde a formação de um grupo sólido, até o fato de que tocar música autoral não é valorizado em larga escala no nosso país. O disco "Ruptura" surgiu frente a muito planejamento e trabalho árduo, todo o processo, partindo da composição até o lançamento durou cerca de um ano e meio. No entanto, acredito que a parte mais complexa de todo o trabalho é o momento pós lançamento, como lidar com a demanda de materiais, como iniciar o booking de turnês, para quem o trabalho deve ser enviado, entre outros detalhes que são extremamente cansativos e dificultosos.

Para quem ainda não ouviu o vosso debut, podemos esperar uma “ruptura” com o quê?
O debut do Cordillera é um álbum que condensa muitas influências. O vocalista Victor Oliveira e o guitarrista Raphael Moretti formaram a banda com suas influências de grunge e stoner rock, com a minha entrada na bateria, do Tar Barsalini na outra guitarra e do Pedro Ghoneim no baixo uma nova gama estética foi adicionada às composições da banda. A ideia de criar um rock progressivo baseado em bandas como Porcupine Tree, Pain of Salvation, Steven Wilson surgiu de um momento em que estávamos ouvindo essas bandas e queríamos soar dentro dessa estética, rompendo com o trabalho anterior do Cordillera que estava consolidado como uma banda de stoner rock. Claro que um processo imersivo de composição como foi em "Ruptura" carrega o peso das influências diversas de todos os membros que trazem em sua bagagem diversas outras referências, que variam de metal, a jazz e música brasileira.
Cordillera - "Ruptura"
A intensa capa/artwork de “Ruptura”, traz consigo alguma mensagem subjacente?
A priori, a capa era para ser chocante, chamar a atenção de todos à primeira vista. Claro que criamos muitas significações a partir disso, mas o fato de termos o objetivo de deixar clara a nossa posição política, fundamentalmente de esquerda, contra a subjugação capitalista é a mensagem intrínseca mais forte dentro da nossa proposta. 

Quais as vossas maiores influências musicais?
Acredito que estamos todos em um momento mais progressivo no que concerne às ideias musicais. Todavia, apesar das bandas citadas anteriormente como Porcupine Tree, Pain of Salvation, Steven Wilson e mais uma série de outras bandas de prog como Pink Floyd, Rush, Leprous, estarem, entre outras, muito presentes nas nossas influências; o rock clássico e o rock dos anos 90 como Black Sabbath, Alice in Chains, Soundgarden, também fazem as vezes no nosso som.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
Definição é uma coisa complicada para nós. Não ficamos muito à vontade em nos inserir em uma caixinha fechada e parar por aí. Algo que mais se aproxima com nosso trabalho é o Rock Progressivo. Nosso álbum "Ruptura" traz justamente uma mescla de ambientações atmosféricas e momentos de influências distintas dentro do rock, com passagens marcadas pelo peso e a crueza do rock e do metal. Digamos que bebemos muito da fonte do rock progressivo contemporâneo, de bandas como Opeth, Steven Wilson e Pain of Salvation, do prog clássico do Pink Floyd, por exemplo, e do Rock Alternativo dos anos 90, representados aqui por Alice in Chains e Soundgarden.

Conhecem alguma coisa da música portuguesa?
Sim! Conhecemos Moonspell, Madredeus e o trabalho da Teresa Salgueiro.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Eu sempre comprei muitos Cds. Tenho uma baita coleção. A questão é que com o avanço das tecnologias, principalmente nas plataformas para se ouvir música, não tem como não fazer uso do streaming. O Cd e o Vinil são para ocasiões especiais. Mas no cotidiano faço uso das plataformas de streaming.

Qual o disco da tua vida?
"Angel Dust" - Faith No More.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
"Machine Messiah" - Sepultura.

Qual a tua mais recente descoberta musical?
Ando ouvindo muito o trabalho do artista Thundercat.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Graças à nossa sorte, nunca tivemos uma tão embaraçosa a ponto de ser digna de nota.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Seria um grande sonho ter o Mike Patton em alguma canção do Cordillera.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Em todos os palcos possíveis. Grandes e pequenos!
Qual o melhor concerto a que já assististe?
Acho que foi a turnê do Roger Waters tocando o "Dark Side Of The Moon".

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Mastodon.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Em um concerto do Led Zeppelin num lugar bem pequeno.

Tens algum guilty pleasure musical?
Bon Jovi? (risos)

Projectos para o futuro?
Temos o plano de seguir sempre em frente. Mesmo tendo lançado nosso primeiro álbum há aproximadamente três meses, já estamos compondo e pensando em um possível novo single ainda para esse ano.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Acho que essa é a entrevista mais completa que eu já tive a oportunidade de responder!

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por vocês?
São tantas… Gostaria de ter feito "No Quarter" do Led Zeppelin.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Acho que todos ficariam bem depressivos, mas "Down in a Hole" do Alice in Chains traria um bacana pra esse dia tão especial. 

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Obrigado a vocês pela oportunidade e vida longa pra esse trabalho tão honesto e importante nos dias de hoje.

Terminamos precisamente ao som do disco de estreia "Ruptura", que se encontra disponível para escuta e download, através da plataforma Bandcamp.

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