Entrevista com os Conjunto!Evite, quinteto composto por Fábio Neves, José Deveza, Manuel Belo, Sebastião Santos e Vicente Santos. A sua mescla de influências vai desde Queens of the Stone Age, a Pink Floyd, passando por Yes. A sonoridade não podia ser mais explosiva, rock progressivo é curto para os definir. Entramos em combate com os Conjunto!Evite e saímos a perder. Ainda nem o gongo tinha soado e já estávamos a encaixar um uppercut de rock instrumental, seguido de um jab psicadélico que nos derrubou, com um KO técnico no primeiro assalto.
Recentemente actuaram na edição do Super Bock em Stock e aterram agora directamente no Ouvido Alternativo para mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"...
Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Vicente Santos (VS): A paixão surgiu através dos meus pais. Desde puto que me lembro de haver música em todo o lado.
Fábio Neves (FN): Sempre houve música a rodar em casa desde que me lembro. O meu pai e a minha tia cantam fado por influência do meu avô portanto desde muito pequeno que as noites de fado eram uma constante. Já a minha mãe apesar de não ter uma ligação tão direta com a música, tem muito bom gosto musical o que se reflecte numa pequena colecção de clássicos em vinil como "Imagine" do John Lennon, Queen e Abba. A paixão alastrou e incendiou quando comecei a tocar em banda com a malta e perceber o gozo que isso me dá.
Sebastião Santos (SS): Surgiu de família e de ter começado a tocar piano ainda pequeno.
Manuel Belo (MB): Acho que corre no sangue, o meu Pai desde cedo que aos fins de semana, não perdoava e punha a casa toda a vibrar com um jazz ou música clássica, já a minha mãe era no carro a caminho da escola que expunha as suas tendências musicais, mais tarde o meu irmão mais velho começou a trazer discos para casa, eram ouvidos religiosamente e geralmente acompanhados de air guitar e air drums! Melhor que o Natal! E desde aí a procura e descoberta de música passou a fazer parte do quotidiano!
José Deveza (Zé): Acho que é uma coisa natural aparecer o gosto, talvez os amigos te mostrem as músicas boas da vida e sigas um bom caminho!
Como surgiu o nome Conjunto!Evite?
VS: O nome surgiu primeiramente por o Zé, o Sebastião e o Fábio verem mal, ou muito mal mesmo. E por a malta sofrer de vez em quando de conjuntivite. A parte do conjunto é devido à vasta tradição dos conjuntos em Portugal. O ponto de exclamação antes do evite é como um sinal de perigo na estrada, a nossa intenção é semelhante.
Quais as vossas maiores influências musicais?
VS: Justice, Da Weasel, Chemical Brothers, Herbie Hancock, A Tribe Called Quest, Soft Machine, N.E.R.D., Mr. Oizo.
MB: Um pouco do novo um pouco do velho, manter o ouvido “aberto” a novas aventuras musicais, misturar tudo e ver o que dá!
FN: Jimi Hendrix, Pink Floyd, Beatles, Zappa, Led Zeppelin, Qotsa, Gorillaz, Ravi Shankar, Motörhead.
Zé: De tudo um pouco, acho que Led Zeppelin e o Jimi Hendrix posso dizer grandes influências gerais, mais específicos posso dizer os Ramones e Sublime.
SS: Xutos ℰ Pontapés, Da Weasel, QOTSA, Porcupine Tree, Pink Floyd, ELP, Steven Wilson, Genesis, Iron Maiden, Franz Ferdinand, Beatles, O Bisonte, Jimi Hendrix, Yes.
Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
Zé: Uma viagem de comboio para mim é um ótimo descritivo porque traz à memória as paisagens, o aroma diferente ao nosso habitual, o ir um bocado para o desconhecido com a sensação de que não há retorno mas não saíste da cabine. É esse o momento de regressar onde reparas que já começamos a tocar.
Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
MB: Viajar! Quem não gosta de conhecer um sítio diferente, pessoas novas, outras realidades! Isso e Skate, apesar de já não dar uma skatada há muito.
VS: Pintura e Desenho
Zé: Algumas, umas mais efémeras que outras!
SS: Acampar, viajar e ler.
FN: Cozinha.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
SS: A maior vantagem é a alegria pura de estar em palco com um bom público, com um som confortável, a tocar canções que tenham algo de ti nelas. A desvantagem é a instabilidade, não é um tipo de vida que garanta que saibas onde vais estar daqui a dois anos.
Como preferem ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
MB: Hoje em dia por conveniência é mais o spotify, em casa são CDs e em casa dos pais vinil.
SS: Vinil e Stream.
FN: Vinil pelo ritual que está associado. Não quer dizer no entanto que seja o modo que utilizo mais habitualmente... nos últimos tempos tenho me dividido entre ouvir rádio e streaming.
VS: Streaming, vinil e no carro Cds.
Zé: Depende de onde estou, mais facilmente tenho o telemóvel com streaming pago (importante) do que cds.
Qual o disco da vossa vida?
VS: "3.º Capítulo", dos Da Weasel.
SS: Têm de ser dois: "Pictures at an Exhibition" dos Emerson Lake and Palmer e "Storm Corrosion" do duo Steven Wilson e Mikael Åkerfeldt.
FN: Hum… Este é aquele exercício ingrato por haver tantos bons e importantes discos e tantos factores a ter em conta (musicalidade, lírica, quão revolucionário, ...) mas talvez diria que se o "The Dark Side of the Moon" dos Pink Floyd e o "White Album" dos Beatles tivessem um filho esse seria “O Disco”.
MB: Esta pergunta é difícil, monogamia não pode ser aplicada neste tópico! Pronto, sem pensar muito digo o “Songs for the Deaf” dos Queens of the Stone Age, só porque o ouvi muito (como muitos outros) mais coisa menos coisa e continuo a voltar a ouvi-lo.
Zé: Tu tens categorias de discos como os que ouves on repeat ou os que te interessaram no estilo, os que ouves poucas vezes mas sabes que é material inspirador. Em todas, tenho muitos que gosto! Dito isto, acho que "Ænima" dos Tool é um bom exemplo.
Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
SS: "Inventions for Electric Guitar" – Manuel Göttsching
FN: "Blackstar" do Bowie pela música mas também por ser mais uma prova do génio que ele era em estar sempre um passo à frente.
VS: "Technicians of the Sacred", dos Ozric Tentacles.
Zé: Ty Segall - "Fudge Sandwich"
MB: “Polygondwanaland”, King Gizzard and The Lizard Wizard, what a triiiip!
Qual a vossa mais recente descoberta musical?
SS: Bauhaus
MB: Connan Mockasin, boa vibe, trippy groove. Props para o André Quintino que só me mostra coisas fixes!
VS: Khruangbin
Zé: Opeth
Qual a vossa mais recente descoberta musical?
SS: Bauhaus
MB: Connan Mockasin, boa vibe, trippy groove. Props para o André Quintino que só me mostra coisas fixes!
VS: Khruangbin
Zé: Opeth
Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
VS: A meio de uma música ter um dos teclados sem funcionar e só passado uns belos segundos aperceber-me do sucedido.
Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Zé: Uma pessoa com grande estilo musical, o Sr. Josh Homme.
Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
MB: Todos! Não somos esquisitos nem temos preferências, é preciso é haver vontade!
Qual o melhor concerto a que já assististe?
FN: Tweak Bird em Alcobaça, não conhecia a banda até então portanto foi um daqueles casos “os discos soam bem, concerto a 5 paus e a cerveja é barata... bora lá!” e lembro-me de ser completamente abalroado pela força do concerto deles. Acho que a maior parte dos concertos que vi neste contexto foram sempre boas surpresas!
Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
SS: Gojira, apesar de já cá terem vindo não consegui ir ver.
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
VS: Soft Machine, 1970, Théâtre De La Musique, Paris.
Tens algum guilty pleasure musical?
Zé: Claro e não acho que seja por falta de gosto! Julguem-me à vontade, mas a Cardi B anda em altas!
Projectos para o futuro?
MB: Correr essas estradas e ver onde nos levam, partilhar o novo álbum com o mundo, continuar a trabalhar e a evoluir como banda, para que a “máquina conjuntivitiana” seja altamente contagiosa!
Que pergunta gostarias que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
FN: Como resolver o problema do trânsito caótico e a falta de ar puro que existe no centro de Lisboa. A resposta requer uma longa conversa e o meu assessor pediu-me para não escrever testamentos idealistas.
Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por vocês?
SS: "Suite No. 1, Op. 46" da peça Peer Gynt com música composta por Edvard Grieg.
Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
Zé: Um DJ a passar blues, afinal aquilo ainda demora.
VS: "It Was a Good Day", Ice Cube.
MB: Frank Zappa – “Why Does it Hurt When I Pee” só para aliviar o mood e ver a cara do padre de constragimento, ou então o "Plantasia" do Mort Garson para manter um ambiente tranquilo e não ser tão aborrecido para os restantes seres vivos.
SS: "Atom Heart Mother Suite" – Pink Floyd
Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Terminamos ao som dos Conjunto!Evite e do mais recente single "Controla a Paranóia", extraído do futuro disco da banda lisboeta.
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