quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Conversas d'Ouvido com Conjunto!Evite

Entrevista com os Conjunto!Evite, quinteto composto por Fábio Neves, José Deveza, Manuel Belo, Sebastião Santos e Vicente Santos. A sua mescla de influências vai desde Queens of the Stone Age, a Pink Floyd, passando por Yes. A sonoridade não podia ser mais explosiva, rock progressivo é curto para os definir. Entramos em combate com os Conjunto!Evite e saímos a perder. Ainda nem o gongo tinha soado e já estávamos a encaixar um uppercut de rock instrumental, seguido de um jab psicadélico que nos derrubou, com um KO técnico no primeiro assalto.
Recentemente actuaram na edição do Super Bock em Stock e aterram agora directamente no Ouvido Alternativo para mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música? 
Vicente Santos (VS)A paixão surgiu através dos meus pais. Desde puto que me lembro de haver música em todo o lado.
Fábio Neves (FN)Sempre houve música a rodar em casa desde que me lembro. O meu pai e a minha tia cantam fado por influência do meu avô portanto desde muito pequeno que as noites de fado eram uma constante. Já a minha mãe apesar de não ter uma ligação tão direta com a música, tem muito bom gosto musical o que se reflecte numa pequena colecção de clássicos em vinil como "Imagine" do John Lennon, Queen e Abba. A paixão alastrou e incendiou quando comecei a tocar em banda com a malta e perceber o gozo que isso me dá. 
Sebastião Santos (SS): Surgiu de família e de ter começado a tocar piano ainda pequeno.
Manuel Belo (MB)Acho que corre no sangue, o meu Pai desde cedo que aos fins de semana, não perdoava e punha a casa toda a vibrar com um jazz ou música clássica, já a minha mãe era no carro a caminho da escola que expunha as suas tendências musicais, mais tarde o meu irmão mais velho começou a trazer discos para casa, eram ouvidos religiosamente e geralmente acompanhados de air guitar e air drums! Melhor que o Natal! E desde aí a procura e descoberta de música passou a fazer parte do quotidiano!
José Deveza (Zé)Acho que é uma coisa natural aparecer o gosto, talvez os amigos te mostrem as músicas boas da vida e sigas um bom caminho!

Como surgiu o nome Conjunto!Evite?
VSO nome surgiu primeiramente por o Zé, o Sebastião e o Fábio verem mal, ou muito mal mesmo. E por a malta sofrer de vez em quando de conjuntivite. A parte do conjunto é devido à vasta tradição dos conjuntos em Portugal. O ponto de exclamação antes do evite é como um sinal de perigo na estrada, a nossa intenção é semelhante.

Quais as vossas maiores influências musicais? 
VSJustice, Da Weasel, Chemical Brothers, Herbie Hancock, A Tribe Called Quest, Soft Machine, N.E.R.D., Mr. Oizo.
MBUm pouco do novo um pouco do velho, manter o ouvido “aberto” a novas aventuras musicais, misturar tudo e ver o que dá!
FN: Jimi Hendrix, Pink Floyd, Beatles, Zappa, Led Zeppelin, Qotsa, Gorillaz, Ravi Shankar, Motörhead.
De tudo um pouco, acho que Led Zeppelin e o Jimi Hendrix posso dizer grandes influências gerais, mais específicos posso dizer os Ramones e Sublime.
SS: Xutos ℰ Pontapés, Da Weasel, QOTSA, Porcupine Tree, Pink Floyd, ELP, Steven Wilson, Genesis, Iron Maiden, Franz Ferdinand, Beatles, O Bisonte, Jimi Hendrix, Yes.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical? 
Uma viagem de comboio para mim é um ótimo descritivo porque traz à memória as paisagens, o aroma diferente ao nosso habitual, o ir um bocado para o desconhecido com a sensação de que não há retorno mas não saíste da cabine. É esse o momento de regressar onde reparas que já começamos a tocar.

Para além da música, têm mais alguma grande paixão? 
MB: Viajar! Quem não gosta de conhecer um sítio diferente, pessoas novas, outras realidades! Isso e Skate, apesar de já não dar uma skatada há muito.
VS: Pintura e Desenho
Algumas, umas mais efémeras que outras!
SS: Acampar, viajar e ler.
FN: Cozinha.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
SS: A maior vantagem é a alegria pura de estar em palco com um bom público, com um som confortável, a tocar canções que tenham algo de ti nelas. A desvantagem é a instabilidade, não é um tipo de vida que garanta que saibas onde vais estar daqui a dois anos.

Como preferem ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
MB: Hoje em dia por conveniência é mais o spotify, em casa são CDs e em casa dos pais vinil.
SS: Vinil e Stream.
FNVinil pelo ritual que está associado. Não quer dizer no entanto que seja o modo que utilizo mais habitualmente... nos últimos tempos tenho me dividido entre ouvir rádio e streaming
VS: Streaming, vinil e no carro Cds.
: Depende de onde estou, mais facilmente tenho o telemóvel com streaming pago (importante) do que cds.

Qual o disco da vossa vida? 
VS: "3.º Capítulo", dos Da Weasel.
SS: Têm de ser dois: "Pictures at an Exhibition" dos Emerson Lake and Palmer e "Storm Corrosion" do duo Steven Wilson e Mikael Åkerfeldt. 
FNHum… Este é aquele exercício ingrato por haver tantos bons e importantes discos e tantos factores a ter em conta (musicalidade, lírica, quão revolucionário, ...) mas talvez diria que se o "The Dark Side of the Moon" dos Pink Floyd e o "White Album" dos Beatles tivessem um filho esse seria “O Disco”. 
MBEsta pergunta é difícil, monogamia não pode ser aplicada neste tópico! Pronto, sem pensar muito digo o “Songs for the Deaf” dos Queens of the Stone Age, só porque o ouvi muito (como muitos outros) mais coisa menos coisa e continuo a voltar a ouvi-lo.
Tu tens categorias de discos como os que ouves on repeat ou os que te interessaram no estilo, os que ouves poucas vezes mas sabes que é material inspirador. Em todas, tenho muitos que gosto! Dito isto, acho que "Ænima" dos Tool é um bom exemplo.
Qual o último disco que vos deixou maravilhados? 
SS: "Inventions for Electric Guitar" – Manuel Göttsching
FN: "Blackstar" do Bowie pela música mas também por ser mais uma prova do génio que ele era em estar sempre um passo à frente.
VS: "Technicians of the Sacred", dos Ozric Tentacles.
Ty Segall - "Fudge Sandwich"
MBPolygondwanaland”, King Gizzard and The Lizard Wizard, what a triiiip!

Qual a vossa mais recente descoberta musical?
SS: Bauhaus
MB: Connan Mockasin, boa vibe, trippy groove. Props para o André Quintino que só me mostra coisas fixes!
VS: Khruangbin
: Opeth

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
VSA meio de uma música ter um dos teclados sem funcionar e só passado uns belos segundos aperceber-me do sucedido.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria? 
Uma pessoa com grande estilo musical, o Sr. Josh Homme.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar? 
MB: Todos! Não somos esquisitos nem temos preferências, é preciso é haver vontade!

Qual o melhor concerto a que já assististe? 
FN: Tweak Bird em Alcobaça, não conhecia a banda até então portanto foi um daqueles casos “os discos soam bem, concerto a 5 paus e a cerveja é barata... bora lá!” e lembro-me de ser completamente abalroado pela força do concerto deles. Acho que a maior parte dos concertos que vi neste contexto foram sempre boas surpresas!

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade? 
SS: Gojira, apesar de já cá terem vindo não consegui ir ver.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
VSSoft Machine, 1970, Théâtre De La Musique, Paris.

Tens algum guilty pleasure musical?
Claro e não acho que seja por falta de gosto! Julguem-me à vontade, mas a Cardi B anda em altas!

Projectos para o futuro?
MB: Correr essas estradas e ver onde nos levam, partilhar o novo álbum com o mundo, continuar a trabalhar e a evoluir como banda, para que a “máquina conjuntivitiana” seja altamente contagiosa!

Que pergunta gostarias que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta. 
FN: Como resolver o problema do trânsito caótico e a falta de ar puro que existe no centro de Lisboa. A resposta requer uma longa conversa e o meu assessor pediu-me para não escrever testamentos idealistas.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por vocês?
SS: "Suite No. 1, Op. 46" da peça Peer Gynt com música composta por Edvard Grieg.

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
Um DJ a passar blues, afinal aquilo ainda demora.
VS: "It Was a Good Day", Ice Cube.
MB: Frank Zappa – “Why Does it Hurt When I Pee” só para aliviar o mood e ver a cara do padre de constragimento, ou então o "Plantasia" do Mort Garson para manter um ambiente tranquilo e não ser tão aborrecido para os restantes seres vivos.
SS: "Atom Heart Mother Suite" – Pink Floyd

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Terminamos ao som dos Conjunto!Evite e do mais recente single "Controla a Paranóia", extraído do futuro disco da banda lisboeta.

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