terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Conversas d'Ouvido com Achados e Perdidos

Entrevista com a banda brasileira de indie rock Achados e Perdidos. Quarteto proveniente de Quixadá, no Ceará e composto por Matheus Cavalcante (voz, guitarra), Flávio Yuri (voz, guitarra), Mateus Filipe (baixo) e Emanuel Onofre (bateria). Entre as maiores influências encontramos os nomes de Selvagens à Procura de Lei e Arctic Monkeys, no entanto não descuram os artistas independentes e recentemente têm andado a ouvir nomes como Fuzaka, Recayd Mob, Coronel Soares, Dois Barcos, Jamming Peppers, Hadezi, Unicórnio Maravilha, entre outros. Nos parágrafos que se seguem podem ficar a conhecer melhor os Achados e Perdidos...

Como surgiu a paixão pela música?
Mateus Felipe (MF): Primeiramente é um prazer responder a estas perguntas e muito obrigado pelo espaço neste blog. Conheço Matheus e Yuri desde muito criança e um tempo depois o Emanuel veio para  completar a trupe, posso dizer que aprendemos a tocar nossos respectivos instrumentos juntos. Creio que a paixão pela música partiu exatamente daí, de tocar com os amigos, querer fazer algo juntos, ganhar dinheiros e divertir.

Como surgiu o nome Achados e Perdidos?
MF: Decidir o nome é sempre complicado, mas eu tinha certeza que queria algo parecido com as clássicas bandas de Rock daqui do Brasil, como Ultraje a Rigor, Paralamas do Sucesso e Engenheiros do Hawaii. Foi aí então que eu tive a brilhante ideia de procurar sugestões no já falecido Yahoo Respostas, então de todos os nomes absurdos que achei Achados e Perdidos parecia ser o que mais se encaixava.
Flávio Yuri (FY): É verdade, eu era o nome.

Lançaram recentemente o vosso primeiro single “Confusões da Meia Noite”, é um registo auto-biográfico? Por vezes nós somos o nosso pior inimigo?
Matheus Cavalcante (MC): Primeiramente fico feliz em falar sobre a música em um site internacional, eu tô nervoso, sério mesmo. Mas então, pode-se dizer que sim, fiz essa música em uma época pesada em 2016 onde passava por uma crise de insônia e tal (“já tentei dormir, eu não consigo mais”). Eu não gosto muito de falar sobre o que a música fala pois eu gosto de saber das outras pessoas as suas próprias conclusões sobre ela, no que essa música significa para você e sim, na minha opinião o homem às vezes é o seu pior inimigo em todos os sentidos.

Quais as vossas maiores influências musicais?
Achados e Perdidos: Selvagens à Procura de Lei e Arctic Monkeys. A gente tem gostos  bem diferentes, mas o consenso que a gente tem são essas bandas.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
MF: Eu não sei dizer muito bem, mas se você ouvir nossas músicas tem um punk rock ali, um hardcore aqui, aí de repente aparece uma música de reggae e outra mais psicodélica, é uma playlist no aleatório.
FY: Doideira

Conhecem alguma coisa da música portuguesa?
MF: Capitão Fausto é muito top.
FY: Só o Xutos e Pontapés

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
MF: Escrever. Sempre acho que eu devia estar escrevendo sobre alguma coisa. E também design, que é a área que estou fazendo graduação.
FY: Futebol, cinema, computação e mais um bocado de coisas aleatórias.
MC: Tem muitas coisas, mas acho que a geografia (meu curso na faculdade) tá me encantando mais.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
FY: A vantagem maior que tem é a sintonia com o público (além da merenda, é claro). Desvantagem é a liseira (traduzindo: não ter dinheiro) (risos).
MF: A maior vantagem pra mim foi conhecer muita gente legal, fazer contatos e conhecer coisas novas. A desvantagem é carregar peso, é um "trabalho de corno".
MC: A vantagem que tive foi conhecer pessoas da qual nunca achei que ia conhecer, além do reconhecimento de seu trabalho. A desvantagem é o estresse que passamos as vezes nas tocadas da vida, mas faz parte.
Como preferem ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
MF: Gostaria muito de um dia ter uma coleção de vinil, mas enquanto isso não acontece o streaming é uma excelente opção, pois em aplicativos como Spotify eu sei que estou dando um retorno financeiro ao artista. 
FY: Eu tenho uns vinis, mas o toca discos da minha casa tá quebrado, então eu nunca ouço. Até uns dois anos atrás eu ouvia mais cd, hoje tô só no Spotify mesmo.

Qual o disco da vossa vida?
MF: "A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado" d'Os Mutantes.
FY: Ih rapaz… Todo mês muda, mas já faz um tempo que é o "Revolver", dos Beatles
MC: Cara, tem muitos mesmo, é realmente difícil decidir, mas eu diria que é o "The Number of the Beast" do Iron Maiden por ter me botado nesse mundo do rock.

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
FY: O último dos Arctic Monkeys é bom demaaaaaaais, o novo dos Smashing Pumpkins  também. E tem o novo da Gal Costa também, ah meu Deus, é muita coisa…
MF: "Bluesman", do Baco Exu do Blues.
MC: O último do Arctic Monkeys, certeza

Qual a vossa mais recente descoberta musical?
FY: Uma banda aqui da nossa cidade chamada Fuzaka. Eles ainda não lançaram nada, mas fazem um punk/hardcore que me lembra muito Dead Kennedys, são muito massa (vocês usam essa gíria em Portugal?). O Matheus pode falar melhor sobre ela.
MF: Um punhado de artistas independentes, Fuzaka, Augusto Diniz, Coronel Soares, Dois Barcos, Jamming Peppers, Hadezi, Ócio do Ofício, Unicórnio Maravilha. Só peça boa, Rogerinho.
MC: Ultimamente eu tô ouvindo muito rap/trap brasileiro, eu tô escutando Recayd Mob. E participo de uma outra banda onde toco bateria chamada Fuzaka, como o Yuri falou. Temos um som que definimos como “chibatada” (um termo pra dizer que as músicas são mais pesadas) 

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Achados e Perdidos: Uma vez um de nós passou mal ao vivo, foi muito tenso. Quando eu digo “passou mal”, tô dizendo “quase morreu, papocou, foi dessa pra melhor, deixava de ser”.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
MF: Com o Falcão, sem dúvida.
FY: Só vim aqui dizer que com o Dorgival Dantas também seria lindo.
MC: Juninho Show, ele é meu pai e ele é seresteiro, toca em alguns bares e em alguns eventos particulares, seria demais!

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Achados e Perdidos: Lollapalooza seria o ápice.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
Achados e Perdidos: Aqui na nossa cidade não tem muito show, mas teve um dos Selvagens à Procura de Lei que valeu por todos que não tiveram.

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
FY: Um bocado. Deixa eu ver...Gostaria de ver um show do Paul Weller, mas pra dizer um brasileiro eu tenho muita vontade de ver Os Paralamas do Sucesso.
MC: Queria muito ver Arctic Monkeys.
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
FY: Qualquer um dos Ramones. Melhor seria se fosse na gravação do "It’s Alive".
MF: Queen no Rock in Rio de 1985.
MC: Mano, com certeza também queria ir na gravação do "It’s Alive" e no show do Iron Maiden no Rock in Rio de 2001.

Tens algum guilty pleasure musical?
FY: Nam. Gosto de tudo que eu gosto.

Projectos para o futuro?
Achados e Perdidos: Iremos gravar um EP, não é querendo prometer nada não, mas vai ser lindo, hein. Também tocar em várias cidades diferentes e conhecer mais pessoas.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta?
FY: "Em uma sociedade totalmente utilitária onde uma banda de rock como a Achados e Perdidos se posiciona a respeito do preço do ouro)" Responderia: "Beleza"
MF: Uva.

Que música de outro artista, gostariam que tivesse sido composta por vocês?
FY: Não vou dizer "Construção" do Chico Buarque, porque eu acho que teria que combinar os esforços de 10 encarnações pra escrever aquilo, então vai "Há Tempos" da Legião Urbana.
MF: Várias d'O Terno

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
FY: A mais aleatória possível, tipo a música triste do Naruto. Eu iria rir muito.
MF: Mas tu ia tá morto.
FY: Quem garante que morto não ri? Nunca assistiu “Um Morto Muito Louco” não? Ele parece se divertir direto. (risos)
MC: Aquela abertura de friends não sei porquê.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Agora, como não poderia deixar de ser, terminamos ao som dos Achados e Perdidos e do single de estreia "Confusões da Meia Noite".

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