terça-feira, 13 de março de 2018

Conversas d'Ouvido com GEE-AITCH

Entrevista com GEE-AITCH, projecto do músico portuense José Gentil-Homem. Afastado da composição entre 2004 e 2016, renasceu, há dois anos, com o projecto GENTLE, que serviu para provar que a chama nunca se havia apagado. No ano passado decidiu finalmente investir tudo na sua carreira musical, processo que culminou com a produção e edição em 2018, daquele que viria a ser o seu disco de estreia "Left-hand Page". Numa mescla de lo-fi e electrónica, surge-nos um álbum conceptual que desafia os limites do experimentalismo. GEE-AITCH é o mais recente convidado das "Conversas d'Ouvido"...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
GEE-AITCH: Lembro-me que no dia em que o Live Aid 1985 foi transmitido, um dos meus melhores amigos de infância foi lá a casa e disse que deveríamos formar uma banda. Acho que foi o primeiro click para querer intervir neste maravilhoso universo da música.

Como surgiu o nome Gee-Aitch?
O nome surge do meu apelido Gentil-Homem (G-H)

Após um hiato superior a uma década, regressaste à música, a chama voltou a acender-se ou nunca se havia apagado?
A chama nunca se apaga mas pensei que nunca mais voltaria a ter um papel tão ativo na música. O facto de ter gravado o EP "I.A.N.D." (Gentle) mudou completamente o paradigma.

Editaste recentemente “Left-hand page”, para quem ainda não ouviu o que podemos esperar?
É um disco que não é facil de gostar. A começar pelo facto de ser uma espécie de rascunho de ideias para músicas, foi praticamente todo gravado com os primeiros takes, nada premeditado. Soa “meio torto” mas o mais importante ficou registado: o sentimento com que foi composto. É experimental e destemido mas muito consciente.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Não gosto. A única limitação que tenho é técnica e isso é ultrapassável com as novas tecnologias. Quero acreditar que toda a música que ouço está espelhada nas minhas composições.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Sim. Passear com o Vilão. (o meu cão)

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Vantagem: fazer o que realmente gosto.
Desvantagem: sair da minha zona de conforto.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Ao longo da minha vida fui sempre muito influenciado por aquilo que ouço. Considero que a música que ouço em casa é a que realmente gosto. A pop dos anos 80, o alternativo e a electrónica do novo século são basilares nas minhas influências.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Sou um tipo de ouvir álbuns. Atualmente ouço em casa pelo iTunes e no carro em Cd.

Qual o disco da tua vida?
Tenho vários discos da minha vida. Uns envelheceram bem e outros nem por isso. Há discos que considerei como fundamentais no passado e hoje não me dizem nada. Pulp “Different Class” é um dos discos da minha vida, sem dúvida.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Jim James “Eternally Even

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Nacional: ando a ouvir Surma; The Sunflowers; Tipo.
Internacional: The National; Arcade Fire; Daniel Knox.
Uma das mais recentes descobertas foi Blood Orange.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Começar o concerto com a nota errada e achar que era outro membro da banda a enganar-se. (risos)

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Bowie.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Metronomy

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Coliseus e Primavera Sound

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Daniel Knox em Coimbra.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Richard Dawson.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Woodstock (embora tenha uma ideia romântica do concerto). Tenho muita pena de não ter visto Amália, Bowie, Jóhann Jóhannsson.

Tens algum guilty pleasure musical?
Tenho. Tina Turner.

Projectos para o futuro?
Conseguir vingar neste “mundo cão” da música.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Gsoto de ser surpreendido e de surpreender.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
Fantastic Voyage” Bowie ou “Daniel” de Elton John

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
“Afterword/Rag” de M.Ward

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Ficamos agora com o vídeo clipe de "Before My Win", realizado e produzido pelo próprio GEE-AITCH.

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