domingo, 23 de setembro de 2018

Conversas d'Ouvido com The Wonderful Now

Entrevista com a banda brasileira The Wonderful Now. Quinteto proveniente de São Gonçalo (Rio de Janeiro), composto por Elton de Souza (voz), Gabriel Costa (guitarra), Karinne Almeida (guitarra), Matheus Justem (bateria) e Yuri Martins (baixo). Mergulham de cabeça no indie rock, "piscam o olho" ao post-rock e seduzem-nos com nuances de dream pop. Editaram recentemente o EP de estreia "There's No Place Like Home", que serviu de mote para a sua "estreia" em Portugal, em mais um lançamento das "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Elton de Souza (EA): Meu pai era cantor e compositor; era parte de um grupo de música regional, no início dos anos 2000. Eu, ainda pequeno, o acompanhava: estive em alguns shows, ouvi muitas de suas canções e a partir disso, passei a me interessar por música.
Gabriel Costa (GC): Quando estudávamos juntos no colégio, o Elton sempre me apresentava as bandas que ele ouvia. Foi a partir daí... e é assim até hoje.
Karinne Almeida (KA): Pelo que eu me lembro, sempre teve música em casa. A maior parte da minha influência musical vem dos meus primos mais velhos, que viveram a adolescência no início dos anos 90 (quando eu nasci). Da minha infância, tenho uma lembrança muito forte do grunge.
Matheus Justem (MJ): Desde pequeno ouvia muita música. Lembro de bons momentos relacionados a isso.
Yuri Martins (YM): Desde os 5 anos de idade, quando ouvia um pouco de rock.

Como surgiu o nome The Wonderful Now?
Existe um filme (que nenhum membro de banda assistiu) chamado "The Spectacular Now". É um bonito título, que transmite uma boa mensagem.
O nome da banda foi inspirado nesta obra e para nós, simboliza o atual momento, o estado em que nos encontramos. É um novo projeto, um novo começo. É um maravilhoso tempo para estar entre amigos, para se fazer música.
Em contrapartida, o título também pode ser entendido com alguma ironia, como alguém que vive dias maus e de maneira sarcástica, trata o todo como um “maravilhoso” momento (para não dizer “terrível”). Funciona como um “pior, impossível”, “não há como piorar”. Pode ser interpretado como uma crítica ácida e debochada ao tempo presente.
The Wonderful Now - "There's No Place Like Home"
Editaram recentemente o EP de estreia “There’s No Place Like Home”. Para quem ainda não ouviu, o que se pode esperar?
Pode-se esperar algo diferente, de sonoridade experimental, que desafia o convencional, que se distancia de métodos. São canções ambíguas, metafóricas, um tanto ou quanto melancólicas. Pode-se esperar por um material inventivo, de uma banda corajosa, que se arrisca.

Quais as vossas maiores influências musicais?
EA: A banda Coldplay (em seus 4 primeiros álbuns), Death Cab for Cutie, Cícero Rosa Lins...
GC: Em relação à produção, um cara que mora do lado da minha casa (Daniel Barreto, produtor em Dandrestudio).
KA: Pitty, Cascadura, Canto dos Malditos na Terra do Nunca, Cyndi Lauper...
MJ: Minhas maiores influências vêm de bandas de outros estilos musicais, como August Burns Red, The Devil Wears Prada e Pense. Mas tenho outras referências, também gosto de bandas com sonoridade mais alternativa, como Two Door Cinema Club e Tame Impala.
YM: Como banda: Aerosmith, Led Zeppelin e Rolling Stones. Como pessoa: Keith Richards, Janis Joplin, Joe Perry e Steven Tyler.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
A The Wonderful Now é uma banda de indie rock que flerta com o midwest emo, post-rock, dream pop e math rock.

Conhecem alguma coisa da música portuguesa?
EA: Ainda não.
GC: Não conheço.
KA: Não, mas aceito sugestões!
MJ: Na verdade não. Mas seria interessante conhecer... 
YM: Não...

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
EA: Cinema.
GC: O skate.
KA: Skate, filmes e poesia.
MJ: Desenhar, assistir a filmes e ler poesia.
YM: A arte como um todo é a minha grande paixão.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
EA: Ainda estou à procura de vantagens (risos). Desvantagens têm de sobra. A falta de união das bandas e desvalorização do trabalho por parte dos produtores locais são fatores frustrantes.
GC: Acho que, quando você faz algo de que gosta, não vê dessa forma...
KA: A vantagem é que, independente das dificuldades, a gente faz o que ama; produz o que gosta. E a desvantagem é que, é muita correria e nem sempre o esforço é valorizado.
MJ: A maior vantagem é poder fazer o que sempre se sonhou. A desvantagem é não ser valorizado.
YM: A vantagem é que você nasce com um dom divino e isso é para poucos. A desvantagem é não ser valorizado...

Como preferem ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
EA: Youtube, eu te amo.
GC: Streaming, pela facilidade.
KA: Atualmente escuto em streaming, pela praticidade, mas quando eu gosto muito de uma banda, tento comprar o CD físico. Amo vinil, mas não tenho mais vitrola.
MJ: Utilizo muito a tecnologia streaming.
YM: Streaming, mas gostaria de ouvir em vinil (risos)! Não é da minha época, mas fico curioso para saber como aquilo funciona.

Qual o disco da vossa vida?
EA: Acho que não há...
GC: Difícil escolher.
KA: "Anacrônico", da Pitty.
MJ: "Messengers", da August Burns Red.
YM: Difícil responder essa pergunta. Mas achei o álbum "Music from Another Dimension!" da banda Aerosmith muito bom! Talvez seja esse...

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
EA: "Em Nome do Vento", do rapper Kivitz.
GC: "Kingfisher", da banda Prawn.
KA: "Unlikely", da Far From Alaska.
MJ: "Além Daquilo que te Cega", da Pense.
YM: "The Complete BBC Sessions", de Led Zeppelin. São algumas gravações bem antigas da banda. É muito bom.

Qual a vossa mais recente descoberta musical?
EA: Kivitz.
GC: Acho que nenhuma que tenha ficado marcada.
KA: Troá (banda do cenário independente aqui do Rio).
MJ: O estilo Vaporwave.
YM: Acho que é o indie rock.
Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
EA: Uma vez, uma corda da minha guitarra arrebentou, no meio de uma música, no final de um show. Tive que concluí-lo com uma corda a menos, com a guitarra desafinada. Um dia pra esquecer, definitivamente.
GC: Não me lembro se houve alguma...
KA: Me empolguei no palco, fui pular e caí para trás, em cima da bateria.
MJ: Caí no palco.
YM: Acho que a maioria dos baixistas e guitarristas sofrem com suas correias! Uma vez, quando fui fazer um solo no baixo, a correia se soltou e estragou tudo.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
E a Terra Nunca me Pareceu tão Distante.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
EA: Circo Voador.
GC: Clube Recreativo da Trindade.
KA: Lollapalooza.
MJ: Rock in Rio.
YM: Rock in Rio!

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
EA: Das bandas Abraskadabra e Quarto do L.
GC: Project46.
KA: Essa é a pergunta mais difícil de todas! Dois da System Of a Down (o primeiro foi a realização do sonho de vê-los ao vivo, o segundo teve participação do Chino Moreno, da Deftones...então, não consigo escolher), No Use For a Name e Pearl Jam.
MJ: O último show de uma banda que me marcou na adolescência: banda Venore. 
YM: Aerosmith.

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
EA: Death Cab for Cutie, TTNG e Prawn.
GC: Death Cab for Cutie e Coheed and Cambria.
KA: Red Hot Chili Peppers, Faith No More e Rage Against The Machine.
MJ: August Burns Red, Two Door Cinema Club, Every Time I Die, Chelsea Grin e Chon.
YM: Kiss e The Rolling Stones.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
EA: Gravação do DVD "Road To Revolution", da banda Linkin Park.
GC: Qualquer show da Oasis.
KA: Woodstock e Hollywood Rock de 93 (com Nirvana, Alice Chains e L7) e algum show de Ramones no CBGB.
MJ: Woodstock.
YM: Woodstock.

Têm algum guilty pleasuremusical?
EA: Cody Simpson.
GC: Basicamente qualquer cantora pop adolescente.
KA: Rouge (grupo brasileiro de música pop)! 
MJ: Z- Maguinho do Piauí (cantor brasileiro)
YM: Rogério Skylab (risos). Acho ele muito doido.

Projectos para o futuro?
Obter recursos para gravar um álbum em estúdio.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta?
EA: Difícil essa. Acho que é a minha segunda “entrevista” na vida. Tudo ainda é muito novo para mim.
GC: Acho que nenhuma.
KA: Qual artista você (Karinne) gostaria de fazer uma parceria? R: Emily Barreto (Far From Alaska). Acho a voz dela incrível!
MJ: Que outros instrumentos musicais você gosta ou gostaria de tocar? R: Flauta doce. Possui uma sonoridade incrível.
YM: Difícil!

Que música de outro artista, gostariam que tivesse sido composta por vocês?
EA: "Hawk in My Head", da banda Prawn.
GC: "Settled", da banda Prawn.
KA: "Promete", da Ana Vilela. Gostaria de ter feito para o meu irmão!
MJ: "Roland", da Interpol. Música que marcou a minha adolescência; a época em que eu me encontrava em fase de transição.
YM: "Sweet Emotion", de Aerosmith.

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
EA: Poderiam fazer uma playlist com o melhor do indie rock.
GC: Nunca pensei nisso.
KA: "Meu Funeral", da banda Meu Funeral!
MJ: "Holding Back the Years", por Simply Red.
YM: "Stairway to Heaven", de Led Zeppelin.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Terminamos ao som do EP "There's No Place Like Home", que se encontra disponível para escuta através das plataformas de streaming.

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