segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Conversas d'Ouvido com Erik Lenfair

Entrevista com o músico brasileiro Erik Lenfair, um "rebelde sem causa", que recentemente nos presenteou com o seu novíssimo single "A Hot Night in The Bar". Cantor e compositor proveniente do Rio de Janeiro, entre as suas maiores influências figuram os nomes clássicos de Elvis, Ray Charles, Bob Dylan, Chet Baker e The Smiths, contudo não descura as novas tendências e rendeu-se ao talento de Grimes e Tame Impala. Nos parágrafos que se seguem vamos conhecer melhor a música e os projectos de Erik Lenfair...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Erik Lenfair: Eu sempre me senti ligado às artes. Quando eu era pequeno eu amava desenhar, amava filmes e falava que queria ser ator, mas eu sempre estava cantando — eu não era bom, mas eu gostava. Eu tinha um piano em casa e aos 10 anos comecei a aprender a tocá-lo. Aos 14 comecei a compor instrumentais, mas eles tinham estrutura de música pop e claramente precisavam de letras, então comecei a escrever. Minha voz não era boa, mas eu queria tanto cantar que tive que aprender. Eu passava todo meu tempo ouvindo artistas que eu gostava com muita atenção, quase uma obsessão e foi assim que eu aprendi. Aí eu descobri que tinha esse espaço todo para mim, onde podia me expressar da forma que eu quisesse e percebi que era isso que eu queria fazer da minha vida.

A tua música aborda o universo que te rodeia, com enfoque especial na juventude. Para ti quais as maiores preocupações com a juventude hoje em dia?
Eu acho que a minha geração cresceu tendo fácil acesso a muita coisa, por parte da televisão, internet... Somos expostos a certas coisas muito cedo. É tudo muito rápido e momentâneo, as pessoas se frustram com facilidade, passam por depressão, ansiedade... Eu tento mostrar um pouco disso nas minhas músicas, a influência da mídia e cultura pop. Por outro lado, acho que a informação nos torna capaz de escolhermos quem queremos ser. No geral acho que somos uma juventude com boas intenções e tentando construir bons ideais.

Que principais dificuldades tens sentido no início da tua carreira?
É difícil ser um artista independente mas eu tenho curtido essa fase amadora, “DIY”. Eu tenho que correr atrás de tudo, mas minha família e meus amigos me ajudam muito. Por um lado é difícil encontrar meios de atingir o seu público, mas é muito bom ver as pessoas que você ama torcendo por você, querendo que as coisas dêem certo. Me deixa motivado.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Eu escuto muita coisa, mas eu sempre volto pra sons mais marcantes, icônicos. Britney Spears, Amy Winehouse, Elvis, Ray Charles, Eminem, Bob Dylan, Billie Holiday, Chet Baker, The Smiths, Mariah Carey...

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Eu cresci ouvindo música pop. Justin Timberlake, Rihanna... Música de rádio. Em adolescente eu comecei a ter acesso pela internet a artistas que estavam fazendo uma música mais estranha, que ficou conhecida como “indie, dreampop, alt pop”, como Youth Lagoon, Grimes, Blouse, Tame Impala, e isso teve um impacto muito grande na minha visão musical. Eu acho que o meu estilo é uma mistura desses dois mundos, algo por aí.

Conheces alguma coisa da música portuguesa?
Sim, outro dia eu ouvi B Fachada. Eu gostei da voz dele!

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Eu amo cinema. Eu sempre tento trazer algumas referências para a música.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Eu acredito que artistas nascem sendo artistas, não é uma escolha. Então eu tive bastante tempo para me preparar e eu nunca duvidei do que eu deveria fazer. Porém, é um futuro incerto, você precisa de coragem para tentar.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Streaming, com certeza. Mas eu ainda gosto de comprar os CDs dos meus artistas favoritos.

Qual o disco da tua vida?
Difícil eleger só um, mas eu acho que o "Blackout", da Britney. Eu amo o álbum e tudo por trás dele. O fato de um ícone do pop chegar ao ponto de fazer um álbum tão experimental é fascinante para mim.
Qual o último disco que te deixou maravilhado?
"Born to Die", Lana del Rey. É divertido de ouvir e foi um álbum importante para abrir novos caminhos.

Qual a tua mais recente descoberta musical?
Tamino, um cantor da Bélgica. Eu tenho ouvido o álbum dele em repeat.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Eu ainda não fiz shows ao vivo! No Brasil algumas pessoas tendem a ser meio nacionalistas quando me vêem cantanto em inglês, então tenho focado em encontrar meu público online antes de começar os shows. Mas é uma meta para esse ano.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Eu amo hip hop, eu adoraria fazer um refrão numa música de rap.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Lollapalooza!

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Rihanna no Rock in Rio 2015. Ela é surreal.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Tony Bennett.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Amy no Glastonbury de 2008. Eu assisto no Youtube quase todos os dias!

Tens algum guilty pleasure musical?
Eu gosto de chorar ouvindo "Stars Are Blind", da Paris Hilton! Na verdade não sinto culpa, é uma música incrível!

Projectos para o futuro?
Eu pretendo lançar mais um single depois de "Hot Night In The Bar" e depois quero começar a trabalhar no meu primeiro EP! Ainda estou escrevendo algumas músicas para ele, mas acho que título será "Dark Romcom".

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta?
Eu sempre pergunto os filmes favoritos das pessoas, acho que diz um pouco sobre elas. Os meus são "Assassinos por Natureza", "Pecado Original" e "As Patricinhas de Beverly Hills". O que significa que eu sou romântico, um pouco esnobe, mas sempre procurando diversão (risos).

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
"Don’t Think Twice, It’s All Right" do Bob Dylan. Mas eu fico feliz que ele a tenha escrito. Eu nunca mexeria nela!

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
"Chelsea Hotel #2" do Leonard Cohen e "Son Binocle" do Erik Satie.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Agora ficamos ao som do mais recente single "A Hot Night In The Bar", disponível para audição, através da plataforma SoundCloud...

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