segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Conversas d'Ouvido com Tiago Félix

Entrevista com o cantor e compositor português Tiago Félix. Os tempos têm sido de grande agitação, prepara-se para lançar um novo disco com produção do brasileiro Nosso Querido Figueiredo, é ainda o autor da música que Surma apresenta na edição deste ano do Festival da Canção. Nas linhas que se seguem descobrimos a admiração que nutre por nomes como B Fachada, Éme e Daniel Johnston, mas tudo isto é apenas um aperitivo do que podem ler a seguir...  

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Foi algo gradual. Não tive uma infância ou adolescência particularmente musical. Mas o meu primeiro contacto com a música foi como melómano e não como músico ou intérprete.

Tens disco novo, produzido por Nosso Querido Figueiredo prestes a ver a luz do dia, já podes levantar o véu sobre o que podemos esperar?
São oito canções novas. Têm a linguagem dos meus discos mas o processo desde a composição até à mixagem foi diferente. E é o primeiro disco com guitarras elétricas, desde logo há essa mudança “física” do som.

Como surgiu a colaboração com Nosso Querido Figueiredo?
Conheci o trabalho do Nosso Querido Figueiredo em 2015/16. Na altura estava a tentar materializar as minhas primeiras canções e os discos dele fizeram muito sentido para mim. Ele acabou por produzir o meu primeiro disco e foi muito importante para mim. Depois quis gravar em estúdio e conheci a malta da Cafetra e o Leonardo Bindilatti em particular, que me produziu três discos e com quem aprendi muito. Para este disco senti a necessidade de mudar o processo e voltar a gravar as canções em casa e recuperar uma certa intimidade das canções. Sabia que o Nosso Querido Figueiredo era a pessoa que melhor compreenderia essa perspetiva e voltei a convidá-lo para me produzir o disco.

És o compositor da música que a Surma interpreta no Festival da Canção, sempre foste um fã do festival, ou este novo formato chamou a tua atenção?
Nunca acompanhei muito o Festival. Nos últimos anos mais, mas sempre foi uma realidade bastante distante da minha. Aceitei porque foi a Surma a convidar.



Quais as tuas maiores influências musicais?
O Daniel Johnston e o B Fachada. Depois o Nosso Querido Figueiredo e o Éme que são exemplos mais próximos de mim e às vezes acabam por influenciar até mais do que qualquer outro.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Tenho sempre muita dificuldade em responder a essa pergunta porque não me sinto muito confortável em nenhuma categoria que se possa pôr. Mas dizer que é música alternativa talvez seja o mais fiel.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Sou poeta e pintor para além de músico. Mas gosto de pensar que é tudo a mesma coisa.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Só muito recentemente me tenho interessado mais pelo vinyl. Sou sobretudo um consumidor digital de música.

Qual o disco da tua vida?
Tendo que escolher um, o “Deus, Pátria e Família” do Fachada.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Acho que o último que andei a ouvir em loop foi o “Beware of The Dogs” da Stella Donnelly. O disco ainda nem saiu todo, mas andei a ouvir muito as canções novas.

Qual a tua mais recente descoberta musical?
Talvez a Kris Kopke que o Éme me mostrou. É antigo mas soa a novo.



Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Eu estar de mau humor.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
B Fachada.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Não tenho nenhuma meta ou sonho nesse campo. Quero é tocar.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Talvez Elza Soares.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
O Daniel Johnston. Provavelmente já não vou a tempo.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
O Daniel Johnston tem um disco ao vivo na Alemanha, o "Why Me?". Diria esse concerto.

Tens algum guilty pleasure musical?
Não. É tudo assumido.

Projectos para o futuro?
Tentar tocar este disco o máximo que possa e fazer um próximo melhor.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Some Things Last A Long Time”.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Para terminarmos ficamos ao som do álbum "Disco da Paciência", editado em 2018 e que se encontra disponível para escuta através da plataforma Bandcamp.

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