quinta-feira, 14 de março de 2019

Conversas d'Ouvido com Capitão Fausto

Entrevista com Capitão Fausto pela voz do baixista Domingos Coimbra. O quinteto é ainda composto por Francisco Ferreira (teclas), Manuel Palha (guitarra), Salvador Seabra (bateria) e Tomás Wallenstein (voz, guitarra). Dispensam apresentações, são uma das referências actuais da música nacional. Multi-facetados e camaleónicos, a sua sonoridade é uma antítese entre psicadélico e pop, entre melancolia e júbilo. Amanhã editam novo disco, "A Invenção dos Dias Claros", gravado em São Paulo, no Brasil. Hoje são os convidados das "Conversas d'Ouvido"...  

Ouvido Alternativo: Recuando no tempo, como surgiu a paixão pela música?
Domingos Coimbra: Desde miúdo que me lembro de gostar de música, mas só quando cheguei aos 12/13 anos é que comecei a tocar. A paixão pela música nessas alturas surge de forma parecida, criam-se elos fortíssimos com bandas e música que se ouve e tentava-se ir para o quarto reproduzir aquilo que se ouvia. Depois passou por encontrar e conhecer pessoas (o resto da banda) que tinham esse mesmo entusiasmo e começar uma banda para tentar fazer coisas iguais às bandas de que gostávamos. 

Como surgiu o nome Capitão Fausto?
Surgiu numa longínqua tarde de Segunda-Feira, algures no mundo irreal, depois de termos forjado um machado e nele escrito as iniciais CF. Na altura não o percebemos, mas a seu tempo as iniciais ganharam força própria, e o próprio machado, quase por magia, apenas brilhava quando dizíamos “Capitão Fausto”.

Os vossos discos têm sido aclamados pela crítica e pelo público, no entanto na nossa opinião, é ao vivo que vocês se revelam. Sentem-se mais confortáveis em estúdio ou em cima do palco?
Gostamos de estar no estúdio mas é um processo mais longo, ao mesmo tempo temos espaço para experimentar e aperfeiçoar as coisas que estamos a fazer. Ao vivo a margem é mais curta, mas é talvez mais divertido porque se viaja muito e o processo é repartido com as pessoas que querem ouvir as nossas canções, e por isso é menos solitário. 

Capitão Fausto - "A Invenção do Dia Claro"
O disco “A Invenção do Dia Claro” está prestes a ver a luz do dia, já podem levantar um pouco o véu sobre o que podemos esperar? O álbum foi gravado no Brasil, vamos sentir o aroma paulista no disco?
Sim, podem esperar um disco com oito canções, à semelhança do anterior, onde tentámos explorar mais arranjos à volta de pianos, sintetizadores, cordas e sopros. As canções são bem diferentes entre si e passam por diferentes momentos mas têm uma razão de ser juntas. Tem momentos mais animados e ao mesmo tempo tem canções mais calmas, quase baladas, algo que nunca tínhamos feito e gostámos muito de arranjar canções com andamentos mais lentos. Para além disso, e com isto respondo à segunda pergunta, adicionámos alguns elementos às canções de música brasileira, como o cavaquinho o pandeiro e a flauta, que se vão misturando nos nossos arranjos de forma se calhar não evidente mas ténue. Não diria que tem aroma paulista mas deixámo-nos contagiar um pouco pelo ambiente que vivemos quando estivemos lá a gravar.

Quais as vossas maiores influências musicais? 
Beatles, Beach Boys, Gentle Giant, Doors, The Specials, Harry Nilsson, Bob Dylan, e tantos outros. 

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Acho que não temos uma situação embaraçosa que já tenha acontecido num concerto..
Agora queremos conhecer-te um pouco melhor enquanto apreciador de música...
Qual o disco da tua vida?
O meu é o "Pet Sounds", dos Beach Boys, o "Wakin on a Pretty Daze", do Kurt Vile e o "Congratulations" dos MGMT.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
O próximo álbum dos Ganso. 

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Charles Bradley no Primavera Sound.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Neil Young.

Projectos para o futuro? 
Continuar a fazer música, a tocar e a ter desafios estimulantes para a cabeça.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
How to Sing with Rasp, Ken Tamplin.
(Risos)

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro. 
Ficamos agora ao som do single "Amor, a Nossa Vida", extraído do disco "A Invenção dos Dias Claros"...

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