Sia Furler, regressou a Portugal para o primeiro concerto em nome próprio, relembramos que em 2007 havia actuado juntamente com os Zero 7 neste mesmo festival. Recuando até Zero 7, foi precisamente aí que conhecemos o incrível talento e a voz inconfundível de Sia que abrilhantou discos como Simple Things, When it Falls ou The Garden. Nos últimos 15 anos Sia reinventou-se, e teve a capacidade única de demonstrar que a força da sua música, está nas próprias canções e não na artista que está por trás. Dia 6 de Agosto no Meo Sudoeste, Sia arrebatou e conquistou aqueles que perceberam isso...
O Palco surge despido de qualquer artefacto, sem músicos, sem instrumentos musicais, sem confetis, sem nada, apenas um pano branco a servir de fundo, e um pequeno degrau onde Sia irá permanecer praticamente imóvel durante todo o concerto.
Sia surge em palco com um enorme "vestido" branco de folhos que lentamente se desmembra, num conjunto de brilhantes bailarinos que irão coreografar e interpretar os seus temas. Alive", tema inicialmente escrito para Adele, abre o concerto, segue-se "Diamonds", tema que escreveu para Rihanna, e foi cantado em uníssono por um público na sua maioria entusiasmado.
Não há ninguém no mundo que dê um concerto como Sia, ela é uma artista única, que conseguiu provar com o passar dos anos que na música, ou pelo menos na sua música, o que realmente importa não são os artistas ou os músicos, mas sim as canções, as letras, a voz e todo o sentimento que as palavras transportam. Os bailarinos não se limitam a dançar, interpretam e carregam com eles uma forte carga emocional, teatral e por vezes dramática. Sia permanece imóvel, com a habitual peruca bicolor a cobrir-lhe o rosto e um enorme laço branco na sua cabeça, a sua voz (o que realmente interessa), é absolutamente perfeita, sem falhas, o que ouvimos em disco é similar ao que ouvimos ao vivo. A cantora e compositora australiana não possui só um assinalável alcance vocal, carrega na sua voz um mundo inteiro de sofrimento, de alegria e de paixão, transmitindo-nos verdadeiros sentimentos e emoções.
O Alinhamento foi certeiro e centralizado nos seus últimos dois discos, "Cheap Thrills", foi um dos momentos da noite, mas não faltaram "Big Girls Cry", "Bird Set Free", "Reaper", "One Million Bullets", "Elastic Heart" e "Unstoppable". Houve ainda um único momento "regresso ao passado", ao som de "Breath Me", tema extraído de Colour The Small One, um dos nosso discos preferidos de Sia, editado em 2004.
O momento mais efusivo da noite surgiu ao som de "Move Your Body", tema inicialmente escrito para Shakira, que colocou muitos dos presentes a dançar entusiasticamente. "Titanium", tema em parceira com David Guetta, foi recebido com alguma histeria, que se acentuou com a primeira vez que Sia falou com o público, dizendo qualquer coisa do género "vocês estão certos, eu é que me enganei", a propósito de se ter enganado na letra.
"Chandelier", um dos seus maiores sucessos, encerrou com chave de ouro um concerto curto, mas intenso e brilhantemente diferente de tudo aquilo a que já havíamos assistido. Sia despediu-se, falando pela segunda vez, para dizer "obrigado".
Ficamos com a sensação que foi um concerto que dividiu opiniões, como seria de esperar não convenceu todos os presentes, houve quem ficasse rendido, quem ficasse indiferente, quem se maravilhou e quem se desiludiu, nós por nossa parte ficamos apaixonados por algo que foi muito, mas muito mais do que "simples" concerto de música...
O único aspecto negativo e na nossa opinião, GRANDE aspecto negativo, prende-se com o facto das imagens que surgiram nos ecrãs gigantes, serem pré-gravadas, no entanto tudo o que se passava no palco, estava praticamente sincronizado com as imagens pré-gravadas. Nem que não fosse por respeito aos bailarinos que a acompanharam brilhantemente ao vivo, os ecrãs gigantes deveriam transmitir as coreografias que realmente decorriam no palco. Um aspecto menos bom num concerto todo ele com nota máxima.
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