quinta-feira, 25 de maio de 2017

Conversas d'Ouvido com Daíra


Apresentamos a cantora e compositora carioca Daíra. A sua suave e profunda voz, surge carregada de folk e inspirada pelo blues. No seu novo projecto, recria e homenageia as canções do recentemente malogrado Belchior, um dos nomes mais marcantes da MPB (música popular brasileira). Esta aventura irá culminar com o lançamento do futuro disco Amar e Mudar as Coisas, enquanto aguardamos por esse dia fomos conhecê-la melhor nesta nova edição das "Conversas d'Ouvido"... 


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Daíra: Foi na infância, através do meu pai que tocava muito em casa, e eu era vidrada nos meus discos e musicais, passava as tardes ouvindo e desenhando, comecei a cantar com 6 anos e aí fui tendo vivências muito impactantes através da música.

Quando é que surgiu a admiração por Belchior?
Ainda criança me surgiu uma admiração incrível pela Elis Regina, e "Como Nossos Pais" já tinha se tornado um hino para mim, depois cantei "Velha Roupa Colorida", na banda rock'n'roll que eu tinha, e depois, na adolescência descobri o compositor Belchior, através da música "Na Hora do Almoço", essa música se tornou parte do meu primeiro show solo, ainda na faculdade.

Preparas-te para editar o álbum “Amar e Mudar as Coisas”, já podes antecipar, o que podemos esperar?
Podem esperar um disco cheio das frases impactantes de Belchior e uma sonoridade flutuante, cheio de nuances folk. O disco tem a visão de mundo dele, filtrada pelos meus óculos, e com a moldura de sonoridade caipira-folk-rock-blues.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Gosto muito da MPB... isso me influenciou com certeza... Mas gosto de misturar muito, dialogar com a música atual também. Amo música brasileira, música nordestina e blues e rock....

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
A poesia, aprender e amo fazer roupas, costurar, desenhar, trabalhos manuais – artesanato e como não vejo tv, pesquiso o mundo no YouTube... amo ficar vendo vídeos de grandessíssimos artistas seja de qual linguagem for.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A vantagem é fazer o que se ama para viver, que é uma coisa que eu gostaria que todo mundo tivesse a oportunidade em qualquer que fosse a profissão, porém, pelo que escuto as pessoas falarem, não é assim que a banda toca. A desvantagem sem dúvida é o pouquíssimo incentivo que se dá ao artista no Brasil. Não somente não dão incentivo, como dificultam muito a vida de um artista independente, pois o que manda é o capital e o entretenimento. Arte e cultura ficam sempre de lado por aqui.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Elis Regina, Beatles, Queen, Tropicália, Gal Costa, Maria Bethânia, e mais recentemente Belchior e Luli e Lucina e todos os meus colegas de geração. Quem acompanha a minha página no Facebook, sabe quem são! São muitos!

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Vinil, sem dúvida.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Acho que nem uma coisa nem outra. É uma ferramenta. O que está a matar a música é a cultura do capital, e a salvar são as próprias pessoas que querem algo diferente do que já está posto, do que já está dado pela mídia hegemônica.

Qual o disco da tua vida?
Luli & Lucinha

Qual o último disco que te deixou maravilhada?
Luli & Lucinha

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Descobri recentemente um disco do Belchior maravilhoso, Objeto Direto, mas o que eu mais tenho ouvido é o som dos meus colegas de geração, vai lá na minha página do Facebook e vê quem são! (risos)

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Poxa! Não to lembrando de nadaaaaa!

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
El Efecto, Letuce e também Luli e Lucina! (risos) não poderia ser um só.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Cátia de França.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar
Velódromo Municipal, em Montevideu, Uruguai.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Jards Macalé no Circo Voador, aniversário de 70 anos.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Grimes.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
No show "Transversal do Tempo", da Elis Regina.

Qual o teu guilty pleasure musical?
Beyoncé! Mas não é tão guilty assim! (risos)

Projectos para o futuro?
Um disco de originais. Músicas de amigos, e minhas também. Logo virá.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta?
Qual o país que você gostaria de morar, sem ser o Brasil? Uruguai. <3 span="">

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Alguma que eu tivesse gravado e que aquelas pessoas ali presentes gostassem. :)

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Ficamos agora com a belíssima e sedutora voz de Daíra e do tema "Princesa do Meu Lugar", acompanhada pelo violão de Rodrigo Garcia...

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