Entrevista com Lutre, trio brasileiro de rock alternativo, formada por Chrisley Hernan (baixo), Marcello Victor (voz, guitarra) e Jefferson Radi (bateria). Lançaram este ano o álbum Apego, produzido pela banda carioca Ventre e no qual mergulham numa onda de experimentalismo. Atravessamos novamente o Oceano Atlântico para um "bate-papo" descontraído com os Lutre, em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"...
Como surgiu a paixão pela música?
Marcello Victor (MV): Quando numa feira cultural do colégio me apresentei e me senti muito bem emocionalmente e fisicamente, foi quando descobri que eu realmente gostava.
Jefferson Radi (JR): Tive a oportunidade de tocar bateria em uma igreja ainda novo, só aí percebi que gostava de música.
Como surgiu o nome Lutre?
MV: Depois de alguns péssimos nomes, Lutre surgiu por acaso e por sorte a nossa é um nome pequeno e forte.
Como foi a experiência de colaborarem com os Ventre?
MV: No caso foi Ventre que colaborou com a gente, com disponibilidade na agenda do Hugo, do Gabriel e da Larissa para podermos gravar lá no estúdio deles em Vila Isabel (Rio de Janeiro) e com produção em boa parte do nosso CD, Apego.
Para quem ainda não ouviu o disco “Apego”, o que podemos esperar?
MV: Um disco sincero, ora explosivo, ora calmo, assim como qualquer ser humano. No geral, em sua maioria, carrega um tom de tristeza e saudade.
Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
MV: Nos dizem muito que somos Rock Triste, não discordamos, achamos um bom termo.
Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
MV: Tenho algumas amizades que amo.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Chrisley Hernan (CH): Acho que independente da música, a maior vantagem é trabalhar com algo que ama. Penso que muitas vezes isso acontece mais na música porque na maioria das vezes as pessoas fazem porque realmente gostam. Trata-se de um ramo muito complicado, mas também muito bonito.
Quais as vossas maiores influências musicais?
MV: Radiohead.
CH: Ventre, Radiohead, Lupe de Lupe, Warpaint, Xóõ e etc.
Como preferem ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3
MV, CH e JR: Streaming
O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
MV: Salvar, a distribuição é bem maior, o alcance que se tem é global.
Qual o disco da vossa vida?
MV: In Rainbows - Radiohead.
CH: Ventre - 抱きしめとキス
JR: Os Afro Sambas - Baden Powell e Vinicius de Moraes
Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
MV: O da Ventre - 抱きしめとキス e Princesa - Carne Doce.
JR: Ventre - 抱きしめとキス e Crystal Castles - Amnesty (I).
CH: Não consigo dizer apenas um, então:
- Ventre - 抱きしめとキス;
- Bruna Mendez - O mesmo mar que nega à terra cede a sua calma;
- Sofia Freire - Garimpo;
- Childish Gambino - "Awaken, My Love";
- Baleia - Atlas;
- (O disco que será lançado recentemente da Bolhazul)
O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
MV: Ouço muito rap, entrei e descobri esse mundo recentemente. Djonga, BK', Marechal, etc.
CH: Ando ouvindo muito rap (graças ao Marcello), Dom Capaz, Childish Gambino, El Toro Fuerte, Sofia Freire, 2ois, Bolhazul, Beto Cupertino, Carne Doce, Brvnks, Posada e o Clã, Jonathan Tadeu e etc...
JR: Djonga, BK', Kendrick Lamar, El Toro Fuerte.
Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
MV: Nunca aconteceu nada embaraçoso não, pelo menos que eu me lembre, o máximo foi, eu tirar a camiseta no show e ela rasgou, mas eu já ia tirar mesmo (risos).
CH: Não que seja embaraçosa, mas no festival Vaca Amarela de 2016 eu e Marcello no auge de um momento chegamos perto um do outro e eu grudei o pescoço na cabeça dele (num choque) e depois fiquei com uma marca meio estranha a noite toda.
JR: Uma cãibra horrível na mão no Vaca Amarela de 2016 enquanto tocava bateria pro Vitor Brauer, pouco depois de ter rolado um show da Lutre.
Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
MV: Hugo - Ventre, João Victor - Carne Doce, Vitor - Lupe de Lupe. Deve ter mais, mas só lembro desses agora (risos).
CH: Ventre, Vitor Brauer, Bolhazul, Baleia, Posada, El Toro Fuerte, E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante e muitos outros (risos).
JR: Ventre, Carne Doce, Lupe de Lupe, Bolhazul.
Para quem gostariam de abrir um concerto?
É meio utópico, mas talvez Warpaint (Não que combine, mas pelo rolê de assisti-las de perto e tudo mais)
Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
MV: SXSW, KEXP, teatros em geral, pois teatro é sempre bom e na rua também é uma experiência que quero ter.
CH: Coquetel Molotov, Bananada, DoSol, Circo Voador, Imperator, Fundição Progresso (de novo), Breve, Sesc Pompéia, CCSP e outros.
Qual o melhor concerto a que já assistiram?
MV: Cícero.
CH: Essa pergunta é muito difícil porque eu já assisti MUITOS shows, mas tem uns inesquecíveis: BaianaSystem, Cícero, Ventre, Posada e o Clã, Baleia, Ventre + E a Terra Nunca me Pareceu Tão Distante, Criolo, Francisco, el Hombre, Caetano Veloso, Medulla, etc.
JR: Racionais MC's.
Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
MV: Radiohead e Tyler, The Creator.
CH: Radiohead, Warpaint, BadBadNotGood, Rancore, Chitãozinho e Xororó, Duda Brack, Los Hermanos, Rodrigo Amarante, Copeland, Tópaz, Xóõ, My Magical Glowing Lens, GorduraTrans, SLVDR, Childish Gambino, MC Marechal, At The Drive In e etc
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
MV: Queen live Aid em 13/07/1985 ou Metallica in Moscow 1991.
CH: Boogarins e Vitor Brauer; Xóõ no Transborda, Ventre no Imperator, Rancore no Hangar 110, Los Hermanos na Fundição Progresso e etc.
Qual o vosso guilty pleasure musical?
CH: Talvez Fresno pode ser considerado um guilty pleasure.
Projectos para o futuro?
CH: Tocar no máximo de cidades do Brasil, máximo de festivais legais com o máximo de amigos possíveis, gravar mais materiais e seguir fazendo música sempre.
Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
MV: Difícil de responder, mas deve ser: o que une a banda? Por que a Lutre existe? Por que não pararam até hoje? Isso tudo considerando uma pergunta só. E a resposta vai muito de cada um mas pra mim, vai além da música, além do sonho de viver da música, além do prazer de subir ao palco, o que une a Lutre é a própria Lutre, assim dizendo, Eu, Jeff e Chrisley. O que nos une somos nós mesmos, os momentos juntos, os deboches uns com os outros. A gente se ama demais e tudo termina em riso. Talvez pra mim seja isso, o que faz a Lutre existir é o amor que temos um pelo outro. Eu temo o fim de nossas amizades, não da banda.
Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
MV: "Carnaval" - Lupe de Lupe. Ela é grandiosa, abraça o mundo e tem um final glorioso. Queria que no meu velório tocasse essa música e todos meus amigos e minhas amigas, familiares e pessoas próximas cantassem chorando: “Carnaval… Carnaval… Carnaval…”.
CH: Ou Carnaval ou "17" da Lupe de Lupe
Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Terminamos som dos Lutre e do disco Apego.
Terminamos som dos Lutre e do disco Apego.
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