quinta-feira, 15 de junho de 2017

Conversas d'Ouvido com Lavoisier


Entrevista com o duo nacional Lavoisier. A voz de Patrícia Relvas e a guitarra eléctrica de Roberto Afonso, mergulham de cabeça na música portuguesa, não renegando a sua história. Após terem vivido em Berlim, e lançado dois Lp's preparam-se para editar o novíssimo disco É Teu. Entre as maiores influências encontramos nomes como José Mário Branco, Fausto, Zeca Afonso e António Variações, porém há muito mais para descobrir sobre os Lavoisier nesta edição das "Conversas d'Ouvido"...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Lavoisier: Surge pela concentração de endorfinas causada pela translação de energia física do som, causada pela experiência de ouvir música!

Como foi a experiência (a nível musical) de viverem em Berlim?
Foi bastante libertadora, o facto de Berlim ser uma cidade sem grandes julgamentos fez com que conseguíssemos apresentar o projecto em todas venues, aproveitando meios que iam do muito underground, até meios bem mais diplomáticos.
Isso fez com que crescêssemos muito a nível musical.

Como surgiu o nome Lavoisier?
De acordo com a condição semiótica das relações humanas, todas as bandas/projectos musicais terão que ter um nome, então Lavoisier pareceu-nos o mais interessante na altura, visto acreditarmos que na música não existem posses e perceber que fazer música seria filtrar tudo o que ouvimos e experienciamos e transformá-lo em canções.
O nome surge da dualidade inerente à célebre frase de Antoine Lavoisier:
"Na natureza nada se perde, nada se cria tudo se transforma.."

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
Nova música portuguesa, ou pôs-Punk!

Denotamos uma certa “preocupação/despreocupada”, com a estética da vossa música e até com os títulos dos temas, para vocês a música é muito mais do que uma sonoridade?
Música toda ela serve uma função muito básica que é a de nos elevar como seres-humanos, pois só nós a conseguimos entender a um nível intelectual, por aí, se ela se propaga pelo ar ela só existe porque a recebemos muito mais do que uma sonoridade, qualquer acorde nos pode fazer lembrar um sabor, um livro, um beijo, uma lágrima.
Sim a música é muito mais que uma sonoridade.

Preparam-se para editar o disco “É Teu”, já podem levantar o véu sobre o que podemos esperar?
Sim vai ser o nosso novo trabalho com alguns originais, versões de cancioneiro popular e poemas musicados.

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
Vão-se tendo.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A vantagem seria fazer aquilo que queres e gostas de fazer, a desvantagem tentar nunca comprometer a vantagem por motivos exteriores.

Quais as vossas maiores influências musicais?
Catarina Chitas, Fernando Lopes Graça, José Mário Branco, Fausto, Zeca Afonso, Antonio Variações, Elis Regina, João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Chico Buarque, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, The Beatles, John Lennon, The Doors, The Beach Boys, MGMT, Beethoven, Mozart, Stravinsky, Mussorgsky, Ravel, Scott Walker, Nusrat Fateh Ali Khan, Jeff Buckley, Grunge, Motown, Nina Simone, entre outros.

Como preferem ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Ao vivo 😊

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Tudo o que consista em partilhar, não pode matar nada.

Qual o disco da vossa vida?
Por Este Rio Acima, de Fausto ... ... ...

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
A Mulher do Fim do Mundo. Elza Soares.

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
Metá Metá

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Tocar numa galeria em Berlim para um grupo de jovens nos 70, 80 anos e ter tanto medo de estar muito alto, que começamos o concerto com os amplificadores desligados.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
José Valente

Para quem gostariam de abrir um concerto?
Para os Doors.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Lollapalooza.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
Talvez James Blake, ou Bobby McFerrin a solo.

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
Chico Buarque.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
Jeff Buckley ao vivo no Sin-é.

Qual o vosso guilty pleasure musical?
Rolling Stones.

Projectos para o futuro?
Parceria com Barrio Lindo (Argentina) no Milhões e tour do lançamento "É teu..."

Que pergunta gostariam que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Essa mesmo, essa mesmo.

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
Nunca estive num funeral em Portugal que passassem música, mas se fosse enterrado num local onde houvesse música gostaríamos que fosse: "4'33" de John Cage.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Terminamos ao som do mais recente single "Opinião", que antecipa a edição do álbum É Teu.

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