sexta-feira, 2 de junho de 2017

Conversas d'Ouvido com Matheus Torreão


Entrevista com o músico pernambucano actualmente radicado no Rio de Janeiro, Matheus Torreão. O cantor e compositor brasileiro ganhou notoriedade ao participar no programa televisivo Geléia do Rock. Em 2015 colaborou com Clarice Falcão (Porta dos Fundos), no ano passado surgiu a parceira com a banda Exército de Bebês, apimentando o seu pop/rock psicadélico com um toque de humor. Desta união irá resultar a estreia a solo de Matheus Torreão, com um disco previsto para este ano. Enquanto esse dia não chega, antecipámo-nos e fomos conhecê-lo melhor em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"...  

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Matheus TorreãoCom a descoberta de que eu era capaz de criar canções que me agradavam, com uns catorze ou quinze anos.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
São canções, então acontece delas conversarem com gêneros bastante distintos, dependendo do que está sendo dito na letra. No meu compacto tenho um rock, um frevo e outra que é a meio bossa meio balada, por exemplo. 

Actualmente encontras-te a trabalhar no teu debut a solo, já podes antecipar algo sobre o que podemos esperar?
Como o compacto já dá a ver, diria que o cinismo e a resignação são temas recorrentes nas minhas músicas.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Sou um grande fã de quadrinhos.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Nunca ser obrigado a amadurecer, tanto vantagem quanto desvantagem.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Sérgio Sampaio é uma influência enorme. Luiz Tatit e Gilberto Gil também. 

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Cada experiência tem a sua singularidade e sua memória afetiva. Mas tenho ouvido bem mais streaming, por ser mais prático.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
A música atravessou milénios de história humana, não acredito que uma tecnologia específica tenha o poder de matá-la ou salvá-la.

Qual o disco da tua vida?
Gosto muito do Gilberto Gil de 68, com Os Mutantes.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
A Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Kamasi Washington.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Acho todo concerto embaraçoso. Mas o pior foi o que abri com minha antiga banda pra o Restart, uma banda emo que tinha um público pré-adolescente bem grande no Brasil. Tínhamos uma música que falava sobre masturbação (Mãonogamia), a multidão de fãs e pais ficou ensandecida e nos expulsou a garrafadas.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Luiz Tatit.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Já realizei meu sonho, que era tocar no Circo Voador, aqui no Rio.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Realmente não sei dizer.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Fui um grande fã dos Libertines na adolescência, gostaria de ver um show deles.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Rooftop Concert, dos Beatles.

Qual o teu guilty pleasure musical?
The Cranberries.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Me identifico com Lulina e Tim Bernardes.

Na música “A Volta do Mecenas” contas com uma participação especial, como foi a experiência de colaborar com Clarice Falcão?
Foi demais. Ela é ótima, muito fácil de se trabalhar, e temos um jeito de fazer canções parecido. Também colaborei como compositor na comédia musical Especial de Ano Todo, que ela estreia em agosto na Netflix Brasil.

Nesse mesmo tema, alertas para a falta de apoio à cultura e mais concretamente na falta de suporte dedicado aos músicos, como tens experienciado esse desinvestimento na cultura? 
A música é menos sobre política cultural e mais sobre um desejo pessoal, utópico e mimado de ser sustentado por alguém que me desse total liberdade criativa. Acho que qualquer artista sonha com esse cenário. Claro que a falta de apoio é grave, mas acredito que é mais urgente sofisticar os mecanismos de apoio que já existem e acabam beneficiando quem menos precisa deles. 

Projectos para o futuro?
Terminar de gravar meu disco e lançar ainda esse ano.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Essa me parece ótima.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
"Minas", de Milton Nascimento.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Eu que agradeço!

Apresentamos agora o single "A Volta do Mecenas", com a participação especial de Clarice Falcão.

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