quinta-feira, 8 de junho de 2017

Conversas d'Ouvido com Sound Bullet

Entrevista com os Sound Bullet, banda brasileira de indie rock, que recentemente foi uma das seleccionadas para integrar a colectânea Levi's Original's Studio, editada pela Deezer. Compostos por Guilherme (voz, guitarra), Fred (baixo, voz), Henrique (guitarra) e Pedro (bateria), os Sound Bullet, são os mais recentes convidados das "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Fred (F): Surgiu como surge normalmente pra todo mundo, através de parentes e amigos, escutando coisas novas em viagens de carro, na televisão e, depois, na internet.

Como surgiu o nome Sound Bullet?
Pedro (P): Ele não tem um significado, foi algo para nomear a banda e acabou ficando. Nunca conseguimos achar nada melhor.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
Guilherme (G): Acho que seria indie rock com algumas influências externas ao estilo. Quem sabe indie rock feito por pessoas que ouvem djent, math rock, Michael Jackson, etc, também.

Foram seleccionados para integrarem o projecto “Levi’s Original’s Studio”, como foi a experiência?
Henrique (H): Foi uma experiência diferente do que já havíamos feito. Como o tempo era curto pra gravar e nós vínhamos de um processo de gravação bem extenso, feito com muita calma. Pudemos nos colocar à prova, fechar um arranjo definitivo em poucos dias, fazer takes bons rapidamente, basicamente.


Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
F: Depende de cada um, eu gosto muito de esporte, literatura e cinema, principalmente, filmes de terror ou com temática espacial.
G: Acho que cinema, esportes, anime, games, tudo isso compartilhamos e, de certa forma, leva a influenciar o nosso trabalho.

Quais as grandes dificuldades que uma banda independente enfrenta?
P: Falta de dinheiro, falta de tempo e falta de contatos. Um músico independente, normalmente, precisa trabalhar pelo seu sustento e para sustentar a banda. Com isso, não fica o tempo todo focado no trabalho musical. Isso já seria um problema. Mas, ainda tem a questão de não conhecer as pessoas que importam na indústria underground. Enfim, tem muita dificuldade, mas também tem muito prazer envolvido.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
H: Como músico em tempo integral, acho que sou o mais apto a responder. As vantagens de ser músico vigoram sempre por estar perto e vivenciar a minha própria musicalidade junto de todas as pessoas que me cercam e poder musicar nestes contrastes. Música como ofício nos exige a capacidade de permear por muitos gêneros musicais, que também se torna uma desvantagem, já que música e seus gêneros são lugares demorados que habitamos por muitos anos e conseguir transitar por muitos lugares diferentes nestes contrastes de musicalidade em alguns momentos pode ser um desafio.

Quais as vossas maiores influências musicais?
​G: Acho que cada um de nós tem influências bem distintas, o que acaba interferindo positivamente nas nossas composições. Ultimamente, o que mais tem nos influenciado é math rock e talvez um pouco de funk americano. Há também muita influência de música brasileira.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
H: Eu ouço basicamente pelo Spotify. O streaming facilitou muito a questão pra mim.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
F: Nem um nem outro. O streaming está mudando a música. Teoricamente, ele está democratizando o acesso a recursos, porque é fácil receber dinheiro das companhias, e atingindo mais gente. Mas, ele pode estar nivelando por baixo o acesso ao dinheiro pelos artistas e forçando uma mentalidade de produção. É uma questão muito complexa.

Qual o disco da tua vida?
F: O Live do Alice In Chains, apesar de ser uma coletânea, mudou muito do que eu enxergo como música. Além, é claro, de ser a representação mais visceral da banda que eu mais ouvi na vida.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
H: Acho que o último que eu ouvi e continuo ouvindo muito até hoje e mais fez memória, é o Altered State do Tesseract. As músicas são boas, ligadas umas nas outras, virou meio que paradigma de muita coisa pra mim.

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
P: Acho que foi Queen. Redescobri recentemente.
H: Eu tenho ouvido muito Debussy.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
G: Não sei se foi a mais embaraçosa, mas uma vez estávamos tocando em uma livraria, que ficava em uma rua movimentada, e algumas pessoas pararam para assistir e estavam gostando do show. De repente, um carro de polícia chegou e pediu para que o dono da livraria interrompesse o show. Ele ficou super constrangido, e nós e o público frustrados com o impedimento, mas não havia nada que pudéssemos fazer.

Já colaboraram com nomes como Geoff Sanoff e Joe Lambert, como foi a experiência?
F: Não colaboramos fisicamente com o Joe, então, meio difícil falar sobre isso, mas com o Geoff eu diria que foi fantástico. Poder trabalhar com alguém de nome como ele, com uma cultura diferente musical, fez a gente evoluir muito. Fora que foi um projeto diferente, gravando tudo ao mesmo tempo. A Sound Bullet depois dessa sessão é bem diferente.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
​G: Levando-se em consideração o gosto de todos nós da banda, acho que hoje gostaríamos muito de fazer uma parceria com o CHON. O resultado dessa mistura seria muito interessante.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
F: Acho que Arctic Monkeys e Chon. Mesmo que não tenha tanto a ver com o nosso som, seria interessante interagir e dividir o palco com bandas que nos influenciam tanto.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
P: Acho que todos gostaríamos de ir tocar nos EUA, na Europa e no Japão. Seria muito bom tocar num Glastonbury ou no Lollapalooza de Chicago, por exemplo.
H: Também seria ótimo tocar no Budokan, lá no Japão.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
F: Pra mim, foi o show do The Story So Far no Rio, em 2016. Foi uma sensação ótima como fã ver a banda tocando muito bem e o público passando uma animação inacreditável. Tem o do Circa Survive e do Rancore, que eu aposto que o Guilherme deve ter achado incríveis também.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
F: Acho que o Chon. Com o crescimento deles, fica mais provável que eles venham ao Brasil, mas sinto muita vontade de ver um show deles, sentir a energia que tem nos discos.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
G: Acho que os primeiros do Arctic Monkeys ainda em Sheffield. É bem legal ver o surgimento de uma banda tão impactante.

Qual o teu guilty pleasure musical?
F: Eu não tenho bem um guilty pleasure. Eu admito o que eu ouço, mesmo que não seja muito padrão de qualidade. Eu gosto de Backstreet Boys. E na juventude, eu gostava muito de Poison. Acho que tá nessa lógica de guilty pleasure

Projectos para o futuro?
G: Vamos lançar nosso CD agora nos próximos meses, clipe, vídeos, fazer muito show pelo Brasil, chegar a lugares que nunca fomos e, quem sabe, ir até a outros países.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
F: Como outras formas de arte afetam a musicalidade da Sound Bullet? A resposta seria: De todo jeito possível.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
H: "Rêverie" - Debussy
Nessa música, como em outras do Debussy, tenho a sensação de ser tomado pela noite.
"Devaneio" e sonho não se diferem muito, assim como noite e morte.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Nós que agradecemos, pessoal! Obrigado pela oportunidade.

A colectânea Original's Studio está disponível para escuta através da plataforma Deezer.

Apresentamos agora o single "When It Goes Wrong".

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