terça-feira, 31 de julho de 2018

Conversas d'Ouvido com Croka's Rock

O Croka's Rock está de regresso, para mais uma edição que decorrerá nos dias 10 e 11 de Agosto em Oliveira do Arda, Castelo de Paiva. O Ouvido Alternativo, esteve à conversa com Miguel Gomes, da organização do festival, para descobrirmos o que é que o Croka's Rock tem de tão especial...


Olá Miguel antes de mais obrigado pela disponibilidade...

Ouvido Alternativo: Como surgiu o nome Croka’s Rock?
Miguel GomesO recinto do Festival é conhecido pela zona da Croca. Essa zona foi batizada assim porque existiram lá moradores que tinham vindo de Penafiel, mais precisamente de um lugar chamado Croca. Por causa disso a população adoptou o nome. A partir daí foi juntar as peças. Croka´s referente ao local, Rock derivado aos nossos gostos musicais.

Um dia acordaste e pensaste: Vou organizar um festival de música, foi assim que surgiu a ideia?
Não. A ideia surgiu em conjunto. Lembro-me como se fosse hoje. Numa tarde de sol, estava com amigos num café perto do recinto a beber umas garrafas de vinho verde. Entre muita conversa surgiu a ideia espontânea. Todos achamos o conceito brutal. Embalados pelo vinho decidimos fazer o festival. No outro dia colocamos mãos à obra. De um grupo de 5 pessoas passamos a 20 em menos de uma semana. Fizemos a primeira edição em um mês e poucos dias. Foi intenso, mesmo intenso. Mítico.

Quais as dificuldades que se sente quando se decide organizar um festival, fora dos grandes centros?
A maior dificuldade é demonstrar às pessoas que um Festival é um evento com valor Cultural. Nos primeiros anos as pessoas pensavam que o Festival era algo só para os jovens irem apanhar bebedeiras. Ao longo dos anos perceberam que é algo que implica muito trabalho, dedicação e cooperação.

Num mercado repleto de festivais de verão, o que é que o Croka’s Rock tem de diferente?
Primeiro é Entrada Gratuita. Depois tem uma dinâmica muito própria. O festival consegue aliar momentos de relaxamento com momentos de euforia. O local é fulcral pois fica junto ao Rio Arda, afluente do Douro. É um local que é mesmo natural. Toda a logística do Festival, água, luz, palcos, etc, é colocada no recinto para aquele determinado evento. As pessoas sentem isso quando visitam o local. Por último e muito importante… a população da terra. Essas pessoas recebem os visitantes genuinamente e isso traduz-se em ambiente pacífico, boa onda e honesto.

Comenta a nossa afirmação, “Hoje em dia vive-se a moda dos festivais de verão, muitos dos festivaleiros actuais, nem conhecem o respectivo cartaz musical.
É verdade. Parece que muitas das vezes a música está esquecida. No entanto, ela é o elo que une tudo. É importantes as pessoaouvirem música e procurarem conhecer música, portanto os organizadores de festivais têm de lutar para que isso aconteça. Não devemos tornar os eventos Musicais em centros de consumo desenfreado.
O Croka's ainda não é uma moda, felizmente! Noto que as pessoas vêm com interesse de conhecer o cartaz, mesmo que não conheçam as bandas, porque foram habituadas ao longo dos anos a receber experiências musicais diversificadas. 

Sabemos que é uma pergunta ingrata, mas do cartaz deste ano, o que é que não podemos mesmo perder?
Não querendo ser ingrato, todo o cartaz.

Que artista/banda ainda sonhas trazer ao Croka’s Rock?
A banda que sempre quisemos trazer, manunca conseguimos foi Diabo na Cruz.

Para quem nunca foi ao Croka’s Rock, diz-nos o que andam a perder?
É ver para crer!

Podes contar-nos alguma história inusitada que tenha acontecido em alguma edição anterior do Croka’s Rock?
Até conto duas histórias. A primeira foi durante o concerto dos Dixie Boys em 2011. O público estava tão louco que um homem pegou numa daquelas grades que delimitam a frente do palco e abanou-a no ar mesmo em frente à banda. Aliás, existe uma foto desse momento. No final do concerto, os Dixie Boys falaram logo disso: “Nós pensamos que ele ia atirar a grade para o palco!”.
A segunda foi no concerto da banda Minnemann Blues Band em 2012. Eles fecharam o primeiro dia. Tivemos muitos atrasos nesse ano e a banda começou  a actuar muito tarde e com pouca gente. Para ajudar à festa um dos músicos da banda teve de se ausentar de tarde e depois perdeu-se no caminho. Começaram sem ele. No entanto, agarraram o público na primeira música. A mística do Blues foi tão grande que houve pessoas que pegaram em cadeiras e foram sentar-se no recinto a apreciar a banda. Passados momentos chegou o músico que faltava. Pegou na harmónica e fez arte. Todos rimos e ficou na memória! (risos)

Projectos para o futuro?
Fazer acontecer este ano e depois pensar…

Um festival com entrada gratuita, é possível graças a diversos esforços e “boas-vontades”, queres deixar algum agradecimento especial?
Não vou especificar, poisão muitas pessoas e instituições que nos apoiam. Deixo um Obrigado enorme para todas as pessoas que nos ajudam (são mesmo muitas). 
A Cultura deve ser gratuita para aproximar as pessoas.

Obrigado ao Ouvido Alternativo por se interessar por nós.

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