terça-feira, 28 de maio de 2019

Fala-me de Música com Dream People - "Forever, Too Long"

Hoje os portugueses Dream People, são os nossos convidados para nos apresentarem o seu single de estreia “Forever, Too Long”. Produzido por Manuel Reis (Manel Cruz), no âmbito da residência artística promovida pela Escola de Rock de Paredes de Coura e pela Antena 3. O single vagueia pela dream /synth pop e é o cartão de visita desta banda lisboeta que se senta connosco para nos falar de música…


Música
Composta por: Francisco Taveira, Nuno Ribeiro e Bernardo Sampaio
Produzida por: Manuel Reis
Francisco Taveira (FT): O Nuno mandou-me um ficheiro mp3 chamado cheesy ending. Eram uns acordes de um synth que ele tinha criado no Ableton. O conjunto em si era demasiado complicado. Nós queremos fazer músicas que consigam aproximar-se – e não distanciar-se – das pessoas. Não me suscitou grande interesse logo à partida. Umas semanas depois tropecei outra vez nesse ficheiro e foi precisamente o cheesyending ou fim pirosoque me chamou a atenção. Eram quatro acordes simples mas profundos, nostálgicos, felizes mas também tristes. Decidi trabalhá-los no Logic. Tentei desde logo que a música não tivesse pressa, que a sua intensidade fosse espaçada, respirada, um pouco como deve ser o amor, que é o tema da música. Sem perder o fôlego. O Bernardo veio mais tarde realçar esta faceta da música, dando-lhe um ambiente de arpejos de guitarras bem reverberadas, o que acabou por encaixar que nem uma luva na tristeza feliz da música. Por acaso, no dia em que estávamos a acabar de compor a música, na garagem ao lado estava o José Cruz, trompetista. Convidámo-lo para criar um final catártico para a música, que ele sacou brilhantemente ao segundo take, num velho trompete que para lá tínhamos. A produção do Manuel Reis, em Paredes de Coura e as baterias do José Marrucho deram à música um último toque, mais cru e real, menos eletrónico. 

Letra
Autor: Francisco Taveira 
Esta letra é sobre o amor. Mas, tal como a canção, não é uma letra feliz. É sobre como, por vezes, com as melhores intenções, prometemos mais do que podemos dar. Sobre o contraste entre a leveza e a inocência do primeiro amor, onde nos entregamos, e a triste precariedade que por vezes resulta do seu desvirtuamento. A letra é, portanto, um apelo a que se viva um amor verdadeiro, dia a dia, momento a momento, respirado, calmo, sincero. Quanto ao processo criativo, eu não planeio uma letra. Ou seja, não penso no tema antes da música. Creio que isso limita a minha criatividade e robotiza a música e a métrica. As letras surgem-me depois de já ter o instrumental e de certa forma, como uma aguarela onde depois vou descobrindo formas mais concretas. Escrever uma letra é, para mim, confiar na qualidade e sinceridade desses primeiros esboços – que são no fundo balbucios livres – e a partir deles ir descobrindo essas formas “mais” concretas, que me digam algo e que me levem a algum sítio. Geralmente levam-me ao sítio certo.

Vídeo
Realizadora: Margarida Caetano Dias
A ideia foi discutida entre todos. Queríamos um videoclip em que se apresentasse a banda, mas sem nunca se perder o estado melancólico, nostálgico, slowburnda música. A Margarida teve a ideia de irmos simplesmente andar de carro por Lisboa, com várias câmaras, e ver no que dava. No fundo, como se fosse um relato amador de um dia qualquer de uma banda qualquer, recheado de caras tristonhas. O dia, chuvoso e triste (perfeito para a ocasião) começou no Guincho e acabou em casa do Bernardo, no Bairro Alto, com todos nós, a Margarida, um gato e uma luz estroboscópica a ajudar. A ideia inicialmente um pouco “à balda”, acabou por ganhar uma bonita forma com a montagem bem pensada da Margarida.

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