sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Fala-me de Música com Yannick Hara - "Blade Runner"

O Ouvido Alternativo, abre-se momentaneamente ao hip-hop, mas a razão é mais que justificada, com as referências cyberpunk do novo vídeo do rapper brasileiro Yannick Hara. Numa clara referência à obra homónima de Ridley Scott, o single é também por si só, uma homenagem ao filme de 1982. "Filho de pai negro e mãe japonesa, Yannick mescla a cultura oriental e ocidental, fundindo o universo anime com o do hip-hop". "Blade Runner" é o primeiro single do futuro disco "O Caçador de Androides", com lançamento previsto para dia 19 de Novembro deste ano. A seguir, podemos desvendar as inspirações por detrás desta música...

Música: “Blade Runner”
Autor: Yannick Hara
Esta canção é a síntese das 12 faixas do disco "O Caçador de Androides" que será lançado em Novembro. Por que Novembro? É em Novembro de 2019 que a saga se inicia no filme. Em 1982 quando foi lançado, o ano de 2019 parecia bem distante, e realmente era, o futuro distópico descrito na época foi encarado como ficção, porém vemos que a narrativa que aporta o filme é a realidade de hoje. Sempre gostei de canções que resumissem o disco, geralmente as via no final, na última faixa. Quis ir contra a esta estética e iniciar o disco falando do todo primeiro e nas demais canções seguintes, as partes. O dubstep, a concepção sonora desta canção, sempre foi uma vontade minha em realizar. É um ritmo eletrônico poderoso, alucinante. Pedi ao Blakbone, o produtor desta música, que não caíssemos numa música dançante, acelerada e sim em algo mais reflexivo, com um bpm mais devagar e conciso.  
Letra
Autor: Yannick Hara
Utilizei trecho das 12 canções nesta música, as montei como montaria uma redação descritiva, início, desenvolvimento e conclusão tudo isso de verso em verso. Quando eu escrevi esta música muita das outras canções do disco não estavam escritas, “Blade Runner” me deu um rumo a seguir, dela pude percorrer caminhos mais longínquos dentro da estética cyberpunk. Tive a honra de ter a participação do poeta Rafael Carnevalli que finalizou a canção com uma poesia maravilhosa, dando todo o sentido que eu precisava até mesmo seguir com o disco, questionando a tecnologia, questionando a qualidade de vida, os hábitos, vícios, maneirismos da atualidade. O processo de criação desta canção partiu primeiro do instrumental realizado pelo Blakbone, que instintivamente dividiu a música de forma precisa, aonde eu poderia começar e ir e aonde Rafael começaria e terminaria. É aquelas mágicas que a música proporciona, quando tudo se encaixa.
Videoclipe
Autores: Vertin Moura, Luan Cardoso, Rhaissa Bittar, Kelén Henn, Pedro Camargo e Victor Castro
Conheci Vertin numa reunião de negócios, trabalhamos com o mesmo produtor. Me identifiquei com a forma de trabalho artístico dele e neste mesmo dia passamos a tarde conversando sobre arte e sobre a vida. Vertin é ator e atuou em filmes como "Big Jato", "Marighella" e na série "3%" da NETFLIX. Queria que neste novo disco eu pudesse trabalhar com pessoas do ramo cinematográfico e Vertin me ajudou a reunir um time de profissionais que tem a mesma visão artística. Partiu daí a ideia dele como ator, dirigir este videoclipe. Vertin mergulhou na estética Blade Runner, assistiu diversas vezes os filmes e trouxe referências que eu gostaria de traduzi-las no videoclipe, mas que não parecesse cópia. Foi aí que ele decidiu implantar uma visão mais documental da São Paulo distópica, da visão brasileira de Blade Runner. Luan Cardoso foi responsável pela fotografia do videoclipe, ele contribuiu demais com as cenas em que precisamos dar ritmo e sequência. Rhaissa Bittar, como assistente de direção foi responsável pelas cenas internas em estúdio e auxiliou na transposição da referência de uma cena essencial para o vídeo, onde eu converso com o poeta e comigo mesmo. Kélen Henn foi responsável por toda produção do videoclipe, correr atrás do que o vídeo precisa é uma das tarefas mais difíceis de se realizar, e ela cumpriu maravilhosamente bem. Meus irmãos Pedro Camargo e Victor Castro ficaram responsáveis pela pós-produção e deram um toque de mágica a tudo o que filmamos e deixaram a obra mais fiel à estética da ficção científica cyberpunk. Fiquei muito feliz e satisfeito com o resultado, iniciamos esta nova saga na minha carreira de forma exemplar, construímos uma estética que pretendo seguir seus traços nos próximos 11 videoclipes que farei deste disco.

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