sexta-feira, 10 de julho de 2015

Nos Alive 2015 - Reportagem 1.º Dia - 9 de Julho




Começou a edição de 2015 do Nos Alive, o primeiro dia encontrava-se há muito esgotado, muito por causa do regresso dos britânicos Muse ao nosso país, mas houve muito mais neste primeiro dia: Alt-J, Django Django, Metronomy e The Wombats entre tantos outros. Este primeiro dia ficou marcado pelo cancelamento de Jessie Ware, por questões logísticas?
Como vem sendo habitual fizemos a nossa selecção e devido à sobreposição de horários não foi possível assistir a tudo o que gostaríamos, assim a selecção do ouvido alternativo começou às:

17:30 - Les Crazy Coconuts (Raw Coreto by G-star Raw): banda portuguesa que recentemente foi finalista no concurso de bandas da antena 3, combina na perfeição a pop, com o rock, com os ritmos dançáveis, no entanto o grande destaque vai para o "sapateado alternativo", que se junta à percussão da bateria e que nos cativa desde o primeiro momento, os pés responsáveis por tal proeza pertencem a Adriana Jaulino, ao qual se junta a bateria de Tiago Domingues, a guitarra, voz e sintetizadores de Gil Jerónimo e o baixo de Hugo Domingues. O ouvido alternativo avisa esta banda vai dar que falar.


18:00 - The Wombats (Palco Nos): os ingleses estrearam-se finalmente no nosso país, à sua frente tinham uma plateia ainda pouco numerosa, no entanto  notava-se a presença de alguns fãs acérrimos da banda, que esperaram anos por este momento. O concerto foi energético e empenhado, apresentaram temas do último Glitterbug, mas curiosamente foram os temas mais antigos que conseguiram maior reacção por parte do público, não faltou "Moving To New York", logo a abrir, "Greek Tragedy" e para o final ser completo deixaram "Tokyo (Vampires and Wolves)" e o seu maior êxito "Let's Dance to Joy Division". Esperemos que não demorem tanto a regressar, como demoraram a estrear-se por terras lusas.


18:50 - Young Fathers (Palco Heineken): o trio escocês, que ao vivo se apresentam como quarteto, mostraram uma energia fora do comum, muitas vezes ficamos com a sensação que se encontram "possuídos por espíritos do mal", mas no bom sentido, o concerto foi cru e agressivo, mas cativaram os poucos presentes. Os Young Fathers mostraram que é possível a fusão entre hip-hop, pop, rock com influências africanas. Não foi memorável mas valeu a pena.


19:10 - James Bay (Palco Nos): o cantor e compositor, há muito que era uma aposta do ouvido alternativo e nesta estreia em Portugal, não desiludiu, mostrou que consegue cativar uma plateia bastante composta sem artefactos, baseando-se praticamente na sua voz e guitarra. James, mostrou-se sinceramente feliz e admirado com a reacção efusiva que recebeu por parte do público português e prometeu voltar. Os momentos altos foram os singles: "Let it Go" e "Hold Back the River", com o qual encerrou o concerto e foi cantado em uníssono.


20:40 - Ben Harper and The Innocent Criminals (Palco Nos): houve uma altura já distante no tempo em que Ben Harper e Portugal tinham uma relação de amor intenso, mas como tantas histórias de amor a paixão inicial desvaneceu e esmoreceu com o tempo, foi isso mesmo que podemos presenciar. Ben Harper mostrou que o talento continua lá, bem como as habilidades com que domina a guitarra, mas nunca conseguiu entusiasmar, concerto morno, para não dizermos frio, com um Ben Harper praticamente sempre sentado, o momento alto foi "Steal My Kisses"


21:25 - Metronomy (Palco Heineken): os Metronomy deram provavelmente o melhor concerto do dia, rivalizando com os Muse, diz o ditado que não devemos voltar ao sítio onde um dia fomos felizes, mas a banda inglesa fez isso e voltaram a ser felizes, concerto memorável com um final apoteótico. A primeira grande enchente do palco secundário. Os temas do último e maravilhoso disco Love Letters foram celebrados e êxtase: "Love Letters", "I'm Aquarius", "Reservoir" e "Upsetter", no entanto os clássicos não foram esquecidos e o público reagiu com momentos de histeria em ""The Look", "Heartbreaker" e "A Thing For Me". Prometeram regressar em breve, ficamos ansiosamente à espera.


22:25 - alt-J (Palco Nos): a banda inglesa regressou ao Nos Alive e teve direito desta vez ao palco Pricipal, após se ter provado da última visita que o palco secundário era minúsculo para o imenso sucesso que gozam no nosso país, no entanto hoje pareceu-nos que este palco era grande de mais. Os alt-J deram um excelente concerto, mais introspectivo, talvez porque o segundo álbum (This is all yours) é muito menos expansivo que o aclamado disco de estreia (An Awesome Wave). Apesar do belíssimo concerto que deram, a sua sonoridade que nos convida a viajar pela imensidão do espaço, perdeu-se um pouco perante tamanha multidão que já se concentrava junto ao palco, possivelmente à espera de Muse. Os fãs estavam lá e em grande número, e ficaram novamente convencidos como nós ficamos mas quem desconhecia ficou indiferente. O repertório  navegou por ambos os discos, no entanto o mais recente teve lugar de destaque, os momentos altos fizeram-se ao som dos singles extraídos do seu debut, tais como "Bloodflood", "Fitzpleasure" e a inevitável "Breezeblocks".


00:10 - Muse (Palco Nos): aproximadamente 5 minutos após a hora marcada subiam ao palco os tão aguardados Muse, e a abrir o single do último disco Drones, "Psycho" e logo ali mostraram ao que vinham: rock épico e o regresso às origens após alguns devaneios de aproximação à electrónica. Os Muse são uma máquina bem oleada, continuam a ter a alegria e a vontade de estarem juntos em palco e isso nota-se do primeiro ao último acorde. São sem sombra de dúvidas uma das melhores bandas ao vivo do mundo e no Passeio Marítimo de Algés voltaram a demonstrá-lo. Muito mais que um concerto é um espectáculo visualmente impressionante, apesar disso não se esquecem do que é importante a música e nisso são excelentes executantes, o que fica bem patente nos inúmeros solos instrumentais. A voz de Matt é impressionante ao vivo parece que estamos a ouvir um disco no conforto do lar. Entre bolas gigantes e chuvas de convites e serpentinas, passaram pelos grandes êxitos, e defenderam com mestria o mais recente disco. Houve tempo até para uma versão mais lamechas de "Madness", tema que admitimos não nutrir especial apreço. "Time Is Running Out", "Starlight", "Plug In Baby", não faltaram, do novo disco destacamos a brilhante "Reapers" que ao vivo assume contornos de hard rock. Finalizaram com "Mercy", mas voltaram para um encore revivalista ao som de "Uprising" e despediram-se novamente com o hino "Knights of Cydonia. Admitem regressar em 2016 para um concerto em nome próprio, desde que voltem assim, são sempre bem-vindos. Para quem não viu fica aqui o concerto na íntegra e em HD.


01:40 - Django Django (Palco Heineken): regressaram ao mesmo palco onde já haviam dado um concerto memorável, e provaram mais uma vez que vieram para ficar, excitantes, entusiasmantes e energéticos. Ninguém ficou indiferente e apesar do cansaço acumulado ninguém conseguiu parar de dançar, à sua espera tinham uma plateia eufórica e numerosa apesar do avançar da hora. Único senão: a qualidade do som deixou imenso a desejar, por vezes a voz de Vincent tornou-se quase imperceptível. Já merecem um concerto em sala fechada em nome próprio, ou até podiam na mesma noite marcar um coliseu por exemplo e juntar Alt-J e Django Django, seria com certeza inesquecível. Ao vivo revisitaram o primeiro disco que os catapultou para o sucesso, mas não esqueceram o novíssimo Born Under Saturn. Não faltaram "First Light", "Default", "Shake and Tramble" e "Hail Bop", terminaram com "WOR", mas estavam tão entusiasmados que apelaram à organização tempo para mais uma, e então despediram-se ao som de "Silver Rays".


03:00 - Flume (Palco Heineken): a noite terminou em clima de dança, festa e muitos corpos agitados ao som da electrónica experimental de Flume, o público em número considerável respondeu à chamada e mostrou-se bastante conhecedor do trabalho de Harley Streten, produtor e DJ australiano que já colaborou com Chet Faker que actuará no último dia do festival. Final apoteótico para um dia em grande. Voltamos amanhã.

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