Apresentamos a brasileira Laura Petit, nascida em Brasília e criada em Curitiba. Bailarina desde a infância até à adolescência, a sua linguagem corporal é utilizada para descontrair a música popular brasileira. A sua sonoridade serpenteia entre o indie pop e o folk-rock, revestindo-se de uma irresistível sensualidade. Laura Petit lançou recentemente o álbum Monstera Deliciosa, momento ideal para a conhecermos melhor, na mais recente edição das "Conversas d'Ouvido"...
Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Laura Petit: Fui uma criança e adolescente bailarina. Meu contato com dança e música era diário e dançar acompanhada por um pianista, me encantava. Ver a música acontecer era emocionante, mesmo para a criança que então eu era. Me emocionam até hoje as músicas que dancei nas apresentações.
Minha casa também foi sempre muito musical. Minha mãe colocava música para tocar, para nos acordar e meu pai me apresentou músicas que até hoje são minhas favoritas. Com nove anos ganhei um violão e aos dezasseis descobri que adorava compor.
Editaste recentemente o disco “Monstera Deliciosa”, para quem ainda não teve oportunidade de o ouvir, o que podemos esperar?
Minha casa também foi sempre muito musical. Minha mãe colocava música para tocar, para nos acordar e meu pai me apresentou músicas que até hoje são minhas favoritas. Com nove anos ganhei um violão e aos dezasseis descobri que adorava compor.
Editaste recentemente o disco “Monstera Deliciosa”, para quem ainda não teve oportunidade de o ouvir, o que podemos esperar?
É um trabalho bem diferente de tudo que já fiz até agora. Estou muito feliz com a identidade que encontramos para ele. Ele tem uma carga sensual, melancólica e contemplativa. Ao mesmo tempo considero um disco dançante em sua introspecção.
Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Não sei se eu gosto de descrever meu estilo musical, na verdade (risos). Essa é uma das perguntas mais difíceis de responder. Acho que não tenho essa resposta. São tantas referências diversas que eu acho que eu não saberia identificar um só termo pra defini-lo.
Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Todo dia uma nova. Sou muito volúvel em relação às paixões. Tenho me encantado especialmente por poesia e alguns poetas têm me inspirado muito. Mas já houve a época do teatro, da aquarela e agora ando querendo aprender a costurar.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Eu sou muito apaixonada pela música e tudo o que ela carrega. É a minha melhor linguagem. É através dela que eu traduzo e sinto meu universo. Mas é uma profissão muitas vezes ingrata e pouco valorizada, como tantas outras artes. Mesmo assim, sou e só sei ser feliz com ela.
Quais as tuas maiores influências musicais?
Elas são muitas e se acumulam. São também bastante diferentes entre si. Cada uma me inspira em algum lugar de mim. Caetano Veloso está sempre junto, especialmente com seu “Transa”. Adoro Céu, muito. Leio e escuto muito Arnaldo Antunes. Acho o Devendra Banhart foda, adoro Mac DeMarco e sempre ouço Françoise Hardy. É uma confusão.
Como preferes ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
É muito prático escutar por streaming, por isso acaba sendo o mais recorrente, mas sem dúvida o vinil é uma delícia. Toda a atmosfera que ele traz e os momentos de audição de um LP são sempre mais charmosos. Acho super interessante a proposta da K-7 também. Acho a própria fitinha, assim como o vinil um charme, um mini fetiche que eu gosto de ter. O novo disco, inclusive, vai sair em K-7.
O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
É uma nova realidade e ainda estamos nos adaptando a ela. Não acho uma mídia ruim, só está em fase de descoberta por todos nós.
Qual o disco da tua vida?
“Transa” do Caetano Veloso sempre me acompanhou em todas as minhas fases. Me inspira em tudo que ele é.
Qual o último disco que te deixou maravilhada?
Conheci há pouco tempo o “Princesa” da Carne Doce. Conhecia poucas músicas do disco e já me encantava. Quando parei, parei para ouvir o disco todo, ele me invadiu de um jeito intenso e necessário.
O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Além da Carne Doce, por quem me apaixonei ainda mais depois do “Princesa”, tenho escutado muito Negro Leo e seu “Água Batizada”, acho primoroso.
Para quem gostarias de abrir um concerto?
Provavelmente para todas as minhas grandes influências. Acho que para o Arnaldo Antunes seria lindo. Tudo que ele faz me emociona. Abrir um show dele seria uma grande experiência.
Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Acho que os festivais são sempre grandes experiências para qualquer artista. Acho geniais alguns dos que rolam por aqui mesmo no Brasil e mundo afora. Espero poder tocar em alguns deles por aí.
Qual o melhor concerto a que já assististe?
Provavelmente todos aos que já fui do Arnaldo (Antunes, mais uma vez). Sou louca por ele, e vê-lo no palco, doido como é, é lindo sempre.
Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Estou curiosa pra ver como é a Carne Doce no Palco, mas são muitos os shows que ainda quero ver. Como estou com o disco deles na cabeça, talvez esse seja o show a ver.
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
O Roy Orbison foi um cara que meu pai me apresentou quando criança. Já nessa época me apaixonei pela voz que embalava seus rocks românticos. Me apaixonei mais tarde também por sua história, muito triste. Ele morreu antes mesmo do meu nascimento. Escuto muito seus discos, mas o show não vai rolar.
Qual o teu guilty pleasure musical?
Eita! Eu gosto de Oswaldo Montenegro. Com todo respeito. (risos) Gosto mesmo.
Projectos para o futuro?
Acho que o plano agora é rodar com o novo disco e seguir estudando, melhorando, compondo. Tenho buscado conhecer novos artistas, frequentar novos lugares, buscar o novo. Foi assim que surgiu o Monstera Deliciosa e foi maravilhoso.
Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Gostaria que me perguntassem “Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada?”. A resposta eu já não sei.
Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Acho Philip Glass lindo e emocionante, então poderia ser qualquer uma dele. Talvez "Opening (from Glassworks)"”. Mas acho que a galera ficaria ainda mais emotiva, então não sei. Poderia ser também "Estrada do Sol"”, da Dolores Duran. Linda e mais alegre.
Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Terminamos, como habitual com a música dos nossos convidados, desta vez ficamos ao som do single "Compressa".
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