Entrevista com a cantora e compositora brasileira Cássia Novello. Em 2013 editou o seu primeiro e aclamado álbum Noturna, este ano regressou com o lançamento do EP Mundo Presente que conta com a produção de Lucas Vasconcellos (Letuce). Entre as suas maiores influências encontramos nomes como Pet Shop Boys, Two Door Cinema Club, The Killers, Gossip e Pato Fu. No futuro pretende continuar a divulgar a sua carreira a solo, mas já tem um novo projecto, chamado Cosmobox, para descobrirem isto tudo e muito mais, não podem deixar de ler a entrevista que se segue, em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"...
Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Cássia Novello: Minha mãe é pianista, e tocava bastante durante minha infância. Meus pais me presentearam com um teclado de brinquedo e lembro de me divertir muito com ele tirando algumas músicas de ouvido. Lembro também que eu e meu irmão, Eric Novello, sempre ouvimos muita música juntos e assistimos muita MTV. No fim dos anos 90, fase das boy/girlbands, eu comecei a compor. E não parei mais.
Editaste recentemente o EP “Mundo Presente”, para quem ainda não ouviu o que podemos esperar?
O “Mundo Presente” se distancia do pop rock noventista do meu primeiro álbum, “Noturna”, e busca modernizar a sonoridade. Mantém-se a influência do rock, como guitarras e bateria acústica, mas agora misturados a elementos eletrônicos, que já estavam presentes em “Noturna”, mas agora possuem mais força nos arranjos.
“Mundo Presente” conta com a produção de Lucas Vasconcellos, como foi a experiência?
Antes de entrar em contato, achamos que o Lucas não teria disponibilidade devido à sua turnê com a Legião Urbana. Mas ele criou espaço em sua agenda cheia de viagens, e disse pra mim: “eu sou o cara para este trabalho”. Nos reunimos em seu homestudio para definirmos o rumo que cada música tocaria, e o Lucas sempre demonstrou intimidade com diferentes timbres e muita criatividade ao apresentar diversas possibilidades para os arranjos. Na fase das gravações, ele trouxe os músicos Marcelo Vig e Mauro Berman, que também colaboraram muito para a sonoridade do álbum. Eu não poderia ter ficado mais feliz com o resultado.
Como gostas de descrever o teu estilo musical?
A direção do “Mundo Presente” é o rock alternativo. Mas o álbum acabou tocando em outros estilos como o blues e o eletropop.
Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Tantas! Tenho formação em Ciência da Computação, e sou apaixonada pela cultura nerd, como jogos eletrônicos e de tabuleiro. Outras são: a patinação, a produção de vídeos para internet, livros, filmes, etc.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem para mim é poder me expressar através de música. Como uma pessoa muito sensível, encontro na arte uma válvula de escape para emoções. A desvantagem é que tem sido complicado transformar a paixão pela música em renda para seguir com o trabalho. É preciso usar a criatividade também para contornar essas dificuldades.
Quais as tuas maiores influências musicais?
Alanis Morissette, The Cranberries, Matchbox 20, The Killers, Gossip, Two Door Cinema Club, Pet Shop Boys, Erasure. Do Brasil tem Jay Vaquer, Pato Fu, Engenheiros do Hawaii, etc.
Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Atualmente, me rendi ao streaming. Compro discos apenas de bandas independentes.
O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
O streaming veio como boa alternativa ao download gratuito de mp3's. Entretanto, a remuneração aos compositores por audições via streaming ainda é muito pequena. Espero que a indústria da música continue evoluindo para buscar uma solução que seja boa tanto para o público quanto para os artistas.
Qual o disco da tua vida?
Considero o Ray of Light, da Madonna, uma obra-prima.
Qual o último disco que te deixou maravilhada?
Mundo Presente (risos). Ok, sem ser o meu. Gostei muito do Gameshow, do Two Door Cinema Club.
O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Grace Mitchell, Aurora, Warpaint. Tem uma playlist no Spotify chamada “Women of Indie” que eu escuto bastante e vivo descobrindo mais sobre cada uma que está lá.
Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Em uma das minhas primeiras apresentações, vi duas crianças rindo e apontando pra mim durante a música. Minha insegurança aflorou e fiquei tão nervosa que acabei desafinando tudo. Ficou de experiência!
Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Tantos! Adoro parcerias. Aqui no Brasil, adoraria trabalhar com a Tulipa Ruiz, a Mahmundi e o Silva. Recentemente participei de um show da Purano que foi muito especial. De internacional, adoraria trabalhar com a Grace Mitchell e com Warpaint.
Para quem gostarias de abrir um concerto?
Adoraria abrir um show da Lorde. Dos artistas mais pop, acho que o trabalho dela é o que mais se relaciona com o meu. E eu gostei muito do último álbum.
Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
O Circo Voador é um lugar mágico aqui no Rio de Janeiro.
Qual o melhor concerto a que já assististe?
Assisti a shows incríveis no Circo Voador. Neste ano, o show do Two Door Cinema Club foi sensacional. Pude perceber a evolução deles desde o primeiro show que vi, em 2011 e ver de perto o quanto a sonoridade mudou mas ainda permanece com unidade. Isso foi uma grande inspiração. Ano passado, assisti também no Circo Voador o show do Garbage, uma banda que marcou minha adolescência e que foi uma grande referência para o meu som atual. Também foi muito emocionante.
Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
A Aurora vem no Rio em outubro e estou ansiosa demais. Vi em alguns vídeos que a performance ao vivo das músicas tem uma sonoridade bem diferente do disco, e estou curiosa para presenciar isso! Outra banda que espero poder ver ao vivo é The Killers.
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Gostaria de ter estado em Woodstock, ou em algum show do The Doors. O rock dos anos 60 faz com que eu me sinta bem, não sei porquê.
Qual o teu guilty pleasure musical?
(risos) Ainda ouço bastante as boy/girlbands dos anos 90/00. Recentemente, ouvi muita coisa de Hanson.
Projectos para o futuro?
Seguir a divulgação da minha carreira autoral, fazer shows com o repertório do Mundo Presente e apresentar o trabalho de uma nova banda com quem estou gravando, chamada Cosmobox.
Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Já sofreu preconceito por ser uma mulher no rock and roll? Já ouvi muitas vezes que o rock não combina com a minha voz. Também já participei de festivais com várias bandas, em que fui a única mulher a pisar no palco. Mas também tive pessoas queridas que me deram oportunidade para fazer acontecer. Hoje em dia, procuro conhecer e incentivar as meninas e mulheres a participarem mais da cena do rock aqui no Rio de Janeiro.
Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
Eu teria milhares de respostas, mas a primeira que pensei foi "Por Um Pouco de Paz", do Jay Vaquer.
Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
"Girls Just Wanna Have Fun" – Cyndi Lauper
Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Apresentamos agora o mais recente single "Presente do Acaso"
Recuamos um pouco no tempo, mas têm que ouvir e ver o vídeo clipe de "Noturna"...
Apresentamos agora o mais recente single "Presente do Acaso"
Recuamos um pouco no tempo, mas têm que ouvir e ver o vídeo clipe de "Noturna"...
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