sábado, 22 de julho de 2017

Conversas d'Ouvido com Whipallas



Entrevista com a banda brasileira de indie rock Whipallas, pela voz do guitarrista e vocalista Pedro Lenz. O quinteto proveniente do Rio de Janeiro é ainda composto por Jayme Monsanto (baixo), André Coelho (bateria), Bernardo Massot (teclas, sintetizadores) e Márcio Biaso (guitarra). Estrearam-se no ano transacto com um aclamado EP homónimo, actualmente preparam-se para editar um novíssimo EP. Enquanto esse dia não chega, viajamos até à Cidade Maravilhosa, para conhecer melhor os Whipallas...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Pedro Lenz: A banda toda de alguma forma convive e trabalha com a música há bastante tempo. Acho que cada um começou essa paixão do seu jeito, no meu caso, surgiu bem cedo por causa dos meus pais. Minha mãe toca violão, canta e compõe, já meu pai é pianista, então acho que a conexão se deu ainda na infância.

Como surgiu o nome Whipallas?
Numa viagem ao Atacama que fiz com minha esposa, durante um passeio pelo Salar do Tara. Um guia boliviano carismático nos contou sobre a relação que os povos andinos tinham com o planeta, que era de muito respeito e reciprocidade. Eles celebravam a “pachamama” (Mãe Terra) e tudo de bom que ela provia. Achei aquele papo todo muito inspirador até ele mencionar a tal bandeira que esses povos criaram para simbolizar essa relação, a “Wiphala”. Quando ouvi pela primeira vez, já sabia que tinha encontrado o nome da minha futura banda. A gente só mudou letras de lugar e acrescentou outra. (risos)

Preparam-se para editar novo EP, já podes antecipar o que podemos esperar?
Sim! Lançamos o primeiro single “Boogie Boogie”, que inclusive já tem até clipe.


Agora vamos divugar o segundo single e em breve o EP inteiro estará disponível nas plataformas digitais. Sobre o que se esperar, acho que assim como no primeiro EP, esse também tem uma sonoridade indie dançante, talvez um pouco mais rock que o anterior. Mas no fundo no fundo, continuamos experimentando e buscando sonoridades, ideias e influências, bebendo em diferentes fontes e épocas que gostamos, ao mesmo tempo que nos identificamos muito com tudo o que estamos produzindo, tem o dedo de cada um de nós aí.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
Chegamos a conversar sobre isso, porque volta e meia aparece essa pergunta. A conclusão que é uma espécie de indie rock dançante, se pudéssemos categorizar numa playlist seria “Dance Indie Rock” ou “Dance Alternative Rock”. Talvez porque a gente misture um pouco de alguns estilos e influências que esbarram em um bocado de bandas e artistas de diferentes épocas e estilos que passam por aí, é uma certa salada mesmo. (risos)

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Acredito que todos da banda temos outras paixões, a começar por nossas famílias (mulheres, filhos, etc), não é? (risos) Mas no meu caso, depois da música e da família (incluindo a que estou constituindo), tenho paixão por comunicação e artes de uma maneira geral, incluindo aí o cinema e a poesia. Também amo futebol! : )

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Vou tentar responder pela banda, mas é difícil. (risos) Pelo menos sei que essa vantagem é consenso: subir num palco ou entrar num estúdio pra fazer um som que você gosta com músicos que, além de serem bons, são seus amigos. A maior desvantagem é tudo o que acontece antes e depois disso. (risos)

Quais as vossas maiores influências musicais?
Essa é uma pergunta complicada. Porque somos cinco integrantes diferentes e atuantes, cada um com suas influências. Vamos dizer que a gente admira um pouco de cada época e pra facilitar vou citar uma referência de cada uma, entre tantas outras: um pouco dos anos 60 com Beatles, dos 70 com Earth Wind and Fire, dos 80 com Bowie, dos 90 com Radiohead, dos 2000 com Strokes, dos 2010 com Vulfpeck. Apesar das músicas em inglês e da sonoridade indie, os artistas brasileiros também nos influenciam muito, como Gil, Tom Zé, Caetano, Jorge Ben Jor, Raul, Mutantes, Secos e Molhados, etc.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Acho que do jeito que der quando a vontade aparece. É claro que a qualidade do vinil e do próprio CD são especiais, mas o streaming hoje oferece a quantidade. E isso tem seu valor.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Acho que nem um, nem outro. Acredito que o músico e a performance musical sempre terão espaço. Se por um lado o streaming “banaliza” de certa forma a audição de um trabalho autoral, por outro ele ajuda a revelar um monte de talentos novos e a fazer o seu som viajar. Acho que falta equilibrar mais a balança, recompensar melhor o artista e facilitar as condições dessa distribuição no imenso universo digital. Tudo é uma questão de equilíbrio entre o mundo on e o offline.

Qual o disco da tua vida?
Outra pergunta ultra difícil. Vou citar os que me vêm à cabeça de cada época: anos 60 (Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, Beatles), anos 70 (Led Zeppelin IV), anos 80 (Michael Jackson, Thriller), anos 90 (Nevermind, Nirvana), anos 2000 (Is This It, The Strokes), anos 2010 (The Suburbs, Arcade Fire).

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Particularmente, eu ainda não consegui parar de ouvir o “Tell Me I’m Pretty”, álbum do Cage the Elephant de 2015.

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
Cada integrante da banda costuma trazer novidades, que não necessariamente são novas. (risos) Recentemente a gente tem escutado bastante o Vulfpeck.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Até agora, foi quando o meu amplificador quebrou e por alguns segundos tive que fingir que estava tocando guitarra.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Ainda não pensamos muito sobre isso, mas certamente tem um monte de gente com quem seria super interessante dividir o palco ou o estúdio. De cara, lembramos dos nossos amigos da Hover, excelente banda também brasileira, acho que em breve podemos fazer algo juntos.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
Aí também não faltam nomes. Cage the Elephant, Vulfpeck, Metronomy, The Strokes, Arcade Fire, Arctic Monkeys, Radiohead, Beck, Mutantes entre tantos e tantos outros.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Muitos também. Falando do Brasil, no Lollapalooza e no Rock in Rio, sem dúvida. Mas tem vários outros festivais menores e interessantes também, como o Meca em Inhotim. Aí fora, nem se fala. Estamos abertos a convites, hein, Portugal? ; ) Eu particularmente tenho um sonho de tocar no antológico The Fillmore de São Francisco.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Essa sequência de perguntas com múltiplas respostas não tá fácil. (risos) Vou citar alguns que me lembro agora: Faith No More e Guns n' Roses no Rock in Rio II quando ainda era criança, Radiohead na Apoteose, Beastie Boys no Tim Festival, Paul McCartney no Rio, Soundgarden no Lollapalooza, Franz Ferdinand e Tom Zé no Circo Voador, entre muitos outros.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Apesar de terem tocado algumas vezes por aqui, eu ainda não vi os Rolling Stones e adoraria assistir. Naturalmente tem outros, mas não lembro agora.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Woodstock, é claro. O primeiro Rock in Rio também foi muito especial.

Qual o teu guilty pleasure musical?
Então, aí é que tá, não sei se é porque nós da banda trabalhamos num estúdio de produção musical ou se porque realmente somos caras ecléticos, mas a verdade é que não sinto muito essa “culpa” quando o assunto é gosto. Pelo contrário até, a gente costuma brincar e expor com orgulho as músicas ou referências consideradas assim como “guilty pleasures”. Dentro desse “conceito”, por exemplo, posso dizer que gosto de muitas coisas do Justin Bieber e da Britney Spears, aliás, a banda toda também concorda comigo. Acho que pelo fato da gente gostar de ouvir um pouco de tudo mesmo, não ligamos muito pra isso. Sinceramente, acho que música é de cada um, do ouvido ou do sentimento de cada um, e isso é ótimo.

Projectos para o futuro?
A gente conversa sobre muitas coisas, ideias e planos. A curto prazo, estamos focados no lançamento do nosso próximo EP e na divulgação dele com muitos shows. A médio prazo, já estamos trabalhando num disco novo. A longo prazo queremos tocar mundo afora e viver disso. (risos)

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Pra falar a verdade, já estamos respondendo a algumas delas aqui. : ) Mas como a gente tá louco pra lançar o som e tocar em outros lugares do mundo, acho que seria interessante ouvir mais perguntas sobre isso.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por vocês?
Huuum... Dificílimo escolher uma só. Vou citar uma que me veio à cabeça, “I am the Walrus” - The Beatles.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Essa daí eu passo para os outros integrantes responderem. (risos)

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Muito obrigado a vocês pela oportunidade! Esperamos que o nosso som alcance mais ouvidos por aí.

Recuamos agora, um ano atrás no tempo para ficarmos ao som dos Whipallas e do single "Battlefield".

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