terça-feira, 8 de agosto de 2017

Conversas d'Ouvido com CAT VIDS


Entrevista com o cantor, compositor e guitarrista Pedro Spadoni, mentor do projecto CatVids, que conta ainda com Paulo Senoni (guitarra), Aécio de Souza (bateria) e Tiago França (baixo). Os Cat Vids, voam nas asas do rock alternativo, entre as maiores influências encontramos os nomes de Pavement, Bleached e Kurt Vile. Formados este ano, já editaram o EP, Radical, chegam agora a Portugal para um "tête-à-tête" com o Ouvido Alternativo, em mais uma "Conversas d'Ouvido"... 


Pedro Spadoni: Antes de qualquer coisa, muito obrigado, queridos! Fico muito feliz de ver meu som chegando na terrinha pois tenho metade do sangue (e sobrenome) português yeyeeee!

Ouvido Alternativo: Obrigado pelas palavras, voltamos agora atrás no tempo, como surgiu a paixão pela música?
Desde pequeno, sempre me envolvi com música. Lá em casa todo mundo gosta bastante e sempre ouviu muita coisa boa, então foi fácil mergulhar nisso. Eu sempre tive vontade de criar as minhas próprias coisas, e dentro das artes a música é o mais natural pra mim.... quando eu peguei o violão pra aprender, em um mês eu tava compondo já, sabe? É um jeito bom de botar as coisas pra fora sem ter que xingar ninguém ou de falar qualquer coisa que esteja passando pela sua cabeça. Como relacionamentos. Ou gatos. Ou pizza.

Como surgiu o nome Cat Vids?
Esse nome veio de uma loucura por gatos. Eu sempre gostei, mas desde que a Nina e o Bigas (os gatos da minha família) entraram na minha vida, eu surtei, e esse nome é uma referência ao maior património da internet mundial que são os vídeos de gatinhos. A grande verdade é que eu consigo me ver facilmente como uma tia louca dos gatos no futuro.

Editaste este ano o EP “Radical”, para quem ainda não o ouviu o que pode esperar?
Muita sinceridade, acima de tudo. O EP todo foi composto e produzido muito rápido, então ele está com os sentimentos bem à flor da pele. Eu decidi gravar só composições novas nesse EP, que foram feitas em um intervalo de cerca de 4 meses, justamente para manter essa unidade de sentimento, mesmo que eu veja referências musicais diferentes pra cada som.

Radical”, foi editado de forma totalmente independente, quais foram as principais dificuldades que sentiste durante o processo?
Quando você faz as coisas por si, pequenas coisas se tornam grandes obstáculos. Eu fiquei um mês sem gravar nada em casa por causa de um cabo que parou de funcionar e eu não achava pra comprar. Isso desanima, mas quando as coisas começam a tomar forma é muito satisfatório! Por mais que alguns elementos do EP ainda sejam os gravados de forma caseira, a produção final foi feita no estúdio, e esse processo em si foi muito tranquilo e divertido, pois o Paulo Senoni (produtor do EP e atual guitarrista) e o Aécio de Souza (produtor do estúdio e atual baterista) tiram isso de letra. Fico feliz demais de ter gente tão boa comigo junto nesse projeto!
No geral, as dificuldades de fazer algo independente nunca vão desaparecer. A gente precisa correr atrás de tudo, ou nada acontece! Ideias para o ensaio fotográfico, para a capa, para a divulgação... e agora estamos montando o show, merchandising e tour, dá trabalho, mas no fim tudo vira expressão do que você é.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Sendo generalista, está entre o indie-rock/new-wave/alternativo, mas eu tenho referências do rock inglês, punk, lo-fi, surf music, ska... é uma grande salada, então pra mim é meio difícil definir. Prefiro deixar essas definições para os outros.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Gatos e lasanha. Odeio palmito.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem é você ter poder pra botar as coisas pra fora. É o jeito que eu achei de sofrer menos com a vida e a inevitabilidade da morte ou de fazer uma grandessíssima algazarra. Poderia ser qualquer tipo de arte, sabe? Acabou sendo música. Eu gosto de me envolver com qualquer tipo de criação, acho que sempre tem esse mesmo objetivo.
A desvantagem, pelo menos pra mim, é a instabilidade. Não existe garantia de nada, né? E às vezes você depende de outras pessoas pra que algo aconteça, mas existe muito mais coisa envolvida na cena do que só a música. Eu só quero mesmo é me divertir.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Sons mais enérgicos como punk/hardcore sempre fizeram parte da minha vida, desde pequeno, acho que muito porque eu andava de skate e praticava muito esporte. Sou doido no Richard Hell! Mas para o som que eu faço, a minha vida mudou quando eu conheci Pavement, e mais pra frente Modern Baseball, Bleached, Kurt Vile.... tive piras muito grandes pelo Good Morning, Alex G e Elliott Smith que nunca mais vão sair de mim também.

Como preferes ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Eu cresci no meio do boom do mp3, com seus mp3 players e afins, e isso moldou muito o jeito que escuto música. Eu preciso sempre de algo novo, semanalmente, então consumo digitalmente mesmo. Tenho alguns vinis e pretendo aumentar a coleção, mas isso é pra um momento mais caseiro, com amigos em casa, fazendo comida, bebendo álcool... eu gosto porque vira um ritual, mas de verdade mesmo, não consigo viver sem meu Spotify.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Eu vejo como uma coisa boa! Mesmo pagando pouco, ele dá chance para que o independente apareça, o que era impossível nos tempos de rádio. Muita gente reclama dos royalties pagos, mas no fim das contas o independente teria muito menos espaço sem o streaming. Para os grandes artistas o jogo mudou, a receita vem de outros lugares, e todos já se adaptaram, sabe? O streaming nivelou um pouco mais a distribuição de música, tirando um pouco dos grandes e dando um pouco mais para os pequenos. Mas ainda é um meio centralizado nos produtores major e isso dificilmente vai mudar.
Ah, tem outra coisa. Com o Spotify você pode estar dividindo uma playlist com nada menos do que a princesa Rihanna. Já pensou nisso?

Qual o disco da tua vida?
Nossa, difícil hein. Acho que Led Zeppelin IV que foi o meu primeiro grande “wooow eu quero fazer isso!!”

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Victoria Park, do Fog Lake, me dá vontade de chorar.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Atualmente eu tenho ouvido bastante Slow Hollows, Pinback, Surf Curse, Peach Pit, Soccer Mommy... tenho acompanhado o Declan McKenna, que gosto muito, e as coisas novas do Wavves. Pro Teens acho que foi a grande última descoberta!

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Como Cat Vids, ainda não dei nenhum embaraço né, por ser muito recente. Na verdade, acho que não teve nada muito sério não! Já esqueci de cantar porque estava meio bêbado pensando em outras coisas, já dei umas surtadas de raiva em cima do palco, mas coisas normais, né? Porém, pode aguardar muito embaraço de Cat Vids. Isso eu posso garantir.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Beyoncé? Chorão? Seria um sonho. Talvez eu faça alguma coisa mais pra frente com a minha queridinha BRVNKS.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Good Morning!

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
De verdade mesmo, qualquer palco, desde que o dia seja divertido! Gosto mais de festivais por serem maiores e terem uma estrutura de som, mas isso depende muito mais da companhia do que do lugar.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Difícil, hein. Falando mais do lado emocional, acho que foi quando eu era pequeno e fui no meu primeiro grande show, de Linkin Park, que foi no Morumbi (estádio de futebol do São Paulo FC), e estava lotado... coisa de 70 mil pessoas? Aquilo representou muito pra mim, eu ficava com arrepios só de lembrar. Ainda teve abertura do Charlie Brown pra coroar (haha).

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Dos que estão por aí, queria muito ver Good Morning, Alex G, Pinback vou ver semana que vem e tou bem animado! Queria muito ver também Modern Baseball, Ovlov, Wavves... Violent Soho também, nossa, o show deve ser bem massa.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Qualquer um do Hendrix. Deus. Led Zeppelin qualquer um também. E Ramones no CBGB’s, nossa.

Qual o teu guilty pleasure musical?
Britney eu adoro demais. Adoro as boy bands também. "You are my fire, the one, desire". Tem uma música que eu cantarolo todos os dias há mais de 15 anos simplesmente porque ela não sai da minha cabeça que se chama “Clima de rodeio”... meu deussss... é só a frase “alô galera de peão”, todo santo dia. Eu adoro as músicas dos comerciais da Dolly também, uma marca de refrigerantes maravilhosa aqui do Brasil. Ouçam. (risos)

Projectos para o futuro?
Muitos! Pelo menos um clipe e um live pra já, turnê do EP e outros projetos fora da música que não posso contar ainda.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
O que você gostaria de comer agora?
Eu já comi parmegiana hoje, mas eu tô com saudades do parmegiana do Malandrino e muita saudade da lasanha verde do Gato que Ri, meu restaurante/prato favorito depois da comida da minha mãe. Olha, são dicas valiosíssimas pra caso venham a São Paulo!

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
"Stairway To Heaven". É cliché, mas eu falo isso desde pequeno e porra essa música é linda.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Eu que agradeço! Valeu demais caras vocês são radicais demaissss!!

Terminamos ao som do EP Radical, que se encontra disponível para escuta através da plataforma Youtube.

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