quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Conversas d'Ouvido com Gabriela Garrido

Fotografia da autoria de Bernardo Marcolino
Entrevista com a singer-songwriter brasileira Gabriela Garrido. Entre as suas maiores influências encontramos os nomes de Cássia Eller, Courtney Barnett e Tegan and Sara. Um dia gostaria de colaborar com os conterrâneos Tássia Reis e Johnny Hooker. Gabriela Garrido estreou-se no ano passado com a edição do EP Mergulho, este ano planeia um segundo EP, mas por agora os seus planos coincidem com os nossos em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Gabriela Garrido: Tive a sorte de ter ótimas aulas de música nos colégios que estudei quando criança, e também cantoras na família. Isso ajudou para que eu me apaixonasse bem cedo pela música. Mas acredito que a internet também teve um papel fundamental... na minha pré-adolescência eu já passava o dia inteiro buscando músicas e bandas novas no computador, e tenho certeza que isso foi crucial para eu ter escolhido esse caminho.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Costumo dizer que minha música mistura Pop Rock e MPB, mas sempre achei essa definição muito difícil de fazer! Acredito que cada canção carrega um estilo próprio.

O teu primeiro EP, intitula-se “Mergulho”, foi um mergulho de cabeça, ou um mergulho para fugir de algo?
Foi um mergulho de cabeça! Justamente para deixar de fugir e firmar de vez um compromisso com a música.

É impressão nossa, ou o Amor ocupa um papel central na tua música?
Com certeza! Mas gostaria de ressaltar que não só o amor romântico, apesar de esse ser bem presente nas letras. Em “Mergulho” e também em outras composições que não estão no disco, eu falo do amor próprio, do amor pela arte, do amor familiar... enfim, dos diversos tipos de amor que regem nossas vidas. Seja da abundância ou da falta dele.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Acho que a minha relação com a música se deve muito à composição, então, além de cantar, considero a escrita uma verdadeira paixão. Lançar um livro algum dia, é um sonho meu!

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem, e a principal razão para continuar, na minha opinião, é ver as pessoas se identificando e se emocionando com o que você criou. A música tem um poder incrível de conexão. A desvantagem, sem dúvidas, é o número alto de obstáculos que precisamos enfrentar para continuar fazendo isso – principalmente os financeiros. Produzir música é caro e dá pouco retorno para a cena independente no Brasil.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Isso é muito difícil! (risos) Minhas influências vão se renovando com o tempo... mas posso dizer que, nas últimas canções que eu gravei, me inspirei muito no trabalho da Cássia Eller, do Johnny Hooker e da australiana Courtney Barnett. É uma combinação meio aleatória, mas prometo que o resultado ficou legal!

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Não consigo abandonar o meu iPod Touch! É como eu mais escuto música no dia-a-dia.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
No contexto atual, acredito que não exista outra saída. Bem ou mal, o streaming foi uma espécie de salvação por garantir algum retorno financeiro para a música na internet, que já sofreu muito com a pirataria. Por outro lado, acredito que, por ser um meio muito novo, ainda é mal regulamentado e dá pouquíssimo retorno aos artistas.

Qual o disco da tua vida?
Se tem que escolher um... The Con - Tegan and Sara. Rendeu até uma tatuagem!

Qual o último disco que te deixou maravilhada?
After Laughter, Paramore. É uma das minhas bandas favoritas e confesso que demorei para gostar de verdade desse disco, mas hoje escuto quase todos os dias!

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Bom, além do After Laughter, tenho escutado sons mais calmos ultimamente. Destaco o cantor Mac DeMarco e a banda americana Florist (essa é uma descoberta bem recente que fez com que eu me apaixonasse)!

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Acho que o máximo que eu já passei foi errar letras e pedir licença para a plateia para recomeçar a música. Também já tive crises de choro logo após o show – isso mais de uma vez – na frente do público... não de tristeza e sim de adrenalina, são muitas emoções! (risos). Mas, sinceramente, venho aprendendo a não me envergonhar com essas coisas. Acredito que nada disso seja sinal de fraqueza.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Difícil! Daqui do Brasil, eu adoraria dividir alguma música com o Johnny Hooker ou com a Tássia Reis – são dois artistas atuais que admiro muito.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Por enquanto minhas ambições são pequenas. Um passo de cada vez. Qualquer show fora do Rio de Janeiro já seria uma alegria muito grande! Não consegui isso com o “Mergulho” mas devo realizar esse desejo com o próximo disco.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Gostaria de ter ido a algum show da Cássia Eller, que faleceu quando eu era bem nova. O Acústico da MTV em 2001 teria sido incrível.

Qual o teu guilty pleasure musical?
Gosto de "Total Eclipse Of The Heart", da Bonnie Tyler, mais do que eu deveria. Ainda sonho em fazer um cover dessa. E gosto de algumas versões de Glee, confesso.

Projectos para o futuro?
Em outubro lanço meu segundo EP! No momento estou focando nesse lançamento e muito animada para mostrar pro mundo!

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
Nossa, muitas! Todos os covers que faço em shows são de músicas que eu adoraria ter escrito. Mas vou ressaltar “Eu Queria Ter Uma Bomba”, do Cazuza.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Provavelmente "If I Should Go Before You", da banda City and Colour.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Terminamos agora ao som do single "Mergulho", tema que dá título ao seu EP de estreia.

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