terça-feira, 1 de agosto de 2017

Conversas d'Ouvido com Peu Del Rey


Entrevista com o cantor e compositor brasileiro Peu Del Rey. Desta vez marcamos encontro junto ao mar, para uma conversa descontraída. A música de Peu é fortemente influenciada pelo mar, incluindo elementos reggae, pop e folk. Na sua discografia conta com três EP's, actualmente encontra-se a preparar um registo audiovisual, gravado ao vivo no Estúdio Costella em São Paulo. Em Outubro visitará o nosso país para uma mini-digressão, enquanto aguardamos por esse dia, convidamos os nossos seguidores a conhecerem melhor o músico Peu Del Rey, na mais recente edição das "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Peu Del Rey: Em casa! Nasci em uma família de artistas, meu pai é músico e minha mãe dançarina. A música sempre foi muito presente na minha casa. Desde pequeno tive contato com instrumentos musicais e convivi de perto com os bastidores da música. Foi muito natural querer fazer parte desse universo.

Peu Del Rey, é mesmo o teu nome ou é um pseudónimo?
Peu é um pseudónimo, meu nome é Pedro. Porém na Bahia, todo Pedro é Peu, ja é um apelido natural, quase meu segundo nome. Del Rey é meu sobrenome, o nome da minha família, de origem espanhola.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Gosto de dizer que meu som é um reggae praieiro, com influência de música brasileira e pop. Eu sou uma pessoa bem eclética, então tudo acaba servindo de referência para o que eu estou criando.

O teu último EP, “Nem Pense em Duvidar”, conta com a produção de alguém especial, com foi colaborar com Tadeu Patolla?
Foi um prazer imenso. O Patolla produziu discos que são referências para mim. Poder produzir com ele, ver de perto ele trabalhar foi realizar um sonho. Sempre gostei de pré produzir minhas musicas sozinho em casa, levei essas prés para o Patolla e ele, de forma muito inteligente, entendeu a essência de cada música e apenas aperfeiçoou o que precisava. No final o EP ficou exatamente como eu queria, fiquei muito feliz com o resultado.

Actualmente encontras-te a trabalhar num registo visual, já podes antecipar o que podemos esperar?
Sim, o registro visual foi filmado em São Paulo, no estúdio Costella. Foi o registro das músicas do EP “Nem Pense em Duvidar”, mais 4 músicas inéditas. Diferente do que eu venho fazendo na turnê do EP “Nem Pense em Duvidar”, no registro eu resolvi tocar acompanhado por uma banda que eu formei em São Paulo. O resultado está lindo, pois foi tudo gravado de forma muito natural, eu estava bem à vontade, como no quarto de pescaria da minha casa, em Amoreiras/BA.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Sim, sou apaixonado pelo mar e tudo que ele proporciona. Amo velejar, pescar, nadar, contemplar o mar. Fui criado em uma ilha próxima a Salvador/BA, cahamada Amoreiras, e lá aprendi a respeitar e admirar o mar e tudo que vem dele. Amo essa vida simples à beira mar.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem é poder trocar energia e sentimentos com as pessoas, ver a sua música de alguma forma participar da vida das pessoas. A desvantagem, se é que posso chamar de desvantagens, são as incertezas que viver de arte proporciona. É preciso ter a cabeça no lugar e saber que o mais importante é estar sempre fazendo música e se conectando com as pessoas.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Minha cabeça despertou para a música ao escutar os Paralamas do Sucesso, depois me apaixonei pelo Skank, Natiruts, Bob Marley, Sublime, Gil, Caetano, Caymmi. Posso dizer que essas são minhas maiores influências.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Depende do momento, normalmente via Streaming. Você tem um acervo muito grande na ponta dos dedos. Mas em momentos especias eu gosto de escutar um disco inteiro no vinil. Ouvir todo o lado A e depois ter o prazer de virar e ouvir todo o lado B.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
A Salvar. Penso sempre pelo ponto de vista positivo. A música vai ficar cada vez mais acessível e com um custo baixo para o consumidor. A gente estava indo para um caminho onde o consumidor estava se acostumando a não pagar para ouvir música. Essa cultura está acabando. Hoje todo mundo tem um servidor de Streaming no seu celular e acaba pagando para ter acesso a ele, e dessa forma mantém ativa a vida do artista. Acho que no fim o streaming veio para somar e ser bom tanto para o artista quanto para o consumidor. É tudo uma questao de tempo.

Qual o disco da tua vida?
Bem difícil essa pergunta, mas eu vou responder o “Vamo Batê Lata”, dos Paralamas do Sucesso.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Rael – Coisas do meu Imaginário.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Estou apaixonado pelo disco do Seu Jorge - The Life Aquatic, que foi trilha do filme The Life Aquatic with Steve Zissou.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Algumas (risos). A mais engraçada talvez tenha sido errar o nome da banda que estava dividindo o palco comigo naquela noite. Eu fui convidado para fazer uma participação especial por uma banda e agradeci à outra banda, que não estava tocando comigo naquela noite. Fui muito engraçado e embaraçoso, mas depois ficaram apenas as risadas.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Gilberto Gil, para mim o maior artista vivo.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Para Skank. Ia ser uma noite só de música positiva e alto astral.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
No Rock in Rio, já fui em algumas edições e já me imaginei tocando ali. Esse dia chegará.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Foo Fighters no Maracanã. Dave Grohl é o cara mais carismático desse mundo. Esse sabe fazer um show.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Gostaria de assistir a um show do Paul McCartney

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Jimi Hendrix, no Woodstock.

Planeias um digressão por Portugal, o que esperas desses concertos?
Vai ser minha primeira vez tocando fora do meu país. Não sei muito o que esperar, mas sei que vou levar o meu melhor. O show será no formato ainda da Tour do “Nem Pense em Duvidar”, quando eu realizo o concerto sozinho, acompanhado apenas da minha guitarra mais bases nos samplers e grooves tocados ao vivo por mim através de uma SPD - SX, com o repertório somado à minha nova Tour ‘Peu Del Rey - Registro Ao Vivo no Costella”. Será incrível.

Projectos para o futuro?
A ideia agora é divulgar muito o Peu Del Rey - Registro no Costella e viajar bastante para tocar. Disco novo só ano que vem.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Da minha relação com o mar.
Eu sempre fui ligado ao mar, uma relação que teve ínicio por causa do meu avô. Ele me ensinou a velejar, pescar, remar, nadar e a ter uma vida simples à beira mar. Tudo que eu vivo serve de inspiração para criar novas canções. As minhas experiências diretas ou indiretas interferem no meu modo de criar. E o que mais me inspira a criar é essa minha relação com o mar e a positividade que eu sinto estando perto dele.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
Dificil, são tantas musicas belas. Talvez, qualquer uma do Gil.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Nunca pensei nisso. Mas eu quero que tenha música sempre na minha vida, até no meu funeral!

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Obrigado à vocês e até em outubro aí em Portugal. Espero vocês nos shows. Abraço.

Terminamos ao som do single que dá título ao EP, "Nem Pense em Duvidar"

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