sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Conversas d'Ouvido com Rodrigo Novo


Entrevista com o cantor e compositor brasileiro Rodrigo Novo. Após integrar diversas bandas independentes, em especial como guitarrista, decidiu aventurar-se a solo. O projecto surgiu após uma estadia de um ano na cidade de Londres. Não é segredo para ninguém que a capital do Reino Unido transpira música por todos os poros. Imbuído por esse espírito, já de regresso a casa, editou este ano o EP Lá e Cá. No futuro planeia, voltar a estúdio para gravar novas músicas, mas por enquanto Rodrigo Novo está no Ouvido Alternativo para as habituais "Conversas d'Ouvido"...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Rodrigo Novo: Essa é uma pergunta difícil. Mas acredito que minha paixão por música surgiu desde bem novo, com uns oito anos de idade, ouvindo discos que meu pai sempre gostou. E também me recordo de um carro que sempre parava em frente à minha casa com o som ligado e bem alto, mas era uma pessoa com um gosto musical muito bom, eu ficava fascinado com as músicas que tocavam. Um pouco mais tarde, com uns 10 anos, ganhei meu primeiro violão e por aí vai...

Após algum tempo integrando bandas independentes, como surgiu a vontade de te aventurares a solo?
Eu comecei a compor algumas músicas que logo de cara, pude ver que não eram a proposta das bandas que eu tocava. Além disso, eu tinha também uma vontade de cantar essas músicas, coisa que era nova para mim como guitarrista. Dessa forma, optei por produzi-las em outro projeto.

Entre 2013 e 2014 estiveste em Londres, como foi a experiência?
Londres é uma cidade incrível, eu amei morar lá! Existe uma onda de cosmopolitismo muito interessante ali, isso meio que se reflete em vários aspectos da cidade, assim como a música, é possível ver diferentes atrações o tempo todo. Foi um tempo de grande aprendizado, e boas vivências.

Editaste este ano o EP “Lá e Cá”, para quem ainda não ouviu o que pode esperar?
Acho que as pessoas podem esperar um disco de canções simples e virtuosas. É um EP que se ouve do começo ao fim de forma tranquila.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Eu acho que muito da música é uma grande mistura, por isso tenho dificuldade em descrever estilo musical. Mas quando me perguntam eu digo que meu estilo interage com o pop, indie e folk, acho que é por aí.

Conheces alguma coisa da música portuguesa?
Ouvi há pouco tempo o cantor Salvador Sobral. Fiquei encantado com a forma que ele canta e interpreta.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Sim, o yoga. Pratico há alguns anos e é uma grande paixão que preciso sempre.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A desvantagem acredito que possa ser o pouco valor dado à cultura, pelo menos aqui no Brasil, acho que isso se reflete nas oportunidades que os músicos têm de crescer ou produzir e talvez dificulte um pouco a caminhada. Uma grande vantagem para mim é poder influenciar os momentos das pessoas, apesar de que acho que todas as profissões influenciam de alguma forma. Mas a música  fala mais com o sentimento (assim como outras artes) e mostra também como as pessoas são parecidas no sentir.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Tenho muitas influências, ouço de tudo. Mas talvez eu possa dizer que para esse EP “Lá e Cá” e para as músicas que eu faço, tenho grandes influências como Neil Young, Jorge Drexler, Jack Johnson, Secos & Molhados, Los Hermanos, Maglore, Belchior, Angus Stone, e por aí vai.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Minha maior preferência é por ouvir em vinil, mas nem sempre acontece, não tenho tantos discos assim. Também ouço muito em streaming e mp3, hoje em dia. Mas o vinil é o mais gostoso, acho que eu gosto da cerimônia de tirar o disco da capa, botar na agulha, ouvir, etc.

Qual o disco da tua vida?
Nossa, essa pergunta é bem complicada. Tem vários discos que eu amo e sempre ouço em diferentes momentos. Acho que não tenho “um” apenas. Mas vou fazer o seguinte, falarei um disco que amo de paixão e acho que nunca enjoarei dele. Seria o “Obscured by Clouds” - Pink Floyd, para mim é uma obra-prima.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
O último disco que me maravilhou foi o “Todas as Bandeiras” do Maglore, uma banda de Salvador – Bahia.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Acho que vou optar pelo uruguaio Jorge Drexler. Apesar de ser um artista bastante conhecido, eu só fui conhecer esse ano.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Acredito que foi tocando guitarra em um show há dois anos atrás. Eu me abaixei para mexer em meus pedais, quando levantei, me desequilibrei e caí um pouco em cima da bateria, quase derrubei uma estante de prato. Ficou tudo bem, mas foi engraçado.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Acho que com o Silva. Adoro a forma como ele faz as músicas, tem uma identidade forte, gostaria de ter alguma música minha produzida por ele.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
No momento gostaria de abrir um concerto da Ana Muller. É uma artista de minha cidade, e adoro o som que ela faz.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Lollapalooza (Brasil) talvez. Vários artistas que admiro passaram por lá.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Acredito que Mark Knopfler, no Royal Albert Hall, em 2013.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Milton Nascimento e ele vai tocar esse mês aqui na minha cidade, quero muito ir.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Algum concerto de Tim Maia.

Tens algum guilty pleasure musical?
Tenho vários (risos), deixa quieto.

Projectos para o futuro?
Sim. Pretendo trabalhar esse EP em concertos, e não demorar muito para voltar para o estúdio e produzir novas músicas que ando escrevendo.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Acho que foram feitas várias perguntas boas aqui, não me vem na cabeça alguma outra por agora.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
"Clube da Esquina N.º2". Essa música é um sonho bom.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Acho que “You Never Can Tell” de Chuck Berry cairia bem para a turma dançar (risos).

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Ficamos agora ao som do tema que dá título ao EP de Rodrigo Novo, Lá e Cá...

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