Entrevista com a cantora, compositora , pianista e guitarrista chilena Carolina Nissen. A sua música reveste-se de um indie pop intrigante e sedutor. No ano passado editou o seu terceiro álbum, "Bosque". A multi-facetada artista, já compôs bandas sonoras, obras para teatro, editou um disco para crianças e em 2016 estreou-se como actriz, é caso para dizer que já era altura de se estrear no Ouvido Alternativo, para mais um lançamento das "Conversas d'Ouvido"...
Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Carolina Nissen: Desde pequenina que canto, fui ao conservatório para estudar piano, estive no coro e na banda da minha escola, a minha primeira composição ganhou um concurso para estudantes de secundário de todo o país. Depois fui estudar pedagogia na Educação Musical. Eu não sei, sempre estive ligada à música, é o meu refúgio, mas também a maneira como eu consigo exprimir-me melhor.
Bandas sonoras, obras para teatro, um disco para crianças, em 2016 estreaste-te como actriz, o que ainda te falta fazer?
De alguma forma, tudo o que é aqui mencionado veio ter comigo sem o procurar, mas fiquei muito feliz por embarcar em cada um desses desafios. Estou aberta ao que o destino me propõe, deixo que ele me surpreenda porque adoro fazer coisas novas.
Conheces algumas coisas da música portuguesa?
Conheço o Fado. Acho que ouvi Fado pela primeira vez num filme de Pedro Almodóvar e pareceu-me muito emocionante. Naquela altura, uma amiga gravou-me um álbum com canções cantadas por Amália Rodrigues que eu gostava muito e passei bastante tempo a ouví-lo.
Como gostas de descrever o teu estilo musical?
A minha música é um pop melódico, de letras simples e do dia-a-dia, mas não menos profundas.
Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Adoro o design gráfico e como ele interage com a nossa vida.
Também adoro ler.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem para mim é a liberdade e ser capaz de gerir os meus próprios tempos, por outro lado, é também uma espada de dois gumes porque precisas de ser metódico e ordenado. Cada um é o seu próprio chefe e define seus próprios objetivos e se não tomar a iniciativa, simplesmente nada acontece.
Quais as tuas maiores influências musicais?
Estudei alguns anos de piano no conservatório e apesar de não se refletir nas minhas composições, a música aprendida tem sido uma influência importante. Do lado materno, estive perto do folclore chileno e latino-americano; nas reuniões familiares, as minhas tias e primas sacavam sempre da guitarra e cantavam. Anos mais tarde, quando comecei a fazer a minha própria música, captaram a minha atenção figuras femininas como Cat Power, Pj Harvey e Fiona Apple, entre outras.
Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Atualmente escuto principalmente o spotify e vinil.
Qual o disco da tua vida?
Há alguns que me marcaram, como o "Tapestry" de Carole King ou "The Greatest" da Cat Power.
Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Embora seja de 2015, "Carrie & Lowell" de Sufjan Stevens, adoro o lado emocional e a simplicidade.
O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Descobri Sylvan Esso recentemente e gostei muito.
Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Tocou o telefone do meu baterista no palco enquanto estávamos a tocar e ele atendeu...
Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Rodrigo Amarante.
Para quem gostarias de abrir um concerto?
Feist.
Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Gostaria do Vive Latino.
Qual o melhor concerto a que já assististe?
A emoção de ouvir Radiohead ao vivo pela primeira vez em 2009 quando vieram ao Chile.
Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Depois de todos os comentários que ouvi, lamento muito não ter visto Arcade Fire no ano passado.
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Ter visto os Beatles no concerto que eles deram no telhado do Apple Corps.
Tens algum guilty pleasure musical?
Se gosto de algo, simplesmente aproveito, nada de me sentir culpada.
Projectos para o futuro?
Actualmente, estou a trabalhar na composição e produção de um novo álbum de música infantil que pretendo publicar no final do ano. Também quero voltar ao México com a minha música no segundo semestre de 2018, ver se isso acontece.
Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Quais são seus escritores favoritos?
Contemporâneos, eu gosto de Alejandro Zambra, Amélie Nothomb, Patti Smith, Murakami e eu amo Raymond Carver, Paul Auster, Italo Calvino, Virginia Woolf e o vosso compatriota José Saramago.
Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
Adoro o cru e o rude da música de PJ Harvey, algo que está longe de ser minha maneira de compor, mas adoraria ter feito sido eu a fazê-lo.
Por outro lado, gostaria de ter sido eu a compor e produzir "Pure Heroine" da Lorde.
Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Mmm, eu não sei, acho que o mais ad hoc seria a minha, como a última expressão do meu egocentrismo (risos).
Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Obrigada e até breve.
Antes de terminarmos ficamos ao som de Carolina Nissen e do seu mais recente disco, "Bosque"
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