sábado, 17 de fevereiro de 2018

Conversas d'Ouvido com Medeiros/Lucas

Entrevista com Medeiros/Lucas, projecto que resulta da inesperada fusão entre Pedro Lucas e Carlos Medeiros, entre a electrónica e a poesia, entre o tradicional e o contemporâneo. Medeiros/Lucas, nasceu de forma despretensiosa, o objectivo inicial era a edição de um disco que tivesse um foco especial nas palavras e na poesia. Hoje já contam com dois LP's e preparam-se para lançar o disco "Sol de Março", que encerra uma trilogia iniciada em 2015 com "Mar Aberto" e que continuou no ano seguinte com "Terra do Corpo". Hoje embarcamos no Oceano Atlântico em direcção à beleza natural dos Açores, para mais uma edição das "Conversas d'Ouvido", pela voz de Pedro Lucas...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Pedro Lucas: Naturalmente e por contacto, como todas as outras paixões.
Medeiros/Lucas - "Sol de Março"
Preparam-se para editar “Sol de Março”, já podem antecipar um pouco o que podemos esperar, do disco que encerra a trilogia?
Sim, é uma continuação natural da linguagem que temos desenvolvido desde o início, que se vai depurando e recriando a cada capítulo. Os “ingredientes” são os mesmos: a poesia, a voz do Carlos Medeiros, uma banda que não gosta de se enfiar em gaveta nenhuma e alguns salpicos de sons electrónicos. Este será o disco com mais “feeling” de banda que fizemos até à data provavelmente, trabalhamos sobretudo como um quinteto e houve uma tentativa de depurar o som final, sem adicionar dnenhum elemento supérfluo.

Neste novo registo, contam com diversas colaborações, querem apresentar-nos os músicos que vos acompanham neste álbum?
Para além do Augusto Macedo (baixo eléctrico e teclados) e do Ian Carlo Mendoza (percussão), que já são família, tivemos o Rui Souza que gravou a maior parte dos teclados do disco e que é uma espécie de quinto elemento fantasma. Tivemos também o Gonçalo Santos (bateria) e o Antoine Gilleron (trompete) que já tinham colaborado connosco antes, o Tine Grgurevic (Fender Rhodes) que é meu parceiro de banda noutro projecto, os Phila, e um grande crominho do jazz em contrabaixo, o João Hasselberg.

Como gostas de descrever o vosso estilo musical?
Não gosto.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Várias, sempre tive dificuldade em escolher só uma coisa.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem para mim é a quantidade de abraços que se dá e que se recebe, a desvantagem por enquanto será só alguma falta de estabilidade.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Nick Cave, Nina Simone, Tom Zé, Tom Waits, Chico Buarque, Flying Lotus...

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Vinil e streaming.

Qual o disco da tua vida?
Há vários, há discos para vários momentos bons da minha vida, é impossível escolher um: o “Brazil Classics” do Tom Zé é um recorrente em qualquer poiso que pare uns meses, o “Kind of Blue” (Miles Davis) é a definição de clássico, o “Cosmogramma” do Flying Lotus criou-me muitas explosões dentro cérebro, podia continuar nisto indefinidamente.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Aromanticism” do Moses Sumney

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
O Moses Sumney, Algiers, o Fausto...

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Uma vez quis apresentar um tema num concerto como sendo influenciado pelo Zeca Afonso e pela cumbia e disse uma parvoíce qualquer como “levámos novos mundos ao Zeca Afonso”. Depois passei a canção toda a pensar nisso mas tive tempo de corrigir na intervenção seguinte. Também outra vez que o Carlos Medeiros fugiu do palco a meio de uma música.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Entre outros gostava de fazer música com a Sílvia Pérez Cruz.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Nick Cave & The Bad Seeds?

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Qualquer um que tenha pelo menos uma pessoa a ouvir o que temos para dizer já fico contente, mas se tivesse de referir um sítio onde iria a Marte e voltava se alguma vez me convidassem para tocar seria o Festival de Montreux.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Há vários mais uma vez, mas já vi dois do Mulatu Astatke, com bandas completamente diferentes, que estariam no meu top 5. Há um concerto a solo do Marc Ribot na Jazz House em Copenhaga que guardo muito perto do coração.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Tom Waits, Kendrick Lamar, Weezer...

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Talvez o Woodstock original com o Jimmy Hendrix, o Santana em boa forma, etc, teria sido um bom sítio para se estar. Muito mais recentemente quis fazer mal a mim próprio depois de ver na televisão o Ricardo Ribeiro e o Rabih Abou-Khalil a fazer a Toada de Portalegre e eu não ter estado lá só por ser estúpido. E gostava de ter visto o Lou Reed, os Velvet, os Doors, a Nina Simone, a Amália, o Carlos Paredes… sei lá.

Tens algum guilty pleasure musical?
O Gonçalo Tocha viciou-me nas “Baleias” do Roberto Carlos, e há bastantes mais mas escapam-me agora.

Projectos para o futuro?
Vários, muita música!

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Sei lá, não sejas preguiçoso. (risos)

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
The Mercy Seat” do Nick Cave.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Navio” de Medeiros/Lucas

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Ficamos agora ao som do mais recente single dos Medeiros/Lucas, "Podre Poder", primeiro avanço para o futuro disco "Sol de Março", com edição prevista para dia 16 de Março...

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