sábado, 9 de junho de 2018

Conversas d'Ouvido com Mário Wamser

Entrevista com o cantor, compositor e produtor brasileiro, proveniente de Minas Gerais, mas actualmente radicado no Rio de Janeiro, Mário Wamser. O seu single de estreia conta com a participação especial de Mihay e do violoncelista italiano Federico Puppi. Neste "bate-papo" descobrimos algo que nos une, apesar de haver um Oceano que nos separa e é a admiração por António Variações, não é por acaso que define a sua música como um lugar "entre Braga e Nova Iorque", mas há muito mais para desvendar em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Mário Wamser: Entre os discos do meu pai, o som do violão e as cantorias nas festas de família, na pacata Carandaí (estado de Minas Gerais) e principalmente pela disponibilidade de instrumentos em casa, surgiu minha paixão pela música. Aos 14 anos, de forma precoce, resolvi assumir um compromisso mais sério com as notas musicais, entrando na Bituca Universidade de Música, apadrinhada por Milton Nascimento e coordenada pelo grupo de teatro Ponto de Partida, um lugar conceituado em Minas Gerais. Anos depois, mais ou menos aos 19, me mudei pra Belo Horizonte, comecei a trabalhar com Toninho Horta e pude conviver de perto com o som do Clube da Esquina, que me influenciou muito.

Neste momento obténs mais prazer a compor ou a produzir?
Compor pra mim é produzir, com a diferença que, um é produção interna e o outro externa. Um precisa do outro também, pra eu produzir externamente, tem que ter acontecido o processo interno. Me parece o famigerado questionamento do ovo e a galinha (risos). 

Conheces alguma coisa da música portuguesa?
Por incrível que pareça, conheço sim, a excelentíssima Carminho e o louco mais estiloso do mundo, o Sr. António Variações.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
"Algo entre Braga e Nova Iorque", já ouviu essa frase? É bem por aí... Entre o Rock e a Música Popular Brasileira. Entre a guitarra e o Violão de nylon. Entre o Pop e o Indie. Entre Beatles e Milton Nascimento. 

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Fotografia e Filosofia. 

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A desvantagem são os processos difíceis aos quais somos submetidos e todo mundo já sabe, já conhece. A vantagem é que é muito bom, imagina se a luta fosse ruim? Se eu tivesse que ainda sofrer por tocar... a sorte é que é bom pra “baralho”!

Quais as tuas maiores influências musicais?
Já bebi de muitas fontes, tive o prazer de tocar e vivenciar experiências com artistas dos quais sou fã, que é o caso do Toninho Horta, do Milton Nascimento e do Humberto Gessinger. Não conseguiria realmente te dizer com facilidade minhas influências, mas vou tentar resumir (risos): Clube da Esquina, Beatles, Humberto Gessinger, Coldplay, Björk, Lenine, Death Cab for Cutie. 

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Minha preferência vai de encontro se possível a ouvir com certa qualidade de equipamentos de reprodução sonora, as mídias não me incomodam muito, não.

Qual o disco da tua vida?
Um só é sacanagem, vão alguns: "Clube da Esquina" (Milton Nascimento e Lô Borges), "A Via Láctea" (Lô Borges), "Supernatural" (Santana), "X&Y" (Coldplay).

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
"In the Silence" (Ásgeir).

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Ando ouvindo muito Connan Mockasin.
Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Algumas semanas atrás, fui tocar com uma amiga artista (Duda Brack) e chegamos no lugar, não havia som pra tocar. E o lugar é uma casa de show, só que não tem som, mas é uma casa de show, entende? (Risos) Tivemos que fazer o show de forma unplugged, por decisão própria. O final dessa história foi feliz, pois as pessoas fizeram um círculo e ficaram caladas pra poder nos ouvir, e foi no mínimo diferente para os que ali estavam. 

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Sr. Lenine.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Mark Knopfler.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Ali nas situações embaraçosas eu disse que não tinha nem som, então tendo um palco, já está ótimo, tendo um som também! (Risos) 

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Lançamento d'O Disco do Tênis, de 1972, do Lô Borges em pleno 2018, no Circo Voador, Rio de Janeiro. 

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Mark Knopfler.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente? 
Bob Dylan, Live at the Newport Folk Festival, 1964.

Tens algum guilty pleasure musical?
Lily Allen 

Projectos para o futuro?
Vou lançar mais dois singles em 2018, e um álbum novo em 2019. 

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta?
Você gostaria de tocar aqui em Portugal com tudo pago, sem stress? 
Resposta: Sim. Gostaria. Vamos? 

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
De preferência sem música, e de preferência sem funeral também (risos).

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Ficamos agora com "Embriagar em BH", o mais recente single de Mário Wamser, com a participação especial de Mihay e do violoncelista italiano Federico Puppi.

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