quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Conversas d'Ouvido com Bejaflor

Entrevista com Bejaflor, alter-ego do músico José Mendes. Percorrendo as batidas da pop electrónica, a sua música apresenta uma interessante composição lírica que merece ser ouvida com atenção. Recentemente lançou o seu registo homónimo de estreia, que despertou em nós a vontade de o conhecer melhor em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"... 


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Bejaflor: Não sei bem… Se puder ser uma cena genética então é capaz de ser de família. O meu avô toca guitarra portuguesa e seguia o meu trisavô, que era músico também, para todo o lado. O meu pai também foi uma grande influência no meu gosto musical porque desde pequeno que me mostra de tudo, desde cânticos alentejanos a uma orquestração da história do Pedro e o Lobo. Portanto genético ou não, vem da família de certeza.

Como surgiu o nome Bejaflor? É um alter-ego?
Sinceramente, por muito que eu gostasse, não tem grande história por trás. Acho que é uma palavra bonita e identifiquei-me com ela, já escrita assim desde que me veio à cabeça.
Sim creio que seja um alter-ego, ou um conceito apenas. Daí também ser escrito desta forma, não se referindo ao animal propriamente, mas mais ao conceito que vou criando na minha cabeça e que cada um cria na sua. Diria que é um abstrato com os pés assentes na terra.
Bejaflor - "Bejaflor"
Recentemente lançaste o teu álbum homónimo de estreia para quem ainda não ouviu o que podemos esperar?
É um álbum sincero que pode parecer mais simples do que é na verdade.

As tuas músicas foram escritas, gravadas, produzidas e mixadas, por ti, foi uma necessidade, ou um desejo de ser tudo à tua imagem?
Tenho vindo a descobrir que sou um pouco do que se chama um “Control Freak” (risos). Foi de facto um pouco o desejo de ter tudo à minha imagem, mas não de um ponto de vista egoísta ou egocêntrico, mas porque fiz o álbum numa altura em que precisava de fazer algo meu.
Mas gostava de dizer que, apesar de ter escrito gravado e produzido, tive muita ajuda de amigos que foram opinando pelo caminho e me ajudaram a encontrar a direção certa. Portanto obrigado especialmente ao Henrique, ao Tojo (SunKing) e ao Costa (Co$tanza) porque sem eles o álbum não era o que é.

Quais as tuas maiores influências musicais?
A musica dos 80’s tem muita influência no que faço. Hall & Oats são uma grande referência. Uma das suas músicas chamada “I Can’t Go For That” e uma rapariga, que tem ganho alguma fama ultimamente, chamada Clairo, foram sem dúvida o impulso deste álbum. 
Em termos de produção o Calvin Harris, o Tyler, the Creator, e o Pharrell são as maiores influências.
Dentro do nosso país tenho de referir Fausto, Alfredo Marceneiro e embora haja quem faça com que pareça tabu de se dizer, o B Fachada.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Pop? Não sei ao certo... Pop soa bem, portanto vamos chamar-lhe pop.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Adoro cinema: filmar, editar, efeitos especiais, montagem, etc... Acho tudo isso muito parecido com o processo de escrever tocar e produzir uma música. Gostava de fazer um filme um dia.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem é fazer o que gosto claro. A maior desvantagem não sei... talvez ter de transportar o material. Tenho sempre a preocupação de “onde está o pc?” “os teclados estão inteiros?” “não me posso esquecer do synth”.
Mas não acho que tenho vida de músico, é mais vida de quem quer ser.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Gosto do ritual que envolve ouvir um vinil. Dá uma dimensão diferente à experiência, mas o mais prático hoje em dia são os streamings claro.
Adoro CD’d também, acho que são o melhor compromisso entre o prático e o ritual.

Qual o disco da tua vida?
Não sei ao certo qual é “o disco” da minha vida mas um álbum que teve muito impacto, por vir na altura certa, foi o "Pet Sounds" dos Beach Boys.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
The in Sound From Way Out!” dos Beastie Boys.

Qual a tua mais recente descoberta musical?
Clairo, sem dúvida. 

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Uma vez toquei com uma “banda” que tinha num evento da escola onde andava, e a strap soltou-se fazendo com que a cabeça da guitarra me acertasse na cara. Foi mais doloroso do que embaraçoso... Pensando bem, o mais embaraçoso nesta historia é o facto de a guitarra ser uma epiphone studio com pickups ativos EMG e um sunburst vermelho...
Com que músico/banda gostarias de efetuar um dueto/parceria?
Acho que os “features” deviam ser uma cultura mais presente em Portugal, e com o tipo de música que faço gostava de fazer muitos mais ainda.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
A ZdB sempre foi um palco onde vi imensos concertos de pessoal que adoro, portanto, ir lá tocar dia 26 de Outubro (a abrir Olden Yolk) já é algo incrível para mim. 

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Talvez Vince Staples no Primavera deste ano.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Não tive nem vou ter oportunidade de ver os Chic, mas devia ser grande festa.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
O concerto dos Chic na noite em que escreveram o "Le Freak". A piada é que eles foram barrados à porta e não deram concerto.
Mas sinceramente, depois do Tojo mos mostrar no youtube, adoraria ter estado num dos últimos concertos do Elvis. 

Tens algum guilty pleasure musical?
Em tempos foi o álbum "Dangerous Woman" da Ariana Grande, mas já deixei de acreditar no conceito de “guilty pleasure”. 

Projectos para o futuro?
Tenho um plano para um álbum que me vai dar muito trabalho.... Daqui a um/dois anos ouvem mais sobre isso... Entretanto tenho um segundo álbum no forno e uma beat tape à procura de destino. 
Fora de Bejaflor tenho trabalhado com amigos para fazermos noites de concertos e umas cenas interessantes através da minha editora: Volta e Meia. Espero ter boas notícias em relação a isso antes do final deste ano

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
“Isso é um acorde de sétima?”
Não, é de sexta.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
Como Calha” do B Fachada.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Conto com os meus amigos para fazerem um bom DJ set no meu funeral.
Podem começar com o “Thug Tears” do JPEGMAFIA, de nome até parece sentimental e acho que descreve bem o momento.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Antes de nos despedirmos ficamos ao som do álbum homónimo de Bejaflor, que se encontra disponível para escuta e download através da plataforma Bandcamp.

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