terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Conversas d'Ouvido com Mundo Inverso

Hoje regressamos ao Brasil, para conhecermos melhor Mundo Inverso, projecto do músico paulista Rafael Negrini. Indie rock, com relevos folk e tonalidades de dream-pop. Este ano editou o seu mais recente EP “Oscilação Interna”. Nesta entrevista descontraída, recuamos no tempo e quisemos saber como tudo começou, mas também projectamos o futuro. Como habitual mantemos a nossa curiosidade intacta e quisemos desvendar outras paixões para lá da música, recentes descobertas musicais e discos que marcaram uma vida. Tudo isto e muito mais para ser descoberto nas linhas que se seguem…

Ouvido Alternativo:Como surgiu a paixão pela música?
Rafael Negrini: Encontrei minha paixão pela música indo na secção de CDs do Carrefour (quando ainda existia essa secção). Lembro que ficava horas e horas escutando os discos enquanto meus pais faziam compras. Descobri muitas bandas que montaram minha base de referência musical que levo até hoje.

Como surgiu o nome Mundo Inverso? Podemos encará-lo como um alter-ego?
Mundo Inverso é o lugar ideal onde tudo que está na minha cabeça se realiza, o lugar onde sempre estou bem, o lugar que aflora minha criatividade, o lugar onde os sonhos se tornam reais. Todos temos um Mundo Inverso dentro de si, o lugar que você vai para escapar dos anseios do dia-a-dia, de conforto.

Queres apresentar-nos os músicos que te acompanham nesta jornada?
Atualmente a banda é formada por mim (guitarra e voz), Matheus Maia (guitarra e sintetizadores), Iuri Griga (baixo) e Gabriel Jensen (bateria).
Mundo Inverso - "Oscilação Interna"
Editaste recentemente o EP “Oscilação Interna”, para quem ainda não o ouviu, o que podemos esperar?
O EP “Oscilação Interna” expõe intimidades para o mundo e olha com sutileza para grandes assuntos. Ele trata das ansiedades modernas e inseguranças. É um projeto intimista e com letras reflexivas sobre o dia-a-dia, mente, sentimentos e saúde de cada um. 

Na página de facebook, quando apresentas o lançamento do EP, afirmas que “foi um longo caminho até aqui”, quais as principais dificuldades, que sentiste durante esse processo?
Foi um processo de gravação que demorou dois anos. Foi um EP gravado 90% em casa e só indo em estúdio para a gravação dos violões. Foi um período de descobertas e experimentos até a descoberta da identidade e estética sonora da banda. Período de insistir e acreditar no que estávamos fazendo. Muitas inseguranças, regravações, querer desistir, ir longe, voltar e querer terminar. Por isso foi um longo caminho até aqui. 

Quais as tuas maiores influências musicais?
Escuto muito Dallas Green do City and Colour, foi uma influência muito grande na parte de composição e criação das melodias. Wild Nothing, Mogwai e WRY (de Sorocaba, no estado de São Paulo) me inspiraram muito na criação das ambiências das músicas.E bandas como Scalene, Terno Rei e Fresno.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Mundo Inverso une o rock alternativo, post-rock e dream pop, com texturas de sintetizadores e tons de folk.

Conheces alguma coisa da música portuguesa?
Recentemente conheci o Lydia’s Sleep, uma banda de post-harcore estilo Alexisonfire. E a banda Linda Martini, vale muito a pena conhecer. Eles beiram o shoegaze.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Arte em geral é a grande paixão, expressar sentimentos em forma de arte.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Maior vantagem é fazer shows, passar sua mensagem, conhecer pessoas e lugares que normalmente não conheceria. A desvantagem é a desvalorização da profissão. É muito difícil viver de música, não existe muito incentivo para se seguir na carreia. Só existe muita força de vontade e persistência

Como preferes ouvir música?Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Atualmente por conta do trabalho, ouço músicas pelos streamings, mas não deixo de comprar CDs e LPs. Gosto de ter as mídias físicas, pegá-las na mão e guardar.

Qual o disco da tua vida?
Não sei se é o disco da minha vida, mas um disco que me fez ter vontade de montar uma banda foi o “Lights and Sounds”, do Yellowcard. Ouvi esse disco em loop durante meses.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
O disco “Magnetite”, da Scalene. Uma banda que sabe compor arranjos e riffs marcantes.
Qual a tua mais recente descoberta musical?
Tenho escutado muito Terno Rei, uma banda de indie rock com letras reflexivas que tratam do dia-a-dia.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Houve um festival que fomos tocar, o festival não tinha estrutura nenhuma. Éramos para ser a segunda banda e acabamos sendo a última por falta de organização. Quando subimos no palco já não tinha mais ninguém na casa para ver a banda tocar, porém foi um dos melhores shows que já fizemos. O melhor show para 5 pessoas.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Gostaria muito de fazer parceria com o pessoal da banda Terno Rei. É um som que me identifico muito. Seja em ideias ou melodias.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Gostaria muito tocar em festivais do Brasil, tem um muito bom que é feito no interior de São Paulo, o Locomotiva Festival. O line up é sempre bem montado.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Um dos melhores shows que assisti foi no Asteroid, uma casa de shows de Sorocaba. Lá eu vi um show do Boogarins em 2015 para umas 15 pessoas. Foi um dos melhores shows que já vi.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Ainda não tive a oportunidade de ver o Twenty One Pilots ao vivo e gostaria muito que esse dia chegasse.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Gostaria muito de ter visto algum show do Queen, era uma banda que sabia fazer shows em estádios.

Tens algum guilty pleasure musical?
Gosto de Backstreet Boys. Eles sem dúvida fizeram parte da minha iniciação musical.

Projectos para o futuro?
Até o final do ano queria estar com mais um EP em processo de finalização e com um single até Julho. E tocar em todos os lugares possíveis.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
Gostaria de ter feito músicas do City and Colour. Tem letras que são muito íntimas, reconheço muita coisa em mim nelas.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Queen – “The Show Must Go On

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Antes de terminarmos ficamos precisamente ao som do EP “Oscilação Interna”.

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