Fala-me de Música com Electric Man - "Rebel Eyes"

Electric Man, regressa hoje ao Ouvido Alternativo, para nos "falar de música". O projecto do músico Tito Pires em formato One Man Band, editou em, 2017 o disco "Electric Domestique". O álbum figurou na nossa lista de melhores discos desse ano. "Rebel Eyes", é o sexto vídeo, extraído desse registo, que agora vamos conhecer por dentro. A música, a letra e o vídeo são da autoria do próprio Tito Pires, que nos fala das inspirações subjacentes, na primeira pessoa. 

Música

Autor: Tito Pires

A ideia que fez brotar esta música nasce num ensaio, onde surge a primeira sequência de guitarra que me ficou no ouvido e me fez explorar algo mais à volta da mesma. Deixei essa sequência em loop e fui criando algo por cima até surgirem uma série de ideias que me permitiram criar a música que hoje se conhece. O resultado traduz-se num crescimento progressivo, por camadas, e com um final frenético. Tudo dentro de uma névoa algo sombria.

Letra

Escrita por: Tito Pires

A letra representa, para mim, um exercício algo difícil porque costumo criar, antes da própria letra, a melodia de voz e, deste modo, ao escrever estou sempre condicionado à métrica já marcada anteriormente. Desta vez não foi diferente. O ambiente criado era bastante “frio” e a sequência sugeria-me uma procura infinita de algo. É, na verdade, disso que a letra fala. Do facto de nos podermos maravilhar com coisas que vemos que são essencialmente oferecidas pela própria natureza e, ainda assim, queremos ver sempre mais, como que uma busca constante ou um sonho maravilhoso que não queremos que acabe. 

Vídeo

Realizado por: Electric Man

Sabia que esta era uma das músicas do álbum “Electrique Domestique” para as quais gostaria de dedicar um vídeo. Foram surgindo algumas ideias soltas, mas que não sustentavam sozinhas um vídeo tão longo. Surgiu também, entretanto, a possibilidade de viajar para a Islândia. Bom, eu sabia que as paisagens que ia encontrar seriam perfeitas para o filme pretendido. Em todo o caso confesso que nunca tive qualquer ideia daquilo que ia fazer, da sequência que iria criar e da história que iria contar no mesmo. Na verdade estava de férias e aproveitei apenas para filmar algumas paisagens com as quais me fui cruzando, e a reacção que ia tendo era exactamente aquela que a letra representava. 

Confesso que tenho um certo fetiche por começar algo sem qualquer rumo ou ideia. Gosto de criar dessa forma descomprometida e é, na verdade, dessa forma que me vêm mil ideias à cabeça por consequência.

Desta vez esse método tornou a edição do vídeo numa dor de cabeça. Perdi imenso tempo a construir algo através de inúmeras peças soltas de um puzzle trazido da ilha mas, no final, as imagens falam por si. A câmara reflecte apenas a visão de quem anda “perdido” e se maravilha em cada sítio que pára.