A edição de 2014, do Vodafone Mexefest, decorreu nos dias 28 e 29 de Novembro, o ouvido alternativo não podia deixar de estar presente e conta-vos tudo. Como em qualquer edição deste festival o objectivo principal é "mexer" de palco em palco ou de sala em sala, assim é impossível ver e ouvir tudo, por isso fizemos uma prévia selecção e organizamos a nossa agenda de forma cuidada.
É importante referir que o ouvido alternativo, vai aos festivais/concertos por sua conta e risco, ou seja a nossa perspectiva é a mesma de qualquer festivaleiro comum, esperamos nas filas e não conseguimos estar em mais que um concerto ao mesmo tempo.
Dia 28
20:30- jj, Igreja São Luís dos Franceses
Finalmente conseguimos ver e ouvir a belíssima voz de Elin Kastlender, um dos projectos preferidos do ouvido alternativo (já foram mencionados em publicações anteriores) e não desiludiu, ficamos rendidos, o cenário era sagrado a voz irrepreensível e o ambiente perfeito. Ponto alto: "Let Go"
21:15- Francis Dale, Palácio Foz, Sala de Espelhos
Diogo Ribeiro de seu nome, recentemente mereceu destaque aqui no ouvido alternativo, no entanto ao vivo é que testamos os verdadeiros artistas, e não há dúvida, este nome vai dar que falar, não se esqueçam. A beleza da sala fez a comunhão perfeita, com a beleza da sonoridade. Acedemos ao pedido do cantor e partilhamos e relembramos que o EP Lost In Finite encontra-se para download legal e gratuito no facebook. Foram muitos os pontos altos, mas a cover de Chet Faker "No Diggity" ficou no ouvido (alternativo).
22:00- tUnE-yArDs, Coliseu dos Recreios
Temos que ser sinceros, não estávamos com grandes expectativas, tínhamos dúvidas de como resultaria a complexidade do som e dos instrumentos ao vivo, e sabe tão bem ser surpreendido. Foi um dos melhores concertos do festival, é freak, apresenta influências africanas, pop, electrónica, folk, tudo mesclado numa harmonia difícil de explicar mas que ao vivo atinge um outro nível, muito graças à forte presença da multi instrumentista e mentora do projecto, Merrill Garbos, sem dúvida para repetir.
23:00- Shura, Casa do Alentejo
Outro dos momentos mais aguardados pelo ouvido alternativo, recentemente entraram na categoria Almost Famous, a organização disponibilizou-lhes 42 min, mas só utilizaram 30 min. Ao vivo apresenta-se em formato trio que nos remete para os The XX. Actuação curta mas intensa, ainda vão fazer correr muita tinta, não faltaram como é óbvio os dois fenómenos do youtube, que despertaram o interesse de meio mundo, "Touch" e "Just Once", nome a reter para um futuro próximo.
23:30- Clã, Cinema São Jorge, Sala Manoel de Oliveira
Os portuenses deslocaram-se à capital e mais uma vez arrasaram, uma das melhores bandas nacionais ao vivo, voltaram a não deixar os seus créditos por mãos alheias, Manuela Azevedo e companhia estão melhor do que nunca, é fácil fazer a analogia com o vinho do Porto. Concerto especial que contou com a presença de convidados, ou melhor de amigos, desde os mais antigos, como Sérgio Godinho, aos mais recentes como Samuel Úria. Alinhamento de 18 canções que revisitou clássicos como "Sopro do Coração" e "Dançar na Corda Bamba", aos temas do último álbum Corrente, donde destacamos a agressiva "Conta de Subtrair", ainda tiveram tempo para dar uma nova roupagem mais calma e sensual a "G.T.I.".
24:15- St. Vincent, Coliseu dos Recreios
Concerto que suscitou as mais acérrimas discussões do dia, por um lado houve quem ficasse negativamente surpreendido, por outro lado houve quem, tivesse adorado, nós não só adoramos como lhes atribuímos o prémio de Melhor Concerto do Festival. Muita coisa mudou desde a primeira vez que a vimos em 2010 no palco secundário do SBSR (Superbock Superrock), hoje em dia Annie Clark é uma mulher muito mais segura, é sensual, atrevida, ás vezes provocadora, mas não ficam dúvidas de que nasceu para estar em cima de um palco. Nesta noite ela contou histórias, algumas alucinadas, cantou e bem, ofereceu-nos riffs e distorções de guitarra, representou, teatralizou e arrebatou-nos.
Depois de St. Vincent, fomos descansar de alma cheia, voltamos no dia seguinte para a reportagem do segundo dia.
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