quarta-feira, 13 de julho de 2016

Conversas d'Ouvido com The Machine Wolf


Estivemos à conversa com os The Machine Wolf, banda oriunda de Aveiro e formada em 2015. A sua sonoridade apresenta-nos um rock alternativo obscuro com influências que vão desde o industrial, ao metal, passando pela electrónica e pelo psych rock. Os The Machine Wolf são compostos por músicos de larga e variada experiência, Gonçalo Lemos na guitarra (Monolyth, Fadomorse, :papercutz), Jorge Oliveira na bateria (Hands on Approach, Souq, GNR) e Marcelo Pestana na voz (Monolyth). Falamos de influências musicais, discos de uma vida, projectos para o futuro e muito mais, tudo para descobrir na mais recente edição das Conversas d'Ouvido...

Ouvido Alternativo - Como surgiu o nome The Machine Wolf (TMW)?
Jorge Oliveira (JO) - O nome surgiu de uma fusão de dois temas (Love Removal Machine e Brother Wolf, Sister Moon) dos The Cult, que é uma espécie de banda de uma vida. 
Tem também a ver com o conceito/sonoridade da banda. 
Somos uma banda que gosta das suas raízes, onde as sonoridades eram mais orgânicas, mas também gostamos imenso das influências actuais, onde a electrónica tem um peso importante e que nós também fazemos questão de usar para o desfecho sonoro dos nossos temas. É portanto e também neste aspecto, uma fusão. 

Como são os TMW em estúdio e que "fórmula" usam para chegar à sonoridade que têm?
Os TMW não fogem muito ou quase nada daquilo que é o normal procedimento de uma banda na sua criação. Não temos formulas mágicas, mas temos um cuidado "especial" e criterioso no som e na estética, claramente. 
Temos a sorte de ter connosco um produtor fabuloso, que nos grava e que também ele participa nos arranjos dos temas através das suas ideias e conhecimento, uma especíe de elemento na retaguarda, que não aparece na imagem da banda, mas que que faz muito parte da mesma. 
A inclusão de sonoridades mais electrónicas, como Moog, Samples e outros Synths, estão também a seu cargo. Falo mais concretamente do Xavier Marques dos Estúdios Casa da Lenha em Bustos, Oliveira do Bairro.

Como surgiu a paixão pela música?
(JO) - Julgo que essa questão é um aspecto que não tem um princípio lógico e/ou estabelecido, embora exista um inicio de actividade como é evidente, mas.. É algo que nasce com um numero restrito de pessoas com talento para a música, depois o processo, ou aproveitamos o fato de termos sido "premiados" com essa particularidade e com o passar dos anos vamos tornando-o mais rico e efectivo, ou nos equivocamos e partimos para outra. Tivemos a sorte de o saber aproveitar, e agora estamos a desenvolver o talento com que nascemos, até ao fim dos nossos dias. É uma aprendizagem sem fim e um prazer que não se traduz em palavras.

Para além da música têm mais alguma grande paixão?
(JO) - Não temos paixões que se equivalham à música, temos se calhar outras coisas das quais gostamos, como qualquer comum mortal, da família, de futebol, de copos, de amigos, de amor e outras coisas menos propícias a serem reveladas neste contexto.. 

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
(JO) - A vantagem: O privilégio de trabalhar no que mais se ama. A desvantagem: A insegurança de se fazer o que mais se ama num país que não protege os seus artistas. Na maior parte dos casos, a generalidade dos artistas, trabalha para sobreviver, para viver dia após dia. É muito inconstante e injusto para si e para as suas famílias. 

Quais as vossa maiores influências musicais?
(JO) - Somos três elementos com idades distintas. Se por um lado eu ouço desde Dead Kennedys, The Doors, passando por The Cult, Pink Floyd, Portishead e indo até Radiohead e Massive Attack, etc, etc.. por outro temos o Gonçalo Lemos e o Marcelo Pestana, elementos mais novos, que tiveram entretanto outras influências também elas tão distintas como Gojira, Battles, Faith No More, Tool, Suuns, NIN, etc, etc.. mas que no "bolo final" fez toda a diferença. 
É essa mistura de influências e vivências que molda o nosso som. É muito relativo enumerar bandas que nos sirvam de influência, pois "quando damos por ela"  estamos a ir buscar uma ideia a um disco que ouvimos no momento de algo que jamais esteve relacionado com as nossas influências ou se quiserem com a música que costumamos ouvir, e que por mero acaso resulta no que nos propomos compor ou arranjar naquele momento.

Como Preferem ouvir música? Cd, Vinil, K-7, Streaming, leitor de mp3?
(JO) - Julgo que nos tempos que correm, na generalidade e pela falta de tempo que os jovens tendem a ter, o formato digital será à partida o mais utilizado, não querendo isto dizer que seja o formato preferido. 
Julgo que existem diversos contextos. 
Acontece por exemplo determinado disco soar melhor no formato digital, bem como  outro qualquer se calhar soar melhor num formato mais analógico, é muito relativo e ficará sempre ao cuidado do ouvinte. 

Qual o disco da vossa vida?
Jorge Oliveira - "The Wall" - Pink Floyd
Gonçalo Lemos - "Lateralus" - Tool
Marcelo Pestana - "Vol. 4" - Black Sabbath

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
Jorge Oliveira - "Sonic Debris" - Miss Lava
Gonçalo Lemos - "To Pimp a Butterly" - Kendrick Lamar 
Marcelo Pestana - "Magma" - Gojira

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
(JO) - Julgo que ainda os mesmos enumerados no ponto anterior, mais o novíssimo dos Radiohead "A Moon Shaped Pool".. que ouvimos, desfrutamos, analisamos e aprendemos em conjunto.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
(JO) - No contexto TMW, ainda não tocamos. Temos programado o início dos espectáculos para o início do Outono de 2016, que coincidirá com a edição do nosso segundo EP. 

Que músico/banda já vos desiludiu a nível musical/ou em concerto ao vivo?
(JO) - Não é importante.. 

Com que músico gostariam de efectuar um dueto/parceria?
(JO) - Estamos a preparar "uma" participação muito especial para o segundo EP, a seu tempo saberão.. 

Para quem gostariam de abrir um concerto?
(JO) - Radiohead, NIN, Massive Attack, Battles.. é uma escolha dolorosa.. 

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam de um dia actuar?
(JO) -Temos o sonho de tocar no palco principal do Paredes de Coura, pela magia do local. 

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
Jorge Oliveira - The Cult - Coliseu do Porto 1994
Gonçalo Lemos - Faith No More - Optimus Alive 2010
Marcelo Pestana - Gojira - Vagos 2014

Que artista ou banda mais gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
Jorge Oliveira - Pink Floyd
Gonçalo Lemos - Tool 
Marcelo Pestana - Slipknot

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de ter estado presentes?
Jorge Oliveira - Deep Purple - Tóquio, Japan - 1972
Gonçalo Lemos - Led Zepplin - Royal Albert Hall - 1970
Marcelo Pestana - Pantera - Moscovo - 1991

Qual o vosso guilty pleasure musical?
(JO) - Felizmente ainda não os temos no seio do grupo e/ou na criação da nossa sonoridade/conceito ou seja o que for.

Projectos para o futuro?
(JO) - Continuar a trabalhar TMW de forma a fazer chegar ao maior número de pessoas, porque è essencialmente para elas que trabalhamos. 

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta?
(JO) - Difícil... 

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
Jorge Oliveira - "Darkest Dreaming" - David Sylvian
Gonçalo Lemos - "Changes" - Black Sabbath
Marcelo Pestana - "Solitude" - Black Sabbath

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Recentemente editaram o primeiro EP, Eclectric, que pode ser ouvido e adquirido através da plataforma Bandcamp

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