sexta-feira, 1 de julho de 2016

Conversas d'Ouvido com Melodraw


Estivemos à conversa com os Melodraw, pela voz do vocalista Filipe Batalha. Os Melodraw (Miguel Simões, Fred Stone, Emanuel Carmo e Artur Sousa) são uma banda proveniente Mafra de rock alternativo com nuances que vão desde a pop ao punk. Editaram este ano o primeiro disco Whiskey & Bananas. No próximo dia 2 de Julho actuam no Rock in Amadora, mas antes de os verem ao vivo podem conhecê-los um pouco melhor em mais uma edição de "Conversas d'Ouvido"...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Filipe Batalha: Foi aos 7 anos, quando comecei a ouvir os vinis dos meus irmãos mais velhos no meu sótão. É música que ainda ouço assiduamente nos dias de hoje. Depois só aos 19 é que decidi meter as mãos na massa e aprender a tocar guitarra. 12 anos de aulas teóricas. Parece-me bem.

Como surgiu o nome Melodraw?
Quando ouço uma música, banda ou artista, cria-se uma imagem na mente, uma espécie de pintura. Melodraw é uma referência a essa pintura inspirada pelas melodias. A associação da imagem mental à música.

Para além da música, t que tocasse no vossomavamstiramens mais alguma grande paixão?
Gosto muito de cinema e de jogar poker. Mas não são paixões, como a música.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
É muito bom quando as pessoas gostam realmente da música que fazes. Faz-te sentir muito bem. Além disso, poderes viajar, conhecer sítios novos, tocar ao vivo com um grupo de amigos é uma grande experiência. A música para mim é uma maneira de ser livre. É difícil para quem tenta viver só da música, mas é uma questão de aprender e evoluir, manter-se fiel aos ideais, e talvez se consiga vencer.
A grande desvantagem será mesmo para o fígado J.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Pixies, The Doors, Led Zeppelin, Black Sabbath, The Beatles, Rolling Stones, Lou Reed, Pink Floyd, Queen, Metallica, Nirvana, Alice in Chains, Smashing Pumpkins, Stone Temple Pilots, Queens of the Stone Age, etc.

Como preferes ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Comecei a ouvir em vinil e K-7, depois apareceu o CD. Agora ouço Ipod no carro, e streaming ou Wav em casa. Uso o que me é mais cómodo. É bom revisitar o vinil, sabe-me muito bem aquele som quentinho. Espero um dia fazer uma coleção em vinil.
O que realmente interessa é ouvir música com qualidade, seja em que formato for, de preferência em boa companhia.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Podes ver a coisa de duas maneiras: Se comparares com a era pré internet, claro que o streaming é uma fonte de rendimento muito mais baixa que a venda de vinis, cds, etc. Mas depois de aparecer a internet, a malta andava a piratear tudo, e, neste caso, será preferível o streaming, ao menos há algum retorno pra os artistas. Penso que o rendimento do streaming ainda é bastante baixo para os artistas. Essas empresas distribuem pouco para o que ganham, especialmente o Youtube.
Rendimentos à parte, o streaming é bom em termos de exposição, pois é uma plataforma acessível a todas as pessoas com internet. Existem é tantas bandas com essa exposição que acaba por ser mais difícil encontrares as bandas que realmente gostas.

Qual o disco da tua vida?
Se tiver que escolher um, escolho o primeiro vinil que ouvi, pelo significado que teve: o primeiro álbum de Doors. Foi o meu “break on through to the other side”.

Quais o últimos discos que te deixaram maravilhado?
Os últimos discos que mais gostei foram:

Iggy Pop – "Post Pop Depression"
Queens of the Stone Age – "Like Clockwork"
Faith no More – "Sol Invictus"
Royal Blood – "Royal Blood"
Courtney Barnett – "Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit"

O que andas a ouvir de momento/Quais as tuas mais recentes descobertas musicais?
Os discos que mencionei acima e todas as outras influências. Vou descobrindo e guardando o que mais gosto.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?

Tocámos uma vez num bar, em que o proprietário começou a torcer o nariz logo no soundcheck, a dizer que tocávamos muito alto. Estávamos a meio do concerto, com a sala muito bem composta, e ele mandou-nos parar a meio de uma música porque tinha queixas de vizinhos que moravam a cerca de 500m. Mais tarde perguntámos-lhe se ele tinha ouvido o nosso som antes de nos contratar, ele admitiu que não. Ele devia estar à espera de uma banda pop.. nós nem somos muito barulhentos.. gostamos de “partir a loiça” .

Com que músico gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Tantos… mas digo-te alguns ainda vivos: Robby Krieger, Iggy Pop, Jimi Page, Dave Grohl e Josh Homme. Por terras lusas era com o Jorge Palma.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
Vou-te dizer bandas no activo senão era testamento: Iggy Pop, Black Sabbath, Queens of the Stone Age, Smashing Pumpkins, Alice in Chains, Faith no More, etc..

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
O palco que me é mais querido é o de Paredes de Coura, porque é o festival que fui a mais edições (9), mas é claro que qualquer público que esteja disposto a ouvir rock n roll, eu gostaria de actuar.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
O melhor para mim foi Roger Waters no Pav. Atlântico, na tour do The Wall. Foi incrível! Além da música ser tocada na perfeição, a produção é monumental. Aconselho vivamente.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Gostava muito de ver os Black Sabbath, mas não vão passar em Portugal nesta que vai ser a última tour. Também gostava muito de uma reunião dos Led Zeppelin… mas a última reunião foi mesmo no tribunal J.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostavas de ter estado presente?
Gostava de ter visto um bom concerto de The Doors.

Qual o teu guilty pleasure musical?
Não tenho nenhum. Não me sinto culpado por ouvir algo que gosto. Mesmo que não seja a minha onda, se gosto, ouço na boa. Por exemplo: se ouvir o Dance Mania 99 hoje em dia vou gostar porque me faz lembrar a minha adolescência.

Projectos para o futuro?
Continuar a promover o primeiro álbum de Melodraw (Whiskey & Bananas), continuar a fazer música nova, e tentar arranjar uma boa rede de trabalho para a banda ser sustentável.

Próximos concertos?
O único confirmado é dia 2 de Julho no Rock in Amadora. Temos mais alguns mas em fase de negociação.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Fazes xixi no chuveiro? Sim.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Não escolhi ainda. Mas gostei do funeral do Lemmy, onde depois de todos prestarem a sua homenagem, ligaram os amps e baixo dele e deixaram a fazer feedback. Foi bonito.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Agradeço em nome dos Melodraw e muita sorte com o vosso projecto. Um abraço para a vossa equipa.

Ficamos ao som do debut Whiskey & Bananas que se encontra para escuta e download através da plataforma Bandcamp.

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