quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Conversas d'Ouvido com CATO


Os CATO são uma banda de Aveiro, constituídos por João Rodrigues (guitarra, voz), Fábio Magalhães (baixo, voz), Fábio Matos (guitarra) e João Mota (bateria). Fazem do rock alternativo a sua praia e editaram recentemente o seu EP No Gerúndio, gravado no HAUS ("casa" de bandas como PAUS e Linda Martini), momento ideal para os conhecermos um pouco melhor numa descontraída edição das "Conversas d'Ouvido"...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Fábio Magalhães (FM): Tudo começou, para mim, quando pedi uma guitarra ao meu pai quando nem sabia quantas cordas tinha uma guitarra. Depois de partir algumas cordas sem saber como afinar aquilo, decidi que ia aprender a tocar baixo e é esta a minha vida agora. Essa guitarra ainda hoje está presente e em condições, por incrível que pareça, pois nunca fui muito bom a estimá-la. 
João Rodrigues (JR): A ouvir Pink Floyd com o meu pai. E tive a certeza que era amor quando percebi que “tocar” em jogos de PlayStation não chegava.

Como surgiu o nome CATO?
CATO surgiu de abreviatura de “Clouds Above the Others” que era a ideia inicial para o nome, com o tempo achamos que CATO era mais catchy e optamos por utilizar esse nome.

Como descrevem o vosso estilo musical?
Na sua essência digamos que se enquadrará no Rock Alternativo, mas com as influências diversificadas explora também outros subgéneros do rock tudo numa mistura bastante explosiva.

Conseguem explicar-nos como se desenvolve o vosso processo criativo?
Uma sala, quatro marmanjos, umas garrafas e vontade de fazer música. 
Fábio Matos (F.Matos): Um ou outro faz uma malha e acabamos por nos complementar mutuamente de forma a criar algo diferente.

Editaram este ano o EP “No Gerúndio”, para quem ainda não ouviu o que podemos esperar?
Pode-se esperar um rock cru, duro e por vezes melancólico. Cantado em português, de poucas palavras mas cheio de mensagem. No conjunto dos cinco temas pode-se escutar uma única história. É ouvir.

Como foi gravar no HAUS?
Foi uma experiencia muito gratificante no sentido de ter a oportunidade de gravar e estar com músicos pelos quais temos grande estima. Ficar a conhecer o espaço por onde passam grandes nomes da música nacional. Nos termos da gravação propriamente dita, correu tudo muito bem, O Fábio Jevelim, o Makoto e todos os que por lá estão dão um excelente apoio e conseguiram acrescentar algo mais à nossa música. Foram cinco dias extraordinários para nós.

É verdade que o HAUS é muito mais do que um estúdio de gravação?
Sim. O facto de ser casa de bandas como PAUS, Linda Martini e You Can’t Win, Charlie Brown e passarem por lá esses e outros grandes artistas nacionais fazem com que se torne um local de culto.

Para além da música, t que tocasse no vossomavamstiram que tocasse no teusosavas ariasêm mais alguma grande paixão?
FM: Sem dúvida e acho que falo por todos que o futebol é tema de conversa entre nós. Eu e o João somos grandes Sportinguistas, o Fábio Matos é do Porto e o Mota é do nosso Beira-Mar aqui de Aveiro.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem é poder fazer aquilo que se gosta e animar o público com isso, conhecer locais que de outra forma não conheceríamos e também conhecer muita gente nova nessas aventuras. A desvantagem diria que é não haver reconhecimento no trabalho individual e coletivo das bandas.

Quais as vossas maiores influências musicais?
Nessa parte e apesar de haver muito em comum também temos gostos mais pessoais. 
João Mota (JM): Da minha parte, definitivamente, Deftones, Tool, Karnivool, Queen, Ornatos Violeta, só para citar alguns. 
FM: Como é obvio, não é mútuo, eu, estou mais numa onda de clássicos como Pink Floyd, Metallica, The Who, Led Zeppelin, Beatles entre outros, no entanto, a atualidade no mundo da música também não me é de todo indiferente. Adoro Avenged Sevenfold, por exemplo e não me posso esquecer de referir Linda Martini, Paus, Ornatos Violeta e principalmente Radiohead. São poucos nomes estes que referi, pois a lista era enorme se referisse todos aqueles que me servem de influencia, mas são boas influências atualmente.
JR: Acho que posso reciclar a resposta dos outros, tirar um ou outro e acrescentar jazz, muito jazz, e muito blues, e alguma música erudita. Acho que qualquer música que ouvimos e gostamos se torna uma influência, mesmo que inconscientemente, por isso, acho que posso considerar quase todo o espectro de estilos musicais uma influência para mim, tirando algumas coisas mais “comerciais”.
F.Matos: Radiohead, Bob Dylan, David Bowie, Neil Young, The Beatles, The Beach Boys, Queens of the Stone Age, Iggy Pop, Lou Reed, Dead Combo…

Como preferem ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
JM: Somos todos de uma geração mais recente, eu sendo o mais velho ainda ouvi alguma coisa em cassetes mas comecei a ouvir mais música no boom dos CD's e mais tarde dos MP3 daí usar mais esses formatos hoje em dia.
JR: Começando nas cassetes, passando pelos CDs e mp3 e agora no streaming. Mas desde que seja boa música, qualquer coisa serve, se tiver boa qualidade, claro.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Nem uma coisa nem outra, vivemos na era global. Todos percebemos que hoje em dia o formato digital é cada vez mais o fundamental para o sucesso de um artista ou banda pois é por aí que se chegará a um enormíssimo numero de ouvintes que é o que mais importa. Depois disso é tocar ao vivo e tirar os dividendos disso.

Qual o disco da vossa vida?
JMSound Awake dos Karnivool, um disco incrível do primeiro ao último segundo.
FM: Pulse dos Pink Floyd sem dúvida. É todo um conjunto de genialidade.
JR: É tarde, não consigo responder a perguntas difíceis. Mas é provavelmente uma compilação qualquer gravada por mim cheio daquelas músicas que me fazem esquecer do sítio onde estou e cantar ou tocar. Eu sei que é batota, desculpem, não consigo ser monógamo na música.
F.Matos: The Beatles – "Magical mistery tour" e "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", são a base de tudo o que foi feito depois disso, os pilares da música moderna.

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
JMGore dos Deftones, é incrível como ao fim de tantos anos conseguem manter a consistência e fazer sempre álbuns excelentes.
FM: Sirumba dos Linda Martini foi um estrondo! Diferente do registo habitual, no entanto, muito bom.
JR: A Moon Shaped Pool, dos Radiohead, é fechar os olhos e desaparece tudo.
F.Matos: Iggy Pop, com Josh Homme, e Matt Helders, POST POP DEPRESSION.

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
JM: Bastante Post-Metal, If These Trees Could Talk, descobri recentemente e lançaram este ano um álbum muito bom dento do género. Há todo um mundo por descobrir neste universo do Post.
FM: Ando, neste momento, a fazer um revisão completa a Led Zeppelin e a Pink Floyd. Nunca cansa.
JR: Segundo o meu telemóvel, agora ando a ouvir mais jazz e Stevie Wonder. A mais recente descoberta, é uma redescoberta, La Dispute, tão bom.
F.Matos: Kevin Morby, Bob Dylan, Whitney, The Kinks, Iggy Pop e The Last Shadow Puppets.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
FM: Provavelmente ter quase caído em quase todos os concertos sempre pelo mesmo motivo que não convém dizer.
JR: Mostrar a cara.
F.Matos: Perceber a meio que a guitarra estava desligada depois de meia hora a fazer um festival físico fenomenal.

Que músico/banda já vos desiludiu a nível musical/ou em concerto ao vivo?
FM: Sinceramente, não vejo nenhum exemplo. Se vou a algum concerto é porque gosto do que irei ver, logo, não há defeitos quando se gosta. 
JR: Há sempre uma ou duas bandas que lançam um álbum que nos agrada um pouco menos, quando acontece a solução é esperar pelo próximo, se melhorar, muito bem, se não, nada apaga os álbuns anteriores. Ao vivo, por acaso, nunca aconteceu.

Com que músico gostariam de efectuar um dueto/parceria?
FM: Acho que teria a sua piada em poder atuar ao lado dos Dead Combo. Já tive oportunidade de ver e é mágico ouvir aqueles senhores que, por acaso, tive o privilégio de conhecer pessoalmente e até mesmo sentar-me à mesa e jantar com um deles (Tó).
JR: Impossível escolher. Quando é que acabam as perguntas difíceis? (risos)
F.Matos: Josh Homme faz magia em tudo o que toca assim talvez eu soa-se bem.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
FM: Tendo em conta o que é a sonoridade dos CATO, diria que Linda Martini era um ótimo desafio. São, para mim, das nossas melhores referências daí ser um prazer para nós poder abrir Linda Martini.
JR: Concordo e acrescento PAUS.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Nos Coliseus e nos festivais de Verão onde reina o rock alternativo.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
FM: Sou um pouco suspeito nesta resposta visto que tive a oportunidade de ver as minhas bandas favoritas, neste momento. Sem dúvida que foi Avenged Sevenfold no Campo Pequeno (2013) e Linda Martini já por duas vezes.
JM: Talvez os Kaiser Chiefs no RiR 2008. Já são alguns muitos bons é difícil escolher.
JR: Todos? Talvez Radiohead tenha sido uma melhor experiência, possivelmente pelos anos de espera por uma oportunidade.

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
JM: Definitivamente, Karnivool.
FM e F.Matos: Metallica é obrigatório neste momento.
JR: Se desse para andar uns anos para trás, Pink Floyd, que espetáculo que eles davam. Não podendo, é rezar e esperar por Tool.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de ter estado presentes?
FM: Sem qualquer dúvida Queen em Wembley e The Who no Woodstock.
JR: Acho que, sem querer, já respondi a isso.
F.Matos: The Beatles, aquele concerto no  telhado.

Qual o vosso guilty pleasure musical?
JM: Não sendo propriamente um guilty pleasure gosto e ouço moderadamente Techno e outros subgéneros da eletrónica.
FM: É muito mau dizer que adoro nomes como Rod Stewart?
JRKanye West. Qual era a pergunta mesmo?
F.Matos: Gosto de ABBA e admito.

Projectos para o futuro?
Tocar o máximo possível e gravar no próximo ano um álbum completo.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
FM: Porque não: “Quando gostavam de ir à radio?” R.: “Logo que chegar o convite”.
JR: “Queres me comer o cu?” (risos) Isso ou: “

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
FMg: Adorava que chorassem por mim ao som da "Let It Be" dos Beatles. Tinha a sua piada.
JR"Dies Irae" de Verdi, ou "O Fortuna" de Carl Orff.
Matos: Kevin Morby - "Parade"

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Nós é que temos a agradecer. Ficamos a conhecer o Mota muito melhor.

Terminamos agora ao som do EP No Gerúndio, que se encontra disponível para escuta através da plataforma Soundcloud.

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