quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Conversas d'Ouvido com Cassete Pirata

Estivemos à conversa com os portugueses Cassete Pirata, banda que percorre os caminhos do rock cantado em português com nuances psicadélicas. Os Cassete Pirata são: João Firmino "Pir" (voz, guitarra), Margarida Campelo (voz, teclas), Joana Espadinha (voz, teclas), António Quintino (baixo) e João Pinheiro (bateria). 
Nesta edição das "Conversas d'Ouvido", aproveitamos o futuro lançamento do EP de estreia, para ficarmos a conhecer melhor os Cassete Pirata pela voz de "Pir".

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?

"Pir": Surgiu muito cedo a cantarolar a música do “Vitinho” e outras que me davam a ouvir em casa. Aos 5 anos consta que pedi para ir aprender música. Fui aprender órgão. Acabei por me fartar por volta dos 8 anos mas a paixão voltou a aparecer com a guitarra aos 12.

Como descrevem o vosso estilo musical?
Humm…É difícil essa resposta. Algures entre o Rock e o DreamPop.

Conseguem explicar-nos como se desenvolve o vosso processo criativo?
Até agora, e pode mudar no futuro, a coisa tem acontecido comigo a compor e pré-produzir em casa, e depois de ter esse esboço, levo para a sala de ensaio onde o pessoal dá o seu feedback e me ajuda a dar melhor direcção á musica.

Preparam-se para editar o primeiro EP, o que podemos esperar?
Podem esperar por música que nos deu muito gozo gravar. É uma amostra da banda nesta fase, e por isso acaba por ir bater a alguns universos que gostamos. Estamos muito felizes também com o contributo do Benjamim (Luís Nunes) que está a produzir o E.P.

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
Acho que sim, mas em geral somos todos bastante “workaholics” com a musica. Mas acho que todos gostamos das coisas boas que toda a gente gosta. Diria que somos apaixonados  por comer bem, copos com os amigos, viagens, praia , bons filmes, boas séries - Acho que somos todos apaixonados pelo País em que vivemos.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Fora alguma falta de dinheiro neste início de carreira, não há desvantagens, pelo menos para mim. Com mais ou menos sucesso continuo a gostar muito do processo de compor, de gerir uma banda, de tocar concertos e viajar pelo País.

Quais as vossas maiores influências musicais?
Todos ouvimos muita coisa diferente, e todos somos muito abertos a tudo o que acontece à nossa volta. Todos acabamos por passar pelo Jazz a nível académico e não só, porque também temos discos feitos nessa área e algum nome feito no Jazz nacional. Na parte que me toca como compositor penso que esta banda acaba por ser o meu escape para compor coisas mais no universo dos Supertramp, os King Crimson entre outras bandas dessa época. Tento juntar as minhas influências da música brasileira de autores como o Chico Buarque ou o Milton Nascimento na parte mais lírica das melodias, e que nessa mistura consiga ainda arranjar espaço para captar algum tipo de Portugalidade.

Como preferes ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Foi mudando ao longo dos anos. Comprei um leitor de Vinil há uns tempos para tentar voltar a ouvir música sem distracções, quieto, no sofá. Gosto muito de ouvir música no carro enquanto vou a guiar ou enquanto jogo computador - oferece um tipo de abstracção diferente. Uso plataformas de streaming também.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
É dificil dizer - tem vantagens para o consumidor, e algumas desvantagens para os autores. Como é uma realidade mais ou menos recente, ainda tem muito que evoluir, principalmente no revenue que consegue dar aos autores.

Qual o disco da tua vida?
Tenho muitos, é difícil, mas se tiver de escolher um escolho o musical do Jesus Christ Superstar.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Tenho andado a ouvir Beach House e Patrick Watson e adoro. O Benjamim mostrou-me The Flaming Lips e também tenho andado a ouvir - são uns monstros. Já tem uns anos mas ficou a rodar imenso tempo o Cavalo do Rodrigo Amarante e gosto muito dos Grizzly Bear também.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Como ainda só demos 3 concertos (agora vamos ter mais na nossa Tour) ainda não aconteceu assim nada de embaraçoso. Uma balda aqui ou ali, um “desafinanço”, mas isso faz parte.

Que músico/banda já te desiludiu a nível musical/ou em concerto ao vivo?
Acho que nunca me aconteceu. Gostar de um artista para mim significa gostar da sua viagem, e essa viagem terá sempre momentos melhores e outros menos conseguidos. Ás vezes podemos ter pena de um artista cair na repetição e não se conseguir re-inventar, ou de se re-inventar e nós preferir-mos o que ele era antes, mas isso é normal. De quem não gosto, não ouço, faço por não criticar e por isso também não me desiludo.

Com que músico gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Muita gente. Dos mais históricos aos que estão agora a aparecer. Espero que Cassete seja uma banda de muitos anos e muitos discos e que por isso haja oportunidade para colaborar com muita gente. É uma coisa que no Brasil fazem muito e cá se faz pouco. Espero que mude.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
Acho que os The Doors…mas já não dá.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Todos e mais alguns. Nesta fase prefiro quantidade do que qualidade. Queremos tocar em qualquer lado.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Já assisti a alguns marcantes por diferentes razões. É dificil escolher o melhor.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Patrick Watson, Grizzly Bear, Tame Impala, Melody Echo Chamber, Beach House… Gostava de ver esta malta, mas ainda não consegui.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Acho que tinha sido giro estar naquele Woodstock…

Qual o teu guilty pleasure musical?
Não faço ideia, acho que nada me deixa “guilty”.

Projectos para o futuro?
Gravar o primeiro disco de Cassete pós E.P e conseguir fazer mais uma Tour em 2017. Hei-de gravar mais um disco de jazz em nome próprio porque já tenho muita música na gaveta, mas não sei para quando. Tenho algumas músicas para um disco a solo mais acústico, mas também não faço ideia quando dará para o gravar. Gostava de compor para outras pessoas, é um desafio interessante. Mas por agora quero mesmo é concentrar-me em Cassete e viver a estrada com a minha banda que adoro.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Não tenho ideia.

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
Fica para quem cá fica decidir.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Terminamos agora ao som do single "Outra Vez", que serve de antecipação ao futuro EP.

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