terça-feira, 11 de julho de 2017

Conversas d'Ouvido com Marinho


Entrevista com o cantor e compositor brasileiro Marinho, que editou recentemente o seu disco LP de estreia Sombras. Alicerçado numa mescla de rock alternativo e indie pop. Nesta edição das "Conversas d'Ouvido" quisemos conhecer melhor o músico, falamos de influências, outras paixões, discos de uma vida, projectos para o futuro e guilty pleasures, entre tantas outras coisas, que podem descobrir nas linhas que se seguem...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Marinho: A paixão pela música surgiu cedo, e veio em virtude de uma herança de família. Pai, tios, avô, muitos eram músicos. Aos 15 formei minha primeira banda e desde então, nunca deixei de fazer algo relacionado.

Editaste recentemente o disco “Sombras”, em que medida, este álbum demonstra mais quem és enquanto artista, quando comparado com o EP homónimo que lançaste em 2015? 
No EP eu tive a figura de um produtor (excelente, por sinal) e a participação de músicos com quem não tinha convívio. O processo, ao final, não se pareceu muito comigo, com o que eu queria. No disco atual, minha participação foi intensa. Além do amadurecimento natural vindo da gravação de um primeiro trabalho, eu tive a participação na produção de dois grandes amigos, Victor de Almeida e Joaquim Prado, que assinam a produção junto comigo e que me acompanham nos shows. Nesse sentido, todos estávamos com um pensamento unificado, entendendo as intenções das músicas e sabendo para onde elas deveriam ir.

Queres apresentar-nos os músicos que te acompanham nesta jornada?
Além de Victor de Almeida, que toca guitarra, e Joaquim Prado, que toca guitarra, baixo e sintetizadores, temos Joaquim também na guitarra, Bruno Rodrigues no baixo, e Fellipe Pereira na bateria.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Essa descrição é muito difícil, mas eu arriscaria dizer que estou no rock alternativo, com cara de anos 90, mas com alguns traços de indie.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Minha mulher e meu filho, que preenchem minha vida.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem, eu diria que é estar no meio da arte, no meio de gente que faz arte, de se inspirar o tempo todo por simples coisas e gestos, a música é um lugar sensível. A maior desvantagem é em muitas ocasiões não haver possibilidade – ou haver uma possibilidade pequena – de se viver diretamente ou exclusivamente disso, mas acho que tudo tem seu tempo e as escolhas são sempre nossas.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Radiohead é a banda da minha vida. Afora isso, no disco eu mesmo sinto muito as influências de Wilco, Mogwai, Ben Howard, Daughter. No Brasil, ligo muito minhas influências do presente a artistas como Terno Rei, Ventre, E a Terra Nunca me Pareceu Tão Distante, Constantina e por aí vai.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Preferência seria vinil, acho que é como se déssemos mais valor à música, mas não nego que os sites e aplicativos de streaming nos dão uma baita força nos dias atuais.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Depende do ponto de vista. Acho que facilita o acesso do grande e variado público, joga o artista no meio das possibilidades de ser ouvido e ligado a outros artistas do mesmo estilo. Mas, as formas de distribuição do que é ganho é que não acho claras, acho que poderia haver mais clareza tanto com relação aos órgãos que arrecadam, quanto aos que distribuem, trazendo clareza para os serviços que tocam a música do artista. Esse processo todo deveria ser mais respeitoso com o artista, afinal, a arte é o trabalho e esforço pessoal de cada um.

Qual o disco da tua vida?
O disco da minha vida é o “Ok Computer”, Radiohead.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Ben Howard – I Forget Where We Were

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Terno Rei – Essa Noite Bateu Como Um Sonho.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Confesso que não me recordo (risos).

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Com o pessoal do Terno Rei, de São Paulo.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
O sonho seria Radiohead. Ainda sonhando, Daughter. Gosto de sonhar. 

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
No Brasil, acho que no Circo Voador. Fora daqui, o sonho de consumo é participar do Coachella e do SXWX.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Pearl Jam, no Lollapalooza foi fantástico. Coldplay em 2011, no Rock In Rio, também foi ótimo.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Bon Iver.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Não menciono um concerto específico, mas gostaria de ter visto algum show dos Beatles e Nirvana.

Qual o teu guilty pleasure musical?
Justin Bieber!

Projectos para o futuro?
Neste ano, há muito o que acontecer. Temos clipe, live session, algumas mini turnês para fazer, single que não entrou no disco pra lançar. Pegar a estrada!

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
“O que significa ser artista pra você?” Eu responderia que é colocar pra fora sem critério ou ou padrão, qualquer inspiração que venha na cabeça, seja ela musical ou não.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
Eu gostaria de ter escrito “Keep Your Head Up”, do Ben Howard.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
"A Day in The Life", dos Beatles.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Terminamos ao som do disco Sombras, que se encontra disponível para escuta através da plataforma Soundcloud

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