segunda-feira, 3 de julho de 2017

Conversas d'Ouvido com One Legged Llama


Entrevista com One Legged Llama, pseudónimo do músico Tiago Correia, que recentemente estreou o seu EP (UN)REST. One Legged Llama viaja pelo indie rock, estabelecendo paragens no psych e no rock progressivo. Tiago Correia, justifica na plenitude o rótulo de indie, encarregando-se da autoria, composição e produção. No futuro planeia a edição doses primeiro LP, mas no presente é o novíssimo convidados das "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
One Legged Llama: Surgiu ainda em criança, lembro-me de ouvir música no computador, fechar a porta do escritório e fingir que tocava guitarra enquanto cantava. Mais tarde, arranjei realmente uma guitarra, tive umas aulas, e pronto, aqui estamos. 

Como surgiu o nome One Legged Llama?
Foi num brainstorm de ideias, estava a falar com uns amigos, necessitava de um nome e surgiram nomes relacionados com animais. Então lembrei-me dos llamas e imaginei a imagem de um llama num corpo de um flamingo quando estão apoiados só numa “perna”, na minha cabeça teve imensa graça, e então ficou One Legged Llama. Também é giro de dizer. 

Editaste recentemente o Ep “Un(Rest)”, para quem ainda não ouviu o que podemos esperar?
Algumas influências deste EP são os Biffy Clyro (álbuns como “Puzzle” e “Only Revolutions”) e os The Strokes, portanto podem esperar umas guitarras bem definidas por vezes a ir para distorção com um ritmo mexido, meio dançante. Um feedback que recebi em relação ao single (Get Up And Dance) é: “guitarras à Sonic Youth e teclado à The Doors”, portanto acho que deviam ouvir. 


A quem é que temos que parabenizar pela belíssima cover/artwork de “(Un)Rest”? Já agora, há algum simbolismo especial na imagem?
Os parabéns são direcionados a Margarida Pignatelli, é uma excelente designer, vão ouvir falar dela no meio (design), de certeza. 
Sim, há, é uma foto minha que pretende demonstrar esse desassossego [(Un)Rest] interior, um turbilhão de ideias e emoções que por vezes guardamos apenas dentro da nossa cabeça.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Gosto de descrever o meu estilo musical como Indie Rock, não só como já disse anteriormente pelas minhas influências, mas também pelo processo de produção e distribuição do EP, está a ser tudo feito de maneira independente.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Cinema. Gosto imenso de ver filmes, seja em casa, seja no cinema. Se surgir a oportunidade de entrar em algum projecto como actor, em princípio estou dentro, sempre tentando conjugar com a música claro, trocar nunca.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Fazer o que se gosta é sempre uma vantagem e trabalhar com algo que é arte é óptimo, é a maneira mais directa de chegarmos às pessoas. As desvantagens são algumas, não temos uma vida muito certa, não temos um sustento certo ao fim do mês, e até se chegar a algum lugar “mais estável” é necessário fazer um esforço enorme. É necessário gostar mesmo disto, para chegar onde queremos chegar e como queremos chegar lá. 

Quais as tuas maiores influências musicais?
Eu considero que as minhas influências são todas as coisas que oiço e que ouvi até hoje, há sempre qualquer coisa nova e diferente que me influencia. Desde o Punk Rock que ouvia no secundário, ao Hardcore quando entrei pela primeira vez na faculdade, passando pelo Hip-Hop nacional e internacional e o “Psicadelismo”, hoje em dia mais o Indie Rock e o Alternativo, tudo me inspira e influencia.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Em casa oiço streaming, no carro oiço Cd’s por uma questão prática e porque são as mais económicas. Mas preferir, prefiro o Vinil, tem outro toque, não só o som mas também todo o processo de o “pôr a dar”. 

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Eu acho que o streaming é uma ferramenta, e todas as ferramentas têm maneiras de serem utilizadas. Depois há quem utilize bem e quem utilize mal. Acho que o conceito é ótimo, especialmente para divulgar coisas novas, mas depois a parte da distribuição dos ganhos pelos artistas não é correta. 
Ouvi no outro dia numa talk uma questão muito pertinente de um artista português, “Se eu pagar a assinatura pelo Spotify e só ouvir Metallica, porque é que uma percentagem dessa assinatura vai para a Taylor Swift?”, é o mesmo que eu ir a FNAC comprar um CD dos Metallica e um bocado do valor ir para a Taylor Swift, que em nada está relacionada com o processo. Isto acontece devido à tal divisão, porque eles seguem-se pelos mais ouvidos e mais sacados e mais isto e mais aquilo, ou seja, a meu ver o grande continua a crescer e o pequeno, infelizmente, terá de continuar pequeno. 

Qual o disco da tua vida?
Acho que não tenho um “disco da minha vida”, mas há um disco que foi o meu primeiro, e ainda hoje me acompanha no carro e às vezes ponho a dar porque me alegra imenso. “Enema of the State” dos Blink-182. Foram as primeiras músicas que aprendi a tocar na guitarra. 

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
O último que me deixou maravilhado de uma ponta a outra, foi em 2015, o disco “If I Should Go Before You” de City and Colour. Mais recentemente, um que quase me maravilhou da primeira à última música, foi o “DAMN” do Kendrick Lamar.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Descobri há uns dias os Royal Blood. Um baixo e uma bateria, parece simples, mas tem uma força incrível. Também descobri os First Breath After Coma no Festival Mil, gosto imenso.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Para já, não dei muitos, mas foi no último, na minha apresentação do EP, em que falhei todos os acordes do refrão de uma das músicas, foi um falhanço enorme mas supostamente ninguém reparou.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
No que toca a bandas nacionais gostava de fazer alguma coisa com os Linda Martini, e no que toca a internacionais com os God Is An Astronaut, são sonoridades mais negras mas com as quais me identifico muito. 

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Linda Martini, Capitão Fausto, etc, os bons nomes do indie em Portugal. Era sinal que estaria a chegar a algum lado. No que toca a sonhos, The Strokes, Biffy Clyro (com o acordo de não tocarem os álbuns mais recentes ahahah), Alabama Shakes, Royal Blood…sei lá. 

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Paredes de Coura!!! Internacional, ainda não pensei nisso, um passinho de cada vez. 

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Snarky Puppy no Lx Factory em Abril. Foi incrível. 

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Gostava de poder ver Jack White, já ouvi dizer que dá um bom espetáculo. Também gostava de ver  Alabama Shakes e Arcade Fire. 

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Acho que isto é meio cliché, mas era mesmo os Queen, no Wembley em 1986. Já vi imensos vídeos e aquilo foi estrondoso. 

Qual o teu guilty pleasure musical?
Não me sinto “culpado” de nada que oiço (risos).

Projectos para o futuro?
Gravar um álbum, talvez uma extensão de (Un)Rest, ou algo mais “rough” .

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
P: Sabes que podes deixar esta pergunta em branco? R: Ah, ainda bem! (risos)

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
Há muitas, mas vou ter de dizer “Shine On You Crazy Diamond” (tudo, da parte um até à nove) dos Pink Floyd. É incrível.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
A música "Body in a Box" de City and Colour, tem uma bela mensagem, com a qual me identifico, para um momento desses.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Terminamos ao som do EP (Un)Rest, que se encontra disponível para escuta e download gratuito através da plataforma Bandcamp.

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