Entrevista com Amber Foil, projecto do multi-facetado músico João Filipe. Amber Foil é música, é rock progressivo, é cinematografia, é música clássica, é audiovisual. É um mundo imaginário, para onde podemos viajar, para isso basta fechar os olhos e sonhar. Amber Foil é um grande enigma que merece ser desvendado nesta edição das "Conversas d'Ouvido"...
Ouvido Alternativo: Como surgiu o nome Amber Foil?
Amber Foil: Numa rotineira caminhada por Mainz (Alemanha), local no qual passei bastante tempo durante 2015 e 2016, inesperadamente encontrei um amigo que não pertencia de todo àquela rotina nem àquele lugar. No meio da conversa rápida e despachada, eis que ele diz as duas palavras. *Click* Tudo o que ele disse antes ou depois, apagou-se completamente. Depois de um ano à procura das duas palavras. Elas estavam ali:: Amber Foil.
Como surgiu a paixão pela música?
Tive a sorte de nascer no meio de música. Maioritariamente clássica. E por isso criou-se uma semente desde cedo em mim. Aos 11 anos comecei a aprender guitarra clássica que rapidamente passou para elétrica, acústica, improvisação, produção e composição musical. A paixão foi crescendo, mas só quando criei a minha primeira música (Some Sort Of), se instalou e me apercebi que música é o que quero realmente fazer.
Queres apresentar-nos os músicos que te acompanham nesta jornada?
De momento, o projecto conta apenas com músicos convidados para a gravação dos temas. A banda encontra-se em formação mas já conta com uma participação mais presente da Célia Ramos.
A tua música reveste-se de forte componente audiovisual, para ti a música é muito mais do que uma sonoridade?
A música é apenas um dos frutos do projecto. O objectivo é tocar as pessoas e criar uma oportunidade duma viagem contemplativa. Amber Foil é, mais que um projecto musical, um tronco sólido que se ramifica e floresce em música, histórias, ilustrações e vídeos, (para já!).
Sabemos que estás a preparar uma espectáculo ao vivo especial, já podes levantar um pouco o véu sobre o que podemos esperar?
Estamos a criar um espetáculo pensado cenograficamente. Pode-se dizer que à vista estarão árvores e pirilampos; atrás do pano: arduinos e breadboards.
Há algo de cinematográfico na tua música, as bandas sonoras fazem parte dos teus planos?
Sim, já fiz e pretendo continuar a fazer bandas sonoras. Colorir com som um mundo visual é algo que me fascina. A cinematografia da música em Amber Foil não é de todo planeada.
O teu primeiro EP, “An Invitation”, é um convite para quê?
Um convite para as pessoas terem um primeiro contacto com AF, um convite sempre aceso para parar, fechar os olhos e viajar. Um convite para Pete (o personagem principal da história) que se depara com 2 portas no meio duma floresta. Mas gosto de acreditar que todos podem encontrar um novo sentido para o título.
Tens partilhado as tuas experiências num vlog, como surgiu a ideia?
Ao ver Casey Neistat percebi o poder do Storytelling sem grandes condições técnicas. Ao ouvir Gary Vaynerchuck ínumeras vezes, percebi a importância de documentar. *click* Que tal começar a gravar toda esta jornada desde o zero? Todos os processos criativos, viagens? Qual tal um Vlog?
Sabemos que recentemente estiveste em Londres, cidade que transpira a música por todos os poros, como correu a viagem?
Apaixonei-me pelo suor de Londres. Em 5 dias fiz mais do que em 5 meses cá em Lisboa em termos de RP, promoção do projecto e networking. Para saber um pouco mais, é ver o último vlog!
Enquanto artista independente que dificuldades tens sentido?
A responsabilidade é grande e a visibilidade conquista-se muito devagar. Mas tudo isto são desafios que nos fazem crescer.
Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Música progressiva.
Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Ajudar os outros nos seus sonhos-projecto, criação de vídeo, storytelling, fotografia, design e uns integrais de matemática de vez em quando.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Transferindo esta pergunta para a Katerina L'Dokova que está ao pé de mim neste momento e ela sim é uma música profissional: “Instabilidade como desvantagem. Como vantagem: a música como um espaço no qual o tempo ganha outras proporções/dimensões, tornando-se mais extenso e onde tu acabas por flutuar. Deixando de sentir o teu corpo que acaba por fazer parte de um todo.”
Quais as tuas maiores influências musicais?
Steven Wilson, Gong, King Crimson, Opeth, Pink Floyd, Frank Zappa e quase todo o leque progressivo dos anos 70.
Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Vinil quando tenho tempo, mp3/streaming para momentos on-the-go que é quase sempre.
Qual o disco da tua vida?
Hummm… se tiver mesmo que escolher.. Angel’s Egg dos Gong.
Qual o último disco que te deixou maravilhado?
“The Unravelling” dos Knifeworld.
O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Jon Brion, Knifeworld, White Moth Black Butterfly, Bent Knee, Raphael Weinroth-Browne...
Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Ao acompanhar uma declamação de poesia na Sala Manoel de Oliveira, cheia, no Cinema S. Jorge. A minha guitarra não deu som durante uns 2 minutos que mais pareceram 2 horas. Motivo: knob de volume da guitarra estava no zero.
Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Dikajee, Gavin Harrison, Gleb Kolyadin e, já que sonho alto, Steven Wilson a produzir um trabalho de Amber Foil.
Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
O lendário Royal Albert Hall.
Qual o melhor concerto a que já assististe?
Snarky Puppy este ano.
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Pink Floyd - PULSE Tour 94.
Tens algum guilty pleasure musical?
No pouco tempo que tenho para ouvir música, opto sempre por ouvir algo que me preencha.
Projectos para o futuro?
Trabalhar/assinar com uma label estabelecida no mundo do rock progressivo actual.
Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Quão grande é a minha ambição para com Amber Foil? Infinita e incessável.
Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Obviamente, “Rejoice! I’m dead”.
Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Tal como habitual, guardamos o melhor para o fim, assim terminamos ao som do EP An Invitation, que se encontra disponível para escuta através da plataforma Bandcamp.
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