terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Conversas d'Ouvido com Billy Lobster

Entrevista com Billy Lobster, projecto one-man-band do músico Pavel Racu. Nascido na Moldávia, mudou-se na adolescência, de armas e bagagens para Portugal. Habitou-se à cidade de Lisboa e rendeu-se à música nacional e a nomes como Fast Eddie Nelson, Sam Alone e Frankie Chavez. Este cidadão do mundo, faz do blues e do rock a sua verdadeira casa. No ano passado lançou o debut, "Boogie On The Fly", e agora chega ao Ouvido Alternativo, para desvendar um pouco mais sobre si nesta edição das "Conversas d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Billy Lobster: Eu acho que nasci com isso. Não venho de uma família com grande tradição musical, mas lembro-me que com 5 ou 6 anos andava armado em roqueiro com uma vassoura a fingir que tocava guitarra. Também o meu pai achava que seria porreiro que o filho dele fosse tocar saxofone, por isso meteu-me na fanfarra da escola, tinha eu uns 8 ou 9 anos e como não se conseguiu encontrar um saxofone fiquei-me pelo clarinete. Já anos mais tarde quase que obriguei um amigo a ensinar-me a tocar a guitarra que eu lhe tinha “confiscado”. Mostrou-me 4 acordes e a partir daí ninguém me conseguiu parar.

Como surgiu o nome Billy Lobster?
Billy era a minha alcunha na moldávia, Lobster é a tradução directa do meu nome de família.

Como foi mudar para um país completamente diferente em plena adolescência?
Foi um grande choque ter chegado de uma aldeia para um país completamente novo numa cidade “gigante”. Lembro-me que estava a espera de encontrar edifícios espelhados enormes e quando cheguei ao largo da graça (em lisboa) com todos os edifícios velhos fiquei um bocado desiludido. Mas fui-me habituando à cidade e à maneira de estar das pessoas. Passei horas no miradouro da graça a contemplar a cidade.

Sentes que a Moldávia e Portugal estão presentes na tua sonoridade?
Penso que nenhum dos países tem uma grande tradição de blues, por isso acho que não têm grande influência na sonoridade que tenho ou tento atingir.

Continuas atento à música na tua terra natal? O que é que temos que ouvir, que eventualmente possamos não conhecer?
Eu costumo dizer que sou mais português que moldavo. Desde que cheguei a Portugal tive uma grande preocupação em integrar-me na sociedade, falar bem português e não ter o típico sotaque da malta do leste. Dito isto, não estou muito a par do que se faz na moldávia (que é um país ainda mais pequeno que portugal) mas podem dar uma vista de olhos numa banda chamada Gândul Mâţei ou Zdob şi Zdub (que são bandas que ouvi na minha adolescência).

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Um blues javardo.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Nem por isso, tudo o que faço acaba por estar ligado de uma forma ou outra à música.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Acho que fazer o que se gosta e viajar são duas das grandes vantagens. Desvantagens é que um músico hoje em dia é cada vez menos músico e mais designer, booking/PR agent, engenheiro de som, expert das redes sociais e por aí fora.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Essa é difícil! Os nomes que me estou a lembrar assim de repente são Scott H. Biram e Seasick Steve, mas há tantos outros!

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
No metro - spotify. Em casa ouço vinil. No carro normalmente CD’s.

Qual o disco da tua vida?
"Some Girls" dos Rolling Stones!

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Os últimos dois discos que me deixaram boquiaberto foram: "Nomad" de Bombino e "Sound & Color" dos Alabama Shakes.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Agora ando com a panca dos Monophonics. Principalmente o primeiro disco.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Foi no primeiro concerto da tour que fiz em 2014. Disse que estando sozinho em palco podia fazer o que quisessem, como por exemplo, tocar deitado. Como é óbvio o público pediu para tocar deitado. O resultado final foi um cabo partido e 10 minutos de pausa no concerto.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Fast Eddie Nelson, Sam Alone, Frankie Chavez entre muitos outros!

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Frankie Chavez!!!!

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Palco não diria, mas gostava muito de fazer um showcase na rádio KEXP onde descobri e continuo a descobrir imensa música nova.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Até à data - The Legendary Tigerman no lançamento do "TRUE".

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Buddy Guy!

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
B.B. King - "Live at the Regal".

Tens algum guilty pleasure musical?
Taylor Swift - "Shake It Off"

Projectos para o futuro?
Novo álbum! Novo projecto super hiper mega secreto que tenho estado a desenvolver nos tempos livres do billy com sonoridade completamente diferente que há de ver a luz do dia eventualmente.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta?
A entrevista é tão boa (parabéns!) que já não tenho perguntas que gostava que me fizessem!

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
"Revolution" dos Tedeschi-Trucks Band

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
"Pablo’s Blues" dos Gare du Nord.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Terminamos com o mais recente single de Billy Lobster, "Desert Song", extraído do disco de estreia, "Boogie on The Fly", editado no ano passado...

Sem comentários:

Enviar um comentário