segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Conversas d'Ouvido com GUACHE

Entrevista com GUACHE, duo brasileiro composto por Gil Fortes (IN-SONE) e Luciana Melo. Um casal unido pela música e por nomes como Thom Yorke, PJ Harvey e Björk. Baixo, bateria, guitarra, sintetizadores, um rock alternativo, entre a obscuridade e a luminosidade é a proposta do duo proveniente do Rio de Janeiro. Editaram este ano "O Que Vem", um disco que não é preto nem branco, pinta-se em tons de cinzento... e quem diria que podemos encontrar rara beleza no universo cinzento dos GUACHE? Antes de ouvirmos a sua música, "atravessamos" o Atlântico para os conhecermos melhor em mais um lançamento das "Conversas d'Ouvido"...   


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Gil (G): Nas minhas memórias mais remotas lembro que se ouvia muita música em família. Já estava acostumado. Mas a paixão, o encantamento senti pelo objeto que produzia som. Qualquer instrumento musical me encantava.
Lu (L): Com certeza foi antes... Mas que eu seja capaz de lembrar, foi a partir de uma coletânea em LP do Caetano Veloso que meu pai comprou na banca de jornal e que ouço desde os meus 5 anos.

Como surgiu o nome GUACHE?
Conversando, esbarramos nessa palavra, achamos sonora e rapidamente associamos a liberdade criativa das crianças do pré-escolar pintando com as mãos ao nosso processo de compor arriscando ideias.

Editaram recentemente o disco “O Que Vem”, para quem ainda não ouviu o que podemos esperar?
Uma sonoridade onde suavidade e crueza punk se equilibram e letras que trazem reflexões sobre autoconhecimento, efemeridade, decadência urbana, liberdade, força da arte e do acaso.

Juntos na vida e na música, vocês não se cansam um do outro (risos)?
Às vezes sim, mas as realizações compensam.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
Não nos vemos dentro de um estilo determinado. O próximo disco pode ser bem diferente. Kassin, produtor musical escreveu sobre o disco: O Que Vem mostra calma, é feito pra saborear sem pressa. (...) é um disco gótico tropical, tem uma melancolia pós punk mas tem também algo bastante carioca na sua essência, não o Rio de Janeiro para exportação, aquele Rio de Janeiro contemplativo de dias maravilhosos de chuva e cinza”. Adoramos essa leitura e simplificamos dizendo: Gótico Tropical Sem Pressa do Rio de Janeiro. Rock Alternativo talvez abrace tudo isso.

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
G: Arquitetura, Design e Artes Visuais adoro construir coisas, instrumentos musicais, móveis e projetar espaços...
L: Leitura.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem é também a maior desvantagem: trabalho e lazer se misturarem.

Quais as vossas maiores influências musicais?
Caetano Veloso, Gal Costa, Adriana Calcanhoto, Rita Lee, Angela Ro Ro, The Cure, UT, Siouxsie & The Banshees, The Smiths, Depeche Mode, Joy Division, Radiohead, PJ Harvey, Malaria!, Krisma, Cat Power, Björk, Deru...

Como preferem ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Adoramos vinil, mas o mais frequente é ouvirmos YouTube, MP3 e web rádio.

Qual o disco da vossa vida?
G: "Led Zeppelin IV"
L: "Thriller" do Michael Jackson

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
"Amok", Atoms For Peace.

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
Ike Yard.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Por enquanto nada embaraçoso aconteceu.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Thom Yorke

Para quem gostariam de abrir um concerto?
Atoms For Peace.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Almejamos tocar em todo e qualquer lugar onde estejam aqueles que possam curtir o nosso som.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
L: Air (Circo Voador/RJ)
G: Kraftwerk (Praça da Apoteose/RJ)

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
Seria The Fall, mas como não é mais possível, PJ Harvey.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
G: Qualquer um do Hendrix
L: Simon & Garfunkel no Central Park

Têm algum guilty pleasure musical?
Só temos proud pleasures musicais.

Projectos para o futuro?
Pensando num futuro próximo, tocar em Portugal e arredores entre Abril e Junho de 2018.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Ainda não criamos expectativas quanto a isso.

Que música de outro artista, gostariam que tivesse sido composta por vocês?
"Como Nossos Pais" do Belchior.

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
G: A que fosse cantada ou tocada espontaneamente.
L: P'ra mim, o silêncio é tudo.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Antes de terminarmos, ficamos ao som do disco "O Que Vem", editado no início deste ano e que se encontra disponível para escuta através da plataforma, Bandcamp.

Sem comentários:

Enviar um comentário