domingo, 11 de fevereiro de 2018

Conversas d'Ouvido com Tropea//

Entrevista com os Tropea//, banda lisboeta composta por Luís Vieira, João Cardoso e Hugo Hugon. Envoltos num certo secretismo, o mistério que os rodeia, torna a música ainda mais interessante. Descrevem o seu estilo como indie rock, mas são muito mais que isso, a sua sonoridade abrange o folk, o rock psicadélico e o indie pop criando um ambiente recheado de experimentalismo. Se ficaram curiosos, não podem perder este edição das "Conversas d'Ouvido", para desvendarem o segredo dos Tropea//...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Hugo (H): O meu irmão tinha mais de 5000 Cd's originais no meu quarto. Quando me ofereceram um  discman pelos 10 anos e fui autorizado a explorar, nunca mais parei.   
João (J): Por influência familiar.
Luís (L): Acho que foi nas igrejas, sempre gostei do som de órgão.

Como surgiu o nome Tropea//? Habitualmente não questionamos o significado dos nomes, apenas queremos saber como é que os mesmos surgem, no entanto temos muita curiosidade em perceber qual o simbolismo, se é que há algum, nos //?
TROPEA é o nome de uma cidade do sul de Itália, em 2014 uma rapariga convidou-me para ir lá ter com ela mas depois ela mudou de ideias, o nome ficou-me na cabeça, ela não. 
As duas barras estão para nós como o cabelo está para o Sansão, dão o poder, ai de quem não as usar quando se referir a nós (risos). Já agora lê-se "TRÓPÉA" e não "TRÓPIA" como já ouvimos, mas podem dizer "TROPEIA//" à portuguesa, menos mal.

Ao ouvirmos a vossa discografia notamos que a vossa sonoridade não é estanque e percorre diversas influências, como gostam de descrever o vosso estilo musical?
Sem pensar muito diria que tocamos Pop-Rock e "outros” (queremos agradar a gregos e a tropeanos (risos)

É impressão nossa ou existe um certo secretismo a envolver os Tropea//?
Sim, há um certo secretismo envolvido em romantismo. Primamos pela individualidade (não somos trendies, somos casuais). 

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
H: Mar e tudo o que o rodeia. Ler (mais do que ver). Física (sou engenheiro físico). Tenho paixão por demasiada coisa no geral.
J: Cinema, viajar, o típico.
L: Cidades, sou licenciado em urbanismo.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
H: Vantagem é poder criar, e ver essa criação ganhar uma vida própria. Tocar ao vivo é uma boa sensação. Desvantagem é ter que pagar pela nossa arte e divulgação da mesma, salvo excepções.
J: Como baterista a desvantagem é o transporte do material. A vantagem é mesmo criar algo e reproduzi-lo com paixão para as outras pessoas.
L: Quando estás a começar praticamente só há desvantagens e por isso tens de tomar muita "proteína" para vencer a adversidade. Quando fores respeitado… bem… aí deve haver muitas vantagens (ainda não chegamos lá).

Quais as vossas maiores influências musicais?
H: dEUS, Bob Dylan, Tom Waits, Elliot Smith, Pixies, J Mascis, Modest Mouse, Doors, Bowie, Pavement, Smashing Pumpkins, Rolling Stones, Beatles, Sonic Youth, Oasis, Stone Roses, Blur, Nick Cave, King Krule, My Bloody Valentine, Slowdive, Iggy Pop, Cocteau Twins, The Smiths, Ride, Motörhead, Nico, Velvet Underground, Beach Boys, Elvis, etc… etc…
J: Bués... é difícil dizer. É até injusto fazê-lo porque tanto posso passar meses quase só a ouvir jazz, e outros meses viciado em disco ou rap ou rock. 
L: Evito falar disso, para as pessoas não caírem na tentação de comparar. Sou bastante influenciado pela década de 90, e década de 2000.

Como preferem ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
H: K-7…
J: Vinil.
L: Vinil, mas não tenho prato.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
H: Não sei.
J: Não faço a mínima.
L: A matar

Qual o disco da vossa vida?
H: Não há.
J: Nao há. 
L: Não posso revelar o disco, mas existem muitos que adoro.

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
H: Maravilhado? Nenhum nos últimos anos.
J: Não sei, Consumo bué pouco do que se faz nos dias de hoje.
L: Além de não poder dizer o melhor, o "Indie Cindy" de Pixies é muito bom.

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
H: The Cairo Gang - "Tiny Rebels"
J: Ando numa de disco dos 70's. Sorry.
L: Nada como ouvir os clássicos, again and again. Esta década de 2010 a 2020 será a pior de sempre na historia da pop-rock até hoje.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
H: Chegar ao palco e perceber que me tinha esquecido da guitarra. Toquei com um banjo.
J: Perceber que estou a dar um gig merdoso. 
L: Parti uma corda no final da primeira música e não parei o concerto (não tinha outra guitarra)

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
H: Bob Dylan (só eu e o Bob). Hugo & Bob.
J: Pharoah Sanders. Mas não sei tocar jazz. Ía ser bonito.
L: Não gosto muito de parcerias na música, cada um na sua.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
H: Mac DeMarco. Parece-me ser um gajo divertido.
J: Yo la Tengo.
L: Que honra seria abrir para Pixies

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
H: Primavera Sound.
J: Coura.
L: Ambiciono tocar em Tropea ou numa praia em Ibiza no verão, tudo num casual top-less (risos)

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
H: Bruce Springsteen.
J: Não tenho.
L: Não posso revelar o melhor mesmo, mas o ultimo melhor que vi foi Kula Shaker em 2016.

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
H: Pavement.
J: Bué malta do jazz.
L: Gostava de ter visto Elliott Smith.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
H: Woodstock. Todos. A rebolar na lama.
J: Deve haver mais, mas concordo com o Hugo. 
L: Os primeiros de Floyd, e o de Stone Roses em Spike Island.

Qual o vosso guilty pleasure musical?
H: Está na moda dizer que é o "Toxic" da Britney Spears. O meu é todo o hard rock com bom azeite. Tiro daí muitas ideias. 
J: Acho que não tenho um artista, são mais músicas de artistas que normalmente não curto mas depois têm sons super bacanos, tipo o "Hot in Here" do Nelly, "Jenny From the Block" da J-Lo. Cenas assim... 
L: Gosto muito de ABBA (para muitos deve ser considerado um guilty, not for me)

Projectos para o futuro?
Continuar a gravar música (com ou sem ajuda), temos muita coisa em fila de espera (tipo impressora).

Que pergunta gostariam que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
H: Têm bilhetes para o vosso concerto no coliseu? Sim.
J: Não sei... 
L: Nunca pensei nisso

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
H: "Real Love" - Beatles.
J: Não penso nisso.
L: Apenas silêncio, tenho o sono leve (risos)

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Ficamos agora ao som dos Tropea// e do mais recente EP "The Owls Of The City Shake", editado em 2017 e que se encontra disponível para escuta e download, através da plataforma Bandcamp

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